Febraban Tech 2024 Febraban Tech 2024
Da esquerda para a direita: João Borges, Marcelo Noronha, Mario Leão, Milton Maluhy e Carlos Vieira (Foto: Divulgação – Febraban Tech)

Abertura da Febraban Tech destaca uso da IA pelos bancos

4 minutos de leitura

Presidente da Febraban e dos bancos incumbentes contam como a tecnologia vem transformando a maneira de fazer negócios



Por Roberto Francellino em 25/06/2024

Com o tema “A Jornada Responsável na Nova Economia da IA”, o presidente da Febraban, Isaac Sidney, abriu a Febraban Tech 2024, no Transamérica Expo, em São Paulo (SP). O executivo ressaltou o impacto transformador da Inteligência Artificial na sociedade e na economia, destacou o open finance, pix e drex como grandes drivers do impacto do sistema bancário na vida das pessoas. Além disso, enfatizou a importância da nuvem, governança de dados e cibersegurança para a transformação dos negócios dessas instituições.

“Estamos vivendo uma era extraordinária, e ganha cada vez mais relevo o impacto transformador da IA na sociedade e economia. Essa tecnologia está definindo a economia e a interação humana com o mundo, mas é preciso que ela seja usada com ética e com vistas a promover o bem-estar das pessoas”, alertou o executivo.

No painel de abertura, os presidentes dos principais bancos do país contaram como a inteligência artificial modificou diversos aspectos do dia a dia das instituições. Um dos usos mais citados foi o da IA generativa (GenAI) para produção de códigos-fontes para programação de produtos e serviços. Outro uso bastante mencionado foi a aplicação de ferramentas com uso de IA no atendimento ao cliente, análise de crédito e até mesmo para a concessão de benefícios e créditos para pessoas e empresas atingidas pelo desastre climático no Rio Grande do Sul.

Marcelo Noronha, diretor-presidente do Bradesco

O diretor-presidente do Bradesco, Marcelo Noronha, contou que a instituição usa a tecnologia desde o ano 2000, quando começou a ensinar o Watson, da IBM, a “falar” português. Mas a aplicação mais revolucionária foi o desenvolvimento da Bia, a inteligência artificial do banco, primeiramente restrita a funcionários e depois expandida para a base de clientes. No segundo semestre deste ano, o banco pretende iniciar os testes com a Bia GenAI com um público de 600 clientes.

Na Caixa, único banco público representado na abertura do evento, a IA foi usada no atendimento aos clientes atingidos pelas chuvas do Rio Grande do Sul. Em 30 dias, o banco realizou 3,2 milhões de atendimentos de programas sociais no estado. Nesse caso, a IA foi utilizada em conjunto com a biometria para o reconhecimento de clientes que haviam perdido todos os documentos. O diretor-presidente do banco, Carlos Vieira, contou que o uso da tecnologia foi legitimado depois que ela foi usada no processo de auditoria pela primeira vez no banco.

Carlos Vieira, diretor-presidente da Caixa

“Isso nos credenciou para usar a inteligência artificial em melhorias diversas, seja de processo, seja no atendimento aos clientes. Por exemplo, um dossiê de crédito imobiliário que levava 3 dias para ser feito passou a ser feito em 3 horas. Com isso, geramos uma economia de quase R$ 1 milhão por dia”, relatou o executivo.

Já o Itaú vê a IA como um meio para gerar valor para o cliente. O diretor-presidente do banco mencionou como exemplos a maior resolutividade na interação entre o banco e seus clientes e a maior eficiência na operação. