No Futurecom Digital Series Indústria, convidados contam como pensaram em usar tecnologias emergentes para digitalizar operações e processos próprios e de seus clientes.
Na Indústria 4.0, tecnologias como computação em nuvem e edge computing (computação de borda) podem gerar diversos casos de uso. Porém, os desafios podem ser diferentes a depender da estratégia que uma empresa define para essa jornada.
Por exemplo: levar todas as operações para a nuvem ou apenas as mais críticas? Quais dados devem ser processados na borda ou centralizados em um ambiente cloud?
Independentemente de qual seja o objetivo das empresas da Indústria 4.0 com a nuvem, uma coisa elas têm em comum: sistemas legados. Então, como aproveitar a tecnologia para escalar seus negócios?
Essa pergunta foi respondida por 4 empresas participantes do Futurecom Digital Series Indústria. Executivos da Whirlpool, Mercedes-Benz, Furukawa e Natura & Co. foram convidados para contar um pouco de suas respectivas jornadas na transformação digital dentro da Indústria 4.0.
Confira, a seguir, depoimentos dos convidados:
Alessandro Malucelli, Industrial Engineering Sr. Manager da Whirlpool
“A Whirlpool está presente no Brasil com as marcas Brastemp, Consul, entre outras. Há anos buscamos não apenas a digitalização da indústria, mas, também, ser uma ponte com nossos consumidores e serviços prestados.
Sempre pensamos como levar um produto digital para o lar dos brasileiros. Recentemente, passamos a integrar o nosso chão de fábrica e nossos produtos com o time de TI para traduzir melhor as tecnologias que usamos.
Ou seja, com edge computing e computação em nuvem, buscamos estimular a excelência operacional do chão de fábrica, seja na produtividade, qualidade dos produtos, no custo da produção ou na segurança.
Há oito anos aplicamos tecnologias dentro de nossas máquinas e equipamentos. Porém, somente há três anos esses dispositivos foram integrados a uma rede e infraestrutura de TI para que os líderes do chão de fábrica tomassem decisões com agilidade.
A computação de borda é uma alavanca para esse suporte aos líderes, porque sabemos que a tecnologia pela tecnologia não agrega valor. Mas quando ela é parte de todo um ecossistema – da produção ao lar do consumidor — isso faz toda a diferença.
Ainda mais quando criamos duas grandes aplicações de arquitetura de TI para que os dados complexos coletados sejam processados mais próximos ao chão de fábrica, em tempo real e on-line.
Estamos neste momento: não olhamos somente para a tecnologia das máquinas, mas para a captura dos dados, para o armazenamento e uso desses dados na nuvem e como os tratamos para tomarmos decisões de forma mais avançada.”
Eduardo Ungaretti, IT Manager Enterprise Architecture, IT Infrastructure & Cybersecurity da Mercedes-Benz
“Em relação ao ecossistema de inovação, os competidores da Mercedes-Benz serão as empresas de TI, como Google e Apple, que começam a se inserir no mercado de veículos autônomos. Por isso, a transformação na Indústria 4.0 é necessária.
Entendemos que houve um boom nos últimos anos em relação à jornada para a nuvem, mas para as indústrias mais tradicionais, como a nossa, essa ação não é tão simples. Até porque, não iniciamos nossa estratégia com aplicações nativas em nuvem ou que se beneficiam da tecnologia.
Pelo contrário: temos sistemas legados de mais de 30 anos. Então, como levar nossos processos e operações para a nuvem sem causar rupturas nos negócios? Ainda mais quando temos que manter a disponibilidade do chão de fábrica.
O que podemos fazer é entender qual é o melhor modelo para cada tipo de situação. Vamos manter os processamentos na nuvem, perto das operações ou no data center? Isso ainda resulta em um questionamento sobre a conectividade.
Separamos grandes sistemas e processos em processos menores e independentes. Assim, fizemos testes de criticidade e latência para mapear o que vai para a nuvem e o que deve ser mantido no data center.
