Um evento que reuniu lideranças da área de ensino e de tecnologia para discutir a influência da inovação tecnológica nos estudos. Assim foi o encontro Edtechs e as Escolas Públicas, promovido pela TeleSíntese, em parceria com a Momento Editorial. O encontro online reuniu líderes e também visionários do setor educacional, em um momento de compartilhamento de ideias e soluções capazes de transformar o setor da educação no Brasil.
A conexão de escolas rurais ainda é um dos grandes desafios do país, assim como a baixa conectividade e a qualidade do sinal. A opinião é de Marcos Pinheiro, membro do Conselho de Administração do Instituto Escola Conectada, que falou sobre os “Desafios de conectar escolas rurais à internet de alta velocidade” durante o evento. Ele apresentou o projeto da ONG Escolas Conectadas, que conecta gratuitamente escolas públicas de todo o Brasil à internet de alta velocidade.
Segundo ele, o projeto iniciou em 2021, e hoje já são 577 escolas e mais de 262 mil alunos conectados à internet. “Isso só aconteceu graças à parceria entre as secretarias de educação e os provedores parceiros locais, que absorveram os custos”, comentou.
A Starlink, por exemplo, empresa americana, adotou parte do projeto. “Conseguimos levar internet e satélites de baixa órbita a 190 escolas públicas de 6 municípios da região Norte. As escolas estavam totalmente desconectadas, longe de conectividade e malha de fibra, e levamos a conexão via satélite”, explicou. De acordo com Pinheiro, ao longo de 2023, a conectividade foi estabelecida nessas escolas. Ele cita que, entre os desafios enfrentados para a realização do projeto, a articulação local com secretarias de educação é essencial, assim como prever a logística para se manter o projeto do início ao fim. “Outra questão importante é a manutenção. Sem ela, não temos continuidade da conectividade”.
Instituto Claro e as iniciativas na educação de qualidade
Daniely Gomiero, diretora de DHO, Cultura e Sustentabilidade da Claro e VP de projetos do Instituto Claro, também participou do evento. Segundo ela, a educação é uma das áreas que mais precisam de atenção no Brasil e no mundo, assim como a cidadania. “O melhor disso é que são dois pontos trabalhados diariamente no Instituto Claro, o que demonstra e reafirma a preocupação do grupo com o futuro da humanidade. Para nós, a sustentabilidade é um valor que está contido num pilar social, ambiental e de governança”, apontou.
A especialista apresentou a missão do Instituto Claro de “conectar pessoas para um futuro melhor”, e contou que a instituição investe em projetos para promover a educação e a cidadania.
“A Claro tem parceiros e faz alianças estratégicas porque acredita que uma criança ou jovem em idade escolar deve ter acesso ao ensino de qualidade. Via iniciativa Trajetória de Sucesso Escolar (TSE), em 2023, 33 mil estudantes foram beneficiados com o programa do Instituto Claro. Temos uma parceria com a Unicef para beneficiar escolas públicas, para que a evasão escolar diminua”, contou. Ela ainda relatou o empenho do Instituto Claro em produzir conteúdos de qualidade voltados tanto para educação quanto para a cidadania, e o alcance que o programa tomou. “Todos os anos, batemos recordes de acessos de professores e alunos. Em 2023, foram mais de 5 milhões de páginas visualizadas, com planos de aulas, podcasts, reportagens, roteiros de estudos e vídeos”, exemplificou.
Daniela contou que essa outra forma de apoiar a educação brasileira só se tornou possível graças à evolução tecnológica. “Alcançamos estes altos índices graças à tecnologia. Significa que temos chegado mais longe, dado o tamanho do país, por meio da tecnologia. Então, alcançamos um número maior de público e falamos com essa fatia tão importante da comunidade, que são os professores”
O Instituto Claro ainda leva para as escolas espaços de conectividade para que alunos e professores tenham acesso à internet. A cidade do Rio de Janeiro conta com o programa Naves do Conhecimento, que são amparadas tecnologicamente e beneficiam mais de 356 mil pessoas com cursos de capacitação, oferecidos em espaços comunitários.
