5g ia logistica

5G e IA estão levando a logística ao próximo nível

6 minutos de leitura

Daniel Feche, da Embratel, explica como a nova conectividade suporta as aplicações de inteligência artificial para que a cadeia de suprimentos trabalhe com informações precisas e em tempo real



Por Rose Guidoni em 15/05/2024

Em todos os elos da cadeia de suprimentos, a agilidade na troca de informações é essencial. É essa velocidade que possibilita que o controle de estoques em armazéns seja eficiente, que as entregas aos clientes possam ser acompanhadas ponto a ponto, assim como trocas de mercadorias e logística reversa. Quem recebe um item em desacordo com sua compra, por exemplo, quer a troca rápida e sem atrito. Tanto vendedor quanto consumidor desejam que o processo seja ágil e assertivo. Além disso, ambos desejam acompanhar o processo, desde a saída do estoque até a casa do cliente. 

Cada vez mais, o varejo demanda soluções logísticas que ofereçam não somente esse acompanhamento ponto a ponto, mas que também estejam interligadas a meios de pagamento e sistemas de gestão de estoques, garantindo a reposição e evitando rupturas. 

Alinhada com as novas tendências e comportamentos de mercado, a inteligência artificial ganha papel relevante nisso, ao permitir a análise de grandes volumes de dados, viabilizando soluções como planejamento de rotas, melhor alocação de itens nos armazéns, gestão de prazos, entre outros. A IA, contudo, demanda conectividade. “Quando juntamos a inteligência artificial a uma conectividade veloz, os dados são processados dentro de um ramo neural que devolve informações precisas, em tempo real”, diz Daniel Feche, Head de Varejo para Soluções Digitais da Embratel.

Daniel Feche

Em entrevista ao Próximo Nível, ele destacou a importância do 5G para os ganhos de escalabilidade e produtividade no setor logístico, além do desenvolvimento de estratégias de fidelização do consumidor. Confira os detalhes.

Quais são as tendências tecnológicas para o setor logístico?

5g ia logistica

Nos últimos anos, a área de Supply Chain fez grandes investimentos em hardware e em ativos físicos, como armazéns, áreas alfandegárias, caminhões, prateleiras, entre outros. Agora, para os próximos cinco anos, o grande investimento deverá ser na parte de software. 

Então, as empresas saem de hardware e vão para software, com todas as necessidades de atualizações desses sistemas, e o que vai garantir a funcionalidade disso é a tecnologia 5G, em função de sua latência menor, para transmissão de informações atualizadas em tempo real.

Como você chegou a essas conclusões?

Neste ano, em março, acompanhamos a Intermodal, maior feira do setor logístico da América Latina, que contou com mais de 43 mil visitantes e 500 marcas expositoras. Várias frentes do setor logístico estiveram presentes, incluindo a parte de tecnologia, e pudemos comprovar essa tendência. Eu diria que o grande tema do evento, “a cereja do bolo”, foi a inteligência artificial. 

Os principais debates abordaram temas como meios de usar a inteligência artificial a favor do negócio, como ganhar escala com a IA e como melhorar as condições logísticas. Mas, como posso melhorar e fazer o melhor entendimento da minha cadeia de distribuição? O primeiro ponto que temos  que lembrar é a vasta extensão territorial do Brasil, com regiões bastante carentes. Com a nova realidade do varejo o cliente está cada vez mais exigente e preza por atendimento de qualidade independente de sua localização. O aumento significativo da capilaridade de atendimento força o varejo a buscar soluções complementares que garantam a satisfação, fidelidade e recorrência do consumidor. Mercadorias perecíveis, fora de dimensões padrões entre outras exceções precisam ser levadas em conta para transportes ágeis e combinados com outros tipos de mercadoria. Através da análise de dados massivos e entendimento real do comportamento desse consumidor as empresas conseguem ganhos operacionais e financeiros ao otimizar todo o processo da Cadeia de Distribuição, desde a demanda e compra até a entrega da mercadoria ao seu cliente final. Cada etapa desse processo conta não somente em tempo como em retorno financeiro ao resultado do varejo.    

De que forma?

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A IA pode ajudar na análise de dados que mostrem, por exemplo, a necessidade de ter um local para armazenamento mais próximo de onde estão os consumidores, e ainda viabilizar a gestão de estoques. As soluções são as mais diversas e a inteligência artificial está atuando em diferentes camadas. Nos sistemas de gestão, temos o ERP (gestão de compras/empresarial), o WMS (gestão de armazéns) e o TMS (que faz a interação com a distribuição e roteirização). Essas soluções fazem parte do portfólio da Embratel, e conseguimos torná-las mais robustas agregando inteligência e big data analytics. Essa foi uma discussão presente em inúmeros fóruns da Intermodal e que já se mostra uma preocupação relevante do mercado varejista. 