Também conseguimos perceber quais processamentos devem ser feitos na borda e qual tipo de informação pode ser centralizada e processada na nuvem, que mesmo exigindo capacidade computacional maior, não precisa nos entregar uma informação em tempo real.”
Flavio Marques, gerente da Engenharia de Aplicação da Furukawa
“A engenharia de aplicação na Furukawa é uma área voltada para levar soluções aos nossos clientes com a nossa estrutura. Nós temos o desafio de fazer conexão daquele data center que possui uma gama de serviços em nuvem, funcionalidades, inteligência e armazenamento.
Mas também, é um desafio fazer a ponte do transporte (de dados e conexão) dos data centers pequenos, das provedoras e também dos edge data centers – que podem estar dentro ou não das empresas. Tudo isso para chegar à indústria, no caso, às máquinas.
Na perspectiva de inovação, o que acontece na manufatura – e em outros mercados – é entender como manter o centro da nuvem até as bordas (ou acesso delas) integrados, e não de maneira isolada, porque se o transporte for isolado não conseguimos resolver problemas.
Sobre a questão de levar tudo ou parcial para a nuvem, temos um cliente do setor hospitalar que não tem nenhum data center dentro do hospital. O acesso, principalmente aos exames complexos – que são pesados, é feito via streaming.
É uma tecnologia que não exige muita banda, nem disponibilidade. Por outro lado, há hospitais com dois data centers redundantes que concentram toda a massa de informações. São aplicações diferentes e que vão depender do caso.
Eu digo isso porque, na perspectiva de infraestrutura em nuvem para a Furukawa, um centro de nuvem são diversos data centers conectados, e precisamos manter uniformidade, baixa latência e disponibilidade quando vamos conectá-los ou conectar o que há dentro deles.
Jorge Stakowiak, Diretor de TI Infraestrutura e Operações de Tecnologia da Natura & Co.
“A Natura & Co. virou um conglomerado de empresas – temos a própria Natura, a Avon, a Body Shop e Aeson. Então, a complexidade aumentou um pouco mais diante das diferentes realidades de cada uma dessas empresas.
Em relação à Natura, diante do que já foi comentado, há uma preocupação de como a gente junta o legado com o novo. Ou seja, com a nuvem, com a computação de borda, com a Internet das Coisas (IoT).
Apesar da integração entre essas tecnologias com a indústria, há a questão de custo, que precisa estar sempre no nosso radar. Mas a Natura tem uma estratégia assertiva: cloud e edge computing são tecnologias habilitadoras de novos negócios — e não somente uma questão técnica.
São elas que permitem darmos continuidade a essa roda de inovação de forma ágil, segura e com a possibilidade de escalar os negócios. Fazemos tudo isso e ainda levamos beleza para o mundo.
Toda essa jornada na nuvem começou em 2012, quando começamos a questionar se iríamos ou não para um ambiente cloud. Depois, a pergunta tornou-se ‘quando vamos?’. Atualmente, esta é uma realidade que faz com que a empresa que não estiver na nuvem fique fora do mercado.
Hoje temos uma série de aplicações e estruturas em nuvem, e quando falamos em edge computing, a temos no lado fabril e no e-commerce. Isso facilitou a digitização (quando, além dos dados, as estratégias e os processos são digitalizados) e digitalização das nossas revendedoras.
Porque, no fim das contas, também somos uma empresa de logística e a caixa precisa chegar até a casa dessas profissionais ao fim do dia.”
Principais destaques desta matéria
- Computação em nuvem e edge computing possibilitam empresas da Indústria 4.0 escalarem seus negócios e os dos clientes.
- Mas muitas podem encarar alguns desafios nessa jornada, como a quantidade de sistema legados.
- Confira o depoimento de quatro empresas ao Futurecom Digital Series Indústria sobre como inovaram suas operações com essas tecnologias.