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Turismo inteligente tem o potencial de transformar cidades

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Como elevar a experiência dos viajantes e promover inovações urbanas? Segundo especialistas, o turismo inteligente é uma estratégia que faz toda a diferença



Por Rose Guidoni em 09/09/2024

Em 2024, dez cidades brasileiras receberam a certificação DTI (Destino Turístico Inteligente) em Transformação: Foz do Iguaçu (PR), Goiânia (GO), Ponta Grossa (PR), Santos (SP), Joinville (SC), Vila Velha (ES), Fortaleza (CE), São Luís (PI), Gramado (RS) e Bonito (MS). Estes municípios, de acordo com Alessandra Bussador, Diretora de Inovação do Instituto de Tecnologia Aplicada e Inovação (ITAI), promoveram mudanças significativas, do ponto de vista tecnológico (mas com tecnologia aliada à inteligência), que resultaram na melhoria da experiência do turismo. 

E isso, segundo André Alliana, Secretário de Turismo de Foz do Iguaçu, acaba se refletindo em todos os âmbitos da cidade. “O turismo reforça a economia, abre oportunidades para novos empreendimentos, estimula a rede hoteleira e o setor de restaurantes”, por exemplo. 

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André Alliana (Foto: Reprodução/Connected Smart Cities via Flickr)

Alliana falou sobre sua experiência com o turismo inteligente em painel realizado durante o Connected Smart Cities, que aconteceu na capital paulista, nos dias 3 e 4 de setembro. “Além do turismo trazer benefícios econômicos, indiretamente também proporciona melhorias à cidade. Começam a surgir investimentos em segurança, infraestrutura e serviços para atrair visitantes. Em Foz, por exemplo, revitalizamos o Marco das Três Fronteiras, que antes era uma área degradada e insegura, e agora se transformou em um atrativo não apenas para os turistas, mas também para os moradores”, afirmou. 

Dados tornam o turismo mais inteligente

Durante o debate, João Del Nero, gerente de data analytics da Embratel, destacou que, segundo a Fecomércio, o turismo no Brasil cresceu 8%, consolidando a recuperação do setor pós-pandemia. “Esse é um indicador importante para a tomada de decisão, mas podemos ir mais além”, disse ele, apresentando o Claro Geodata.

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João Del Nero (Foto: Reprodução/Connected Smart Cities via Flickr)

A ferramenta baseia-se no monitoramento da movimentação das pessoas por meio de seus celulares. “Esse controle é totalmente anonimizado, não queremos saber onde o indivíduo está, mas sim se existe algum padrão de deslocamento. São dados totalmente estatísticos”, explicou. De acordo com Del Nero, isso é possível porque o Geodata identifica os IDs dos aparelhos, que são transformados em códigos. O sistema identifica sua movimentação de acordo com as antenas de telecomunicações.  

“O sistema já é usado em estudos de mobilidade urbana, e orienta investimentos em rodovias, aeroportos, entre outros”, afirmou, mencionando que é uma solução interessante para gestores de turismo. 

Antonio Andrade, head de Operações da Kido Dynamics, acrescentou que os dados obtidos pelo Geodata são complementares a outras informações. “Muitas vezes, os gestores de turismo não sabem quantas pessoas visitaram a cidade em determinadas épocas. A taxa de ocupação de hotéis é uma forma de se ter uma ideia disso, mas não é suficiente, pois muitas pessoas se hospedam em imóveis alugados, na casa de familiares ou apenas passam pela cidade sem pernoitar, o que não significa que não tenham visitado o local”, destacou. “Ter essas informações em mãos é importante para o planejamento de estratégias de turismo”. 

Antonio Andrade (Foto: Reprodução/Connected Smart Cities via Flickr)

Alliana, Secretário de Turismo de Foz do Iguaçu (cidade que começou a utilizar a plataforma do Geodata há cerca de três meses), destacou, ainda, que existem outras métricas usadas normalmente no turismo, como a chegada de pessoas por meio de aeroportos. “No entanto, não temos exatidão nestes números. Muitos argentinos e paraguaios que querem visitar o Nordeste brasileiro, por exemplo, atravessam a fronteira e embarcam em Foz, retornando depois para o mesmo aeroporto. Então, o número de chegadas de pessoas na cidade não quer dizer, necessariamente, que elas têm o município como destino”, ilustrou. Segundo ele, a Secretaria de Turismo e Projetos Estratégicos recentemente visitou o Panamá, para tentar trazer voos da Copa Airlines para a cidade de Foz do Iguaçu. “Em uma negociação destas, é importante termos dados o mais completos possível sobre o perfil turístico da cidade”, afirmou.

Análise de dados é diferencial

Mansur Abunasser Bassit, Gerente de Pesquisa do Observatório de Turismo e Eventos da SPTuris, está utilizando o Geodata para análise do turismo em São Paulo, e ressaltou que os dados são fundamentais, mas precisam ser usados com uma inteligência por trás. Para exemplificar, ele mostrou gráficos com a quantidade de visitantes recebidos em dois finais de semana distintos, no bairro paulistano da Liberdade, conhecido por sua colonização japonesa e bastante visitado em função da gastronomia e cultura típica.

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Da esquerda para a direita: Mansur Abunasser Bassit (de pé), André Alliana e João Del Nero – Foto: Reprodução/Connected Smart Cities via Flickr

“Na análise, podemos observar que no final de semana de 6 e 7 de julho o público foi bem maior em função do festival Tanabata Matsuri. Ou seja, não basta olhar a quantidade de visitantes se não considerarmos o contexto”, explicou, mencionando a importância disso para definição de ações para melhorar a mobilidade e a segurança local, entre outros. Segundo Bassit, esse tipo de análise é essencial para o planejamento de estratégias urbanas em dias de shows, jogos, eventos esportivos diversos. 

Segundo Andrade, o uso de dados no turismo não precisa se restringir a grandes cidades. “Destinos turísticos menores também podem se beneficiar da inovação”, apontou, acrescentando que o Geodata apresenta dados de mais de 7 bilhões de eventos diários, cobrindo mais de 85% do país, de forma ininterrupta. “Mas é importante pontuar que a ferramenta é uma das fontes de dados, sendo que nunca uma única fonte vai tornar o destino inteligente. Acreditamos no cruzamento e análise das informações”. 


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