Em todos os elos da cadeia de suprimentos, a agilidade na troca de informações é essencial. É essa velocidade que possibilita que o controle de estoques em armazéns seja eficiente, que as entregas aos clientes possam ser acompanhadas ponto a ponto, assim como trocas de mercadorias e logística reversa. Quem recebe um item em desacordo com sua compra, por exemplo, quer a troca rápida e sem atrito. Tanto vendedor quanto consumidor desejam que o processo seja ágil e assertivo. Além disso, ambos desejam acompanhar o processo, desde a saída do estoque até a casa do cliente.
Cada vez mais, o varejo demanda soluções logísticas que ofereçam não somente esse acompanhamento ponto a ponto, mas que também estejam interligadas a meios de pagamento e sistemas de gestão de estoques, garantindo a reposição e evitando rupturas.
Alinhada com as novas tendências e comportamentos de mercado, a inteligência artificial ganha papel relevante nisso, ao permitir a análise de grandes volumes de dados, viabilizando soluções como planejamento de rotas, melhor alocação de itens nos armazéns, gestão de prazos, entre outros. A IA, contudo, demanda conectividade. “Quando juntamos a inteligência artificial a uma conectividade veloz, os dados são processados dentro de um ramo neural que devolve informações precisas, em tempo real”, diz Daniel Feche, Head de Varejo para Soluções Digitais da Embratel.
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Em entrevista ao Próximo Nível, ele destacou a importância do 5G para os ganhos de escalabilidade e produtividade no setor logístico, além do desenvolvimento de estratégias de fidelização do consumidor. Confira os detalhes.
Quais são as tendências tecnológicas para o setor logístico?
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Nos últimos anos, a área de Supply Chain fez grandes investimentos em hardware e em ativos físicos, como armazéns, áreas alfandegárias, caminhões, prateleiras, entre outros. Agora, para os próximos cinco anos, o grande investimento deverá ser na parte de software.
Então, as empresas saem de hardware e vão para software, com todas as necessidades de atualizações desses sistemas, e o que vai garantir a funcionalidade disso é a tecnologia 5G, em função de sua latência menor, para transmissão de informações atualizadas em tempo real.
Como você chegou a essas conclusões?
Neste ano, em março, acompanhamos a Intermodal, maior feira do setor logístico da América Latina, que contou com mais de 43 mil visitantes e 500 marcas expositoras. Várias frentes do setor logístico estiveram presentes, incluindo a parte de tecnologia, e pudemos comprovar essa tendência. Eu diria que o grande tema do evento, “a cereja do bolo”, foi a inteligência artificial.
Os principais debates abordaram temas como meios de usar a inteligência artificial a favor do negócio, como ganhar escala com a IA e como melhorar as condições logísticas. Mas, como posso melhorar e fazer o melhor entendimento da minha cadeia de distribuição? O primeiro ponto que temos que lembrar é a vasta extensão territorial do Brasil, com regiões bastante carentes. Com a nova realidade do varejo o cliente está cada vez mais exigente e preza por atendimento de qualidade independente de sua localização. O aumento significativo da capilaridade de atendimento força o varejo a buscar soluções complementares que garantam a satisfação, fidelidade e recorrência do consumidor. Mercadorias perecíveis, fora de dimensões padrões entre outras exceções precisam ser levadas em conta para transportes ágeis e combinados com outros tipos de mercadoria. Através da análise de dados massivos e entendimento real do comportamento desse consumidor as empresas conseguem ganhos operacionais e financeiros ao otimizar todo o processo da Cadeia de Distribuição, desde a demanda e compra até a entrega da mercadoria ao seu cliente final. Cada etapa desse processo conta não somente em tempo como em retorno financeiro ao resultado do varejo.
De que forma?
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A IA pode ajudar na análise de dados que mostrem, por exemplo, a necessidade de ter um local para armazenamento mais próximo de onde estão os consumidores, e ainda viabilizar a gestão de estoques. As soluções são as mais diversas e a inteligência artificial está atuando em diferentes camadas. Nos sistemas de gestão, temos o ERP (gestão de compras/empresarial), o WMS (gestão de armazéns) e o TMS (que faz a interação com a distribuição e roteirização). Essas soluções fazem parte do portfólio da Embratel, e conseguimos torná-las mais robustas agregando inteligência e big data analytics. Essa foi uma discussão presente em inúmeros fóruns da Intermodal e que já se mostra uma preocupação relevante do mercado varejista.
A inteligência artificial também vai ajudar a prever tendências, entendimento do comportamento do consumidor, demandas de abastecimento de lojas e estoques e ciclo de vida de cada produto, de forma a garantir a oferta e reposição. Isso permite que as empresas tenham o produto certo, para o cliente certo, no momento certo.
