Sociedade 5.0 vai desenhar o futuro
A afirmação é de Yoko Ishikura, professora emérita da Universidade Hitotshubashi (Tóquio) e consultora independente em estratégia global e talentos, em palestra de abertura no IT Forum 2019, realizado entre 17 a 21 de abril na Bahia. A especialista ressaltou que as empresas e sociedade vão ser impactadas pelo cenário disruptivo trazido pela Internet das Coisas (IoT), big data, blockchain, Inteligência Artificial (IA) e outras tecnologias, mas que é preciso colocar o humano como foco. Ela destacou que o conceito de Sociedade 5.0, termo cunhado no Japão, visa levar mais sentido para vida das pessoas por meio de tecnologia. “Afinal, tecnologia por si só não entrega valor. É por isso que temos de nos certificar de que as pessoas estão no centro”, disse a especialista durante a palestra. Yoko citou alguns exemplos da transformação digital com foco na Sociedade 5.0: o setor da logística pode utilizar robôs, carros autônomos e drones para otimizar a cadeia de suprimentos em prol das pessoas, assim como o setor financeiro pode disponibilizar serviços personalizados aos clientes, acelerando o acesso de pessoas ao sistema financeiro.
Conectividade é a chave para a transformação digital na sociedade
Não é de hoje que a tecnologia tem transformado as companhias, mas ela também tem papel fundamental para a sociedade. Para Laércio Albuquerque, presidente da Cisco Brasil, as empresas podem usar a Tecnologia da Informação (TI) para impactar positivamente as pessoas, principalmente as que não possuem acesso a direitos básicos garantidos. Na plenária “A TI em prol do ser humano”, no IT Forum 2019, o executivo citou como a conectividade pode ajudar famílias em situações de risco, como o Furacão Maria que atingiu Porto Rico em setembro 2017 ou até mesmo a tragédia de Brumadinho. “Em Brumadinho, os parentes dos desaparecidos precisam de conectividade para saber em tempo real informações sobre seus entes. Às vezes, a primeira coisa a se pensar é enviar dinheiro, comida e roupas — e é o certo a se fazer. Contudo, a conectividade também se encaixa nessa categoria prioritária”, disse. O desafio, segundo Albuquerque, é a colaboração de codificadores, programadores e técnicos de TI junto à sociedade sem que a competitividade entre as empresas crie um ambiente tóxico. “A ponte que une esses segmentos está quebrada, por isso cabe a um de nós erguer novamente essa conexão”, complementou.
Colaboração pode trazer valor para o blockchain
“Se você não tiver o mindset de colaboração, blockchain não é para você”, enfatizou Igor Freitas, superintendente de TI do Itaú, durante o IT Forum 2019. O executivo e Robert Baumgartner, CIO do TecBan, discutiram se o uso da tecnologia é para todos os setores e afirmaram que as empresas devem se questionar: há de fato uma necessidade de negócio para aplicar o blockchain? Os dois concluíram que a utilização da tecnologia gera uma ruptura do modelo de negócio e muda como as empresas se relacionam com seus clientes, já que é necessário um consenso de todas as partes para a aquisição de contratos inteligentes. “[O blockchain] tem que ter relações de confiança”, refletiu Freitas.
Segurança dos dados deve estar no centro dos negócios e soluções
E se a empresa não focar em segurança, além do prejuízo financeiro, é capaz de ter sua reputação manchada por conta de vazamento de dados. Para a empresa multinacional de auditoria e consultoria Ernst & Young (EY), um evento de quebra de segurança pode gerar perda de US$ 3,62 milhões (R$ 14 milhões) e o volume de dados comprometidos gerar US$ 1,9 bilhão (R$ 7,45 bilhões). No IT Forum 2019, Marcos Sêmola, sócio da EY, reforçou que a necessidade de proteção aos dados é um trabalho de constante “insônia”. “O desafio de proteger o ativo do nosso negócio é cada vez mais difícil, mais desafiador. [Os líderes] conhecem os efeitos colaterais dessa jornada de transformação digital […]. Eles enxergam os diferentes componentes físicos, tecnológicos, humanos e processuais e por causa disso, por seu entendimento, suas reações serão mais assertivas”, destacou Sêmola, que afirmou ainda que cibersegurança é obrigatória. Para o executivo, as empresas caminham para um momento em que a prevenção contra crimes cibernéticos não é mais opcional. “O produto tem que nascer com segurança.”
Mindfulness: como a rotina cria um piloto automático
Muito se fala em agilidade quando a discussão é transformação digital, mas como o CIO pode desacelerar em meio a um grande volume de dados? Solange Viana, sócia da Propósito Representação Consultoria e Treinamento, citou três pontos para que executivos desenvolvam a concentração: pausar, ouvir os próprios pensamentos e fazer um exercício de reflexão por alguns minutos. Durante workshop no IT Forum 2019, Viana comentou que a rotina gera um aumento na falta de atenção em tudo que o CIO faz e pensa. “Em média, passamos 47% do nosso tempo distraídos e o nível de atenção caiu de 12 para 8 segundos em apenas uma década”, explicou a especialista para depois ressaltar que levamos até 20 minutos para recuperar o foco após alguma dispersão. “Será que estamos ‘mind full’ (mente cheia) ou ‘mindful’ (atento)?”, questionou. A consultora explicou que o segredo é perceber como o executivo se relaciona como ele mesmo para que ele saiba lidar com todas as emoções que aparecem ao longo do dia. As dicas para os CIOs, segundo Solange Viana, são ouvir uma pessoa sem interrompê-la ou fazer pré-julgamentos por alguns minutos e exercícios de respiração – inspirar e expirar bem lentamente – antes de iniciar a rotina diária.
Crédito da imagem: IT Forum 2019/Divulgação