Parceria Editorial
A pandemia acelerou a digitalização dos serviços de saúde no mundo inteiro. Só no Brasil, foram mais de 7,5 milhões de teleconsultas, envolvendo mais de 52 mil médicos no ano passado. Já nos Estados Unidos, os procedimentos online cresceram 38 vezes em 2021, segundo a consultoria McKinsey & Company. Isso foi possível graças a tecnologias como nuvem, mobilidade e conexões de alta velocidades, apoiadas também por sensores, dispositivos vestíveis e inteligência artificial. O segredo está na análise e interpretação de dados, que permite reduzir custos, antecipar diagnósticos de doenças e aumentar a qualidade de vida das pessoas.
A tecnologia foi fundamental no combate à covid-19, permitindo não só que pacientes tivessem mais comodidade e pudessem manter o distanciamento social, mas para evitar que outras doenças não impactassem ainda mais o setor de saúde. Passado o momento mais crítico da pandemia, o desafio agora é continuar evoluindo a saúde digital, como tratou episódio da minissérie de webinars Empresas Líquidas, produzido pelo The Shift em parceria coma Embratel.
Pandemia acelerou a digitalização em cinco anos
Filipe Mesquita, sócio do Boston Consulting Group (BCG), disse que a pandemia fez em um ano o processo de digitalização que levaria cinco em condições normais. Ele avalia que, apesar de ser um setor de alta tecnologia em razão dos remédios e dos equipamentos, ainda havia muito processo manual na jornada do paciente.
O uso de aplicativos para que um paciente possa gerenciar a própria saúde e o prontuário eletrônico foram algumas das evoluções. “A implementação de sensores também entrou nisso, gerando mais dados para o médico”, lembra ele. A expectativa de curto prazo é que seja possível capturar ainda mais dados para que o uso de inteligência artificial (IA) seja facilitado, gerando mais insights para ajudar a equipe médica a antecipar condições do paciente e também apoiar decisões mais assertivas.
Conectividade para a digitalização
Adriano Rosa, diretor executivo de Vendas da Embratel, defendeu que o papel de fornecedores de tecnologia é apoiar as empresas de saúde a se digitalizarem. Segundo ele, cabe âs companhias como a Embratel prover as ferramentas para que os usuários tenham a melhor jornada de atendimento, garantindo a segurança da informação em todo o processo.
Também depende das empresas de tecnologia garantir a conectividade de qualidade para que os processos ocorram da melhor forma possível, dando mobilidade para as operações. “Hoje já é comum usar relógios inteligentes, que trazem dados sobre os batimentos cardíacos do paciente, por exemplo. Mas com o 5G isso pode ir além”, disse, revelando apostar no monitoramento em tempo real do paciente via dispositivos vestíveis e também por equipamentos no próprio hospital, permitindo que equipes médicas em diferente locais troquem informações.
“O principal desafio é conectar as coisas e analisar os dados capturados para a tomada de decisão”, disse ele. O processo também passa pela capacitação da equipe médica e os profissionais estão voltando a estudar para entender como funciona a IA e poder confiar no seu uso em procedimentos.
Mesquita, do BCG, complementa que o potencial da inteligência artificial não está somente no apoio ao diagnóstico mais assertivo: é possível que a tecnologia seja inserida nos processos administrativos, como no preenchimento de dados do paciente. “De 30% a 40% do tempo da equipe médica é dedicado a processos administrativos, ao invés de focar no paciente”, disse.
O especialista defendeu que é hora de entender que a tecnologia é uma aliada. “A tecnologia em saúde sempre foi vista como custo e isso se refletia no preço dos serviços. Com Internet das Coisas (IoT) e IA, é possível que se aumente o cuidado com o paciente com mais eficiência e menos custo”. Segundo ele, isso é possível porque, além do paciente poder ser tratado remotamente, ele é direcionado para o melhor atendimento e evita o uso das salas e procedimentos de emergência.
O que já está sendo feito
A Dasa, uma empresa que gerencia diversos laboratórios e hospitais no Brasil, já tem utilizado dados de exames e de atendimento médico para prever determinadas situações de pacientes. Segundo Felipe Pontieri, diretor de TI da Dasa, a ambição da empresa é criar um ecossistema aberto que permita a qualquer médico ter acesso aos dados do paciente, sempre de forma autorizada e segura.
Pontieri entende que a medicina depende de tecnologia, mas o papel principal é da equipe médica. “Hoje, nossas enfermeiras não precisam acessar quatro telas diferentes para ter acesso às informações do paciente. Tudo está em uma única aplicação, incluindo os alertas que foram detectados por inteligência artificial”, disse.
Ele também avaliou que a IA não chega para substituir pessoas, e sim para dar mais informações e, principalmente, inteligência para agilizar os processos. A Dasa, por exemplo, já conta com uma plataforma de IA para verificar comprometimento de pulmão a com um raio-x.
O diretor de TI da Dasa ainda aponta outras tecnologias que farão a diferença no setor da saúde. Uma delas é a nuvem, que dá mais capacidade e elasticidade. Já o uso de IoT ainda é incipiente, mas a empresa procura por tecnologias que possam complementar a visão do paciente. Um exemplo está no projeto de etiquetas RFID no Hospital 9 de Julho, que otimiza o uso dos quartos.