Outro projeto do Instituto Claro é o Escola Dupla, que apoia o ensino médio integrado ao técnico. Como resultado, já foram formados mais de 3.200 jovens técnicos em comunicações. “Durante o processo, mais de 50 alunos formados pela Escola Dupla foram contratados pela Claro e tiveram concretizada a oportunidade do primeiro emprego. Um projeto que tem evasão zero e 60% são meninas entrando no mercado da ciência e tecnologia, tornando-se técnicas após três anos de estudos. Ou seja, trazemos também a representatividade e a diversidade para o universo da ciência.”
O programa Claro Um Milhão de oportunidades também empregou mais de 3.400 jovens na Claro e empresas do grupo. “Participamos também do Pacto Nacional pela Juventude, em parceria com o Ministério do Trabalho, exatamente para darmos tração a este movimento”. O Instituto Claro entende que o jovem pode trilhar diversos caminhos, por isso cria programas e projetos que apoiam e incentivam os jovens em todo o Brasil.
Outras iniciativas na educação
Outro painel do evento Edtechs e as Escolas Públicas apresentou como tema a forma como os institutos privados podem contribuir para a educação no Brasil. Moderado por Rafael Bucco, editor do Tele.Síntese, o painel recebeu: Daniela Machado, coordenadora do Programa EducaMídia do Instituto Palavra Aberta; Daniely Gomiero, da Claro e do Instituto Claro; e Leonardo Lapa Pedreira, gerente de Educação Básica no Departamento Nacional do SESI.
Para Daniela Machado, a educação midiática proporcionada pelo EducaMídia tem a responsabilidade de combater a desinformação e desenvolver habilidades na produção de conteúdos. O programa criado pelo Palavra Aberta tem como intuito possibilitar que a população aproveite a liberdade de expressão com consciência e responsabilidade. O EducaMídia trabalha na formação de professores e, hoje, tem parceria com secretarias de educação de estados e municípios, além de manter ações com escolas públicas e privadas. “É preciso que a gente tenha acesso a conteúdos de qualidade, além de responsabilidade na distribuição dessa informação. Todos somos responsáveis pela produção e disseminação de conteúdos. E em uma era onde a tecnologia está tão desenvolvida, tudo acontece de forma muito rápida, por isso a importância de estudar e capacitar cada vez mais”, explicou. Para ela, além do acesso e das ferramentas, a educação tem papel fundamental para transformar o entorno e a comunidade. “À medida que vão aparecendo novas formas de alfabetização, o conceito de ensino precisa evoluir. Agora, temos novas redes, como as sociais, além das tradicionais, como rádio, televisão e outros meios de comunicação”, completou.
Daniely Gomiero destacou o poder das parcerias para a realização dos projetos de inclusão e educação. “Acreditamos muito na parceria. Por isso, nos cercamos de parceiros que têm know how e entendem tecnicamente dos assuntos para efetivarmos. Temos um desafio muito grande que é a extensão do território brasileiro. A quantidade de jovens e crianças que estão (ou deveriam estar) em sala de aula é muito grande. Precisamos de braços locais e é muito importante estabelecer essas relações de parceria”. Exemplo disso é o programa criado pelo Instituto Claro, Escola Dupla, que apoia o ensino médio integrado ao técnico, onde os jovens passam o dia na escola e têm além do ensino médio regular, aulas técnicas. Mas só se tornou viável no Rio de Janeiro, porque a Secretaria Estadual de Educação entendeu a grandiosidade do programa e apoiou. Após a integração com os professores, os alunos saem transformados dessa experiência”, apontou.
Para Leonardo Lapa Pedreira, do Sesi, muitas das peculiaridades locais do país moldam as políticas educacionais criadas pelo Sesi para no sentido de que elas sejam feitas pensando na adaptabilidade local. “Estar nos 27 estados nos ajuda a tentar incorporar essas aprendizagens locais em estratégias nacionais. Por isso as iniciativas, também do setor privado, são essenciais para contribuir com a educação nacional”. Segundo ele, quando se trata de evasão escolar, a taxa nacional é de 30% enquanto no Sesi esse índice não ultrapassa os 3%. “Quando falamos em evasão escolar de jovens e adultos, o índice nacional passa para quase 70% na rede pública e quando esses alunos entram para o sistema Sesi, a taxa de conclusão mais do que dobra. A grande questão é que nós temos soluções testadas em escala que podem ajudar a transformar a realidade do país”, completou.