A transformação nunca acaba

A transformação nunca acaba

3 minutos de leitura

A colunista Cristina De Luca debate sobre transformação digital e o que as empresas estão fazendo para se manterem competitivas no mercado.



Por Redação em 05/03/2020

Muita coisa mudou desde que a ideia de “transformação digital” surgiu. Líderes empresariais e tomadores de decisão não apenas se acostumaram a ela, como passaram a promover e apoiar ações para garantir que suas empresas se tornassem mais digitais.

No entanto, um novo estudo da PwC – “2020 Global Digital IQ. Payback ahead. Take charge of your business” – descobriu que apenas 5% das empresas estão fazendo tudo o que é preciso para obter o retorno pretendido.

A consultoria entrevistou 2.380 executivos em todo o mundo e pediu que classificassem o “QI digital” de suas organizações em uma escala de 1 a 100. A resposta média foi de 55,8. Curiosamente, menor que os resultados obtidos em 2015 e 2018, quando as respostas médias para a mesma pergunta foram 71,8 e 65,6, respectivamente.

Não. Isso não significa que as empresas pioraram. O que vem acontecendo é uma mudança de percepção sobre o processo de transformação digital. “Mais empresas estão descobrindo que o digital é maior e mais amplo do que imaginavam. Consequentemente, o nível de confiança em dominá-lo está diminuindo”, explica David Clarke, diretor global de experiência da PwC. O que também não é ruim, porque a nova mentalidade as obriga a permanecerem vigilantes.

Outro dado curioso é que apenas 25% dos entrevistados acreditam que a transformação digital “nunca” será concluída, mesmo estando cada vez mais claro que a transformação digital é uma jornada infinita, incorporada cada dia um pouco mais ao cotidiano das empresas.

Sempre haverá uma nova tendência, um novo comportamento, uma nova tecnologia, coisas que poderão ser melhoradas no negócio… Em termos de tecnologia de ponta, por exemplo, os executivos participantes do estudo classificaram a RPA (automação de processo robótica) em primeiro lugar, com 36%; seguido por IoT (25%); IA (19%); e blockchain (9%). Esses índices mudam quando perguntados sobre o que será necessário no futuro, com 42% citando a IA, seguidos pela IoT (21%); blockchain (11%); e RPA (9%).

Além disso, as necessidades de aprimorar a experiência do cliente, ou a presença de marca, a eficácia de vendas e marketing, e a eficiência operacional, continuarão a impulsionar o investimento no digital.

“Aceite o fato de que a Transformação Digital não tem uma data de início e fim”, diz o estudo da PwC. Ao fazer isso, será possível reformular seus desafios, armar seu pessoal com as ferramentas necessárias para se adaptar e inovar e desenvolver maneiras de navegar e criar oportunidades a partir das mudanças digitais em andamento.

Como? Um bom caminho é aprender com as empresas vencedoras e identificar o que seus executivos estão fazendo certo. Como estão conseguindo expandir as receitas, promover a inovação, dinamizar as operações e efetivamente, melhorar a experiência do cliente em sua jornada de transformação.

A PwC aponta quatro grandes acertos, comuns aos 5% que já estão obtendo retorno de seus investimentos e iniciativas digitais, batizados de Transcenders: eles estão transformando visão em ação; investindo para expandir os negócios, não apenas para cortar custos; transformando as pessoas em seu ativo mais importante; e construindo uma cultura de resiliência, baseada no pensamento de que a mudança é constante. “A resiliência requer persistência e a visão de navegar através de mudanças significativas”, diz o relatório.

Importante: a maioria dos Transcenders não teme a extinção. Segundo a PwC, os negócios mais bem-sucedidos são aqueles que não apenas imaginam mudanças, como também endossam a mudança por meio de um planejamento elaborado e de longo prazo. Um discurso há muito incorporado pelos líderes, mas ainda pouco praticado.

Um desafio único da Transformação Digital é que muitas vezes requer muitas mudanças acontecendo em paralelo. O que requer bem mais do que derrubar barreiras e silos. Exige que a empresa mergulhe profundamente nos processos, produtos e tecnologias que não estão funcionando. “Isso deixará algumas pessoas desconfortáveis. Por isso envolva-as logo no início. Envolva todos, em todas as áreas da empresa, com estratégias e direção”, aconselha a PwC aos executivos.

Nada do que foi dito acima deve ser uma grande novidade para você, a não ser o fato de que embora você já não aguente mais falar em transformação digital, talvez você e sua empresa ainda não tenham a compreendido em toda a sua extensão. Encará-la como o objetivo final de uma jornada é um grande erro.

Transformação digital é hoje sinônimo de inovação constante. E como tal, exige um ecossistema de tecnologia flexível e escalável, que possa acompanhar, constantemente, o ritmo das mudanças.

Quando você ouve que mais de 60% das mudanças fracassam e que apenas 5% das transformações digitais atendem ou excedem as expectativas, pode ser tentador, como líder, pensar: “Vou ficar de fora dessa.” Mas a transformação digital toca o cerne do que mantém uma empresa viva – sua relevância.

Nesse contexto, o papel dos líderes continuará a ser, por muitos anos, antecipar o potencial disruptivo da tecnologia digital para o seu negócio. Até que o digital perca relevância para algo ainda mais disruptivo… Ops… Pensou em quântico, não foi?!?!



Matérias relacionadas

ia sem controle Inovação

Ganhadores do Nobel temem ameaça de IA sem controle

Para cientistas, a tecnologia pode levar a limites indesejáveis, colocando em questão a capacidade humana de controle

uso de ia generativa Inovação

Brasil supera grandes economias no uso de IA generativa

Estudo aponta que 57% dos brasileiros já utilizaram IA generativa, superando EUA, Alemanha, França e outros países

impacto ambiental da ia Inovação

Impacto ambiental da IA é pauta mundial

Em função da diversidade de fontes energéticas, Brasil pode oferecer alternativas sustentáveis para o setor

digitalizacao da saude Inovação

Estudo aponta avanços na digitalização da saúde

A pesquisa revelou que 92% dos estabelecimentos de saúde no Brasil possuem sistemas eletrônicos para registrar informações