A inteligência artificial também vai ajudar a prever tendências, entendimento do comportamento do consumidor, demandas de abastecimento de lojas e estoques e ciclo de vida de cada produto, de forma a garantir a oferta e reposição. Isso permite que as empresas tenham o produto certo, para o cliente certo, no momento certo. 

A tecnologia também traz maior inteligência para as entregas?

Sim, sem dúvida. A reposição rápida também bate em outro ponto fundamental para a logística, que é a roteirização. É preciso otimizar essa operação, e a IA consegue fazer isso com um olhar abrangente, mostrando onde está a demanda e estabelecendo o melhor caminho para cada transportador. 

Todas essas decisões podem ser baseadas a partir dos dados da inteligência artificial, que mostram como é o potencial de consumo de cada local, qual o tipo de mercado que existe ali, como esse cliente em específico se comporta em determinadas datas, se é um produto sazonal ou com giro o ano todo, entre vários outros detalhes. Então, a IA vai trabalhar nestes três motores,  potencializando as funcionalidades do ERP, WMS e TMS. 

Isto otimiza as importações e exportações também?

Exato. Essa integração, que inclui os produtos que vêm de fora (ou vão para fora) do país, é muito importante para o equilíbrio, previsibilidade e ações das empresas. Em caso de importações, é possível acompanhar o processo de coleta, de embarque, alfândega, validações fiscais, entre outros. Não podemos nos esquecer também que a automação trará benefícios às tratativas de certificados fiscais e autorizações governamentais, permitindo o melhor planejamento por parte das empresas.

Então, a IA contribui para maior previsibilidade?

Sim, porque os dados mostram, de forma robusta, todo o processo de coleta, embarque, alfândega, autorizações, certificados, entre outros. A IA alimenta sistemas que incluem roteirização de processos, previsibilidade de abastecimento, reposição e formas de escalar o negócio de acordo com o perfil dos clientes.

Hoje, ainda muitos operadores logísticos trabalham de forma manual. Isso significa que, aqueles que conseguirem adotar ferramentas tecnológicas, ganharão vantagem competitiva. Existe uma oportunidade muito grande com o 5G, com cloud computing e soluções de IA para o varejo. Na Intermodal, também percebemos uma participação relevante do agro, no sentido de entender as novas tecnologias para atender a novos mercados. Lembrando, claro, que todo o objetivo das novas tecnologias é promover otimização financeira.

Como a tecnologia pode melhorar o retorno financeiro das empresas?

Além de contribuir para melhores escolhas, baseadas em dados, ela melhora a visibilidade, por meio da automação, além de mudar os objetivos da equipe, que, antes eram operacionais, mas com o uso de IA se tornam mais estratégicos.

Todas as oportunidades logísticas esbarram nas experiências do cliente. Então, a cadeia tem de fazer isso acontecer. Desde a decisão por tipos de produtos, quantidade em estoques, prazos de entrega… existe um verdadeiro exército, cada vez mais eficiente, por trás de uma operação de compra e venda, garantindo a conversão e o sucesso de experiência do cliente.

Você falava sobre a relevância da conectividade para o sucesso destas novas ferramentas…
O cliente corporativo traz essa demanda de conectividade, especialmente com o 5G, em toda a cadeia de suprimentos, o que envolve desde armazéns até lojas físicas e online. É por isso que um de nossos objetivos é ampliar e garantir a conectividade em várias regiões do país, especialmente quando falamos em produtos do varejo e do agronegócio. Nesse aspecto, incluímos também rodovias e ferrovias inteligentes, que possam acompanhar o deslocamento de mercadorias em todo o território nacional, de forma segura e ágil.

O Brasil é um dos principais exportadores globais de carne, mas a rastreabilidade de toda a cadeia produtiva tem sido cada vez mais exigida pelos compradores. Isso significa que a tecnologia precisa mostrar que a pecuária não veio de áreas de desmatamento, que foram adotadas boas práticas e que produtos específicos (como carne kosher/halal) estão sendo produzidos e manipulados de forma correta, em todos os elos da cadeia.

Em relação ao 4G, padrão de conectividade anterior, quais os diferenciais do 5G?

A baixa latência e a velocidade, como comentei, são fundamentais para um setor tão dinâmico quanto o varejo. O 5G traz esse diferencial para que todos estes processos se tornem mais eficientes, especialmente pela velocidade de resposta.

A menor latência habilita melhores respostas nas pontas. E isso não ocorre somente na logística. Uma vez que todas as regiões conseguem receber e fornecer dados em tempo real, com velocidade, todos os mercados e áreas são beneficiados. Um exemplo é na saúde, com a melhoria dos diagnósticos. 

Quais são os próximos passos do setor logístico?

A agilidade de processamento é uma das coisas em que constatamos um crescimento relevante em 2024. Enfim, acreditamos que a coleta de informações, a agilidade e o gerenciamento remoto vão crescer de forma significativa com o 5G. O próximo nível será a chamada “última milha”, com o cliente tendo acesso à todas as informações referente ao seu processo de compra, com transparência, agilidade e precisão operacional em tempo real. 



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