A tecnologia também traz maior inteligência para as entregas?
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Sim, sem dúvida. A reposição rápida também bate em outro ponto fundamental para a logística, que é a roteirização. É preciso otimizar essa operação, e a IA consegue fazer isso com um olhar abrangente, mostrando onde está a demanda e estabelecendo o melhor caminho para cada transportador.
Todas essas decisões podem ser baseadas a partir dos dados da inteligência artificial, que mostram como é o potencial de consumo de cada local, qual o tipo de mercado que existe ali, como esse cliente em específico se comporta em determinadas datas, se é um produto sazonal ou com giro o ano todo, entre vários outros detalhes. Então, a IA vai trabalhar nestes três motores, potencializando as funcionalidades do ERP, WMS e TMS.
Isto otimiza as importações e exportações também?
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Exato. Essa integração, que inclui os produtos que vêm de fora (ou vão para fora) do país, é muito importante para o equilíbrio, previsibilidade e ações das empresas. Em caso de importações, é possível acompanhar o processo de coleta, de embarque, alfândega, validações fiscais, entre outros. Não podemos nos esquecer também que a automação trará benefícios às tratativas de certificados fiscais e autorizações governamentais, permitindo o melhor planejamento por parte das empresas.
Então, a IA contribui para maior previsibilidade?
Sim, porque os dados mostram, de forma robusta, todo o processo de coleta, embarque, alfândega, autorizações, certificados, entre outros. A IA alimenta sistemas que incluem roteirização de processos, previsibilidade de abastecimento, reposição e formas de escalar o negócio de acordo com o perfil dos clientes.
Hoje, ainda muitos operadores logísticos trabalham de forma manual. Isso significa que, aqueles que conseguirem adotar ferramentas tecnológicas, ganharão vantagem competitiva. Existe uma oportunidade muito grande com o 5G, com cloud computing e soluções de IA para o varejo. Na Intermodal, também percebemos uma participação relevante do agro, no sentido de entender as novas tecnologias para atender a novos mercados. Lembrando, claro, que todo o objetivo das novas tecnologias é promover otimização financeira.
Como a tecnologia pode melhorar o retorno financeiro das empresas?
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Além de contribuir para melhores escolhas, baseadas em dados, ela melhora a visibilidade, por meio da automação, além de mudar os objetivos da equipe, que, antes eram operacionais, mas com o uso de IA se tornam mais estratégicos.
Todas as oportunidades logísticas esbarram nas experiências do cliente. Então, a cadeia tem de fazer isso acontecer. Desde a decisão por tipos de produtos, quantidade em estoques, prazos de entrega… existe um verdadeiro exército, cada vez mais eficiente, por trás de uma operação de compra e venda, garantindo a conversão e o sucesso de experiência do cliente.
Você falava sobre a relevância da conectividade para o sucesso destas novas ferramentas…
O cliente corporativo traz essa demanda de conectividade, especialmente com o 5G, em toda a cadeia de suprimentos, o que envolve desde armazéns até lojas físicas e online. É por isso que um de nossos objetivos é ampliar e garantir a conectividade em várias regiões do país, especialmente quando falamos em produtos do varejo e do agronegócio. Nesse aspecto, incluímos também rodovias e ferrovias inteligentes, que possam acompanhar o deslocamento de mercadorias em todo o território nacional, de forma segura e ágil.
O Brasil é um dos principais exportadores globais de carne, mas a rastreabilidade de toda a cadeia produtiva tem sido cada vez mais exigida pelos compradores. Isso significa que a tecnologia precisa mostrar que a pecuária não veio de áreas de desmatamento, que foram adotadas boas práticas e que produtos específicos (como carne kosher/halal) estão sendo produzidos e manipulados de forma correta, em todos os elos da cadeia.
Em relação ao 4G, padrão de conectividade anterior, quais os diferenciais do 5G?
A baixa latência e a velocidade, como comentei, são fundamentais para um setor tão dinâmico quanto o varejo. O 5G traz esse diferencial para que todos estes processos se tornem mais eficientes, especialmente pela velocidade de resposta.
A menor latência habilita melhores respostas nas pontas. E isso não ocorre somente na logística. Uma vez que todas as regiões conseguem receber e fornecer dados em tempo real, com velocidade, todos os mercados e áreas são beneficiados. Um exemplo é na saúde, com a melhoria dos diagnósticos.
Quais são os próximos passos do setor logístico?
A agilidade de processamento é uma das coisas em que constatamos um crescimento relevante em 2024. Enfim, acreditamos que a coleta de informações, a agilidade e o gerenciamento remoto vão crescer de forma significativa com o 5G. O próximo nível será a chamada “última milha”, com o cliente tendo acesso à todas as informações referente ao seu processo de compra, com transparência, agilidade e precisão operacional em tempo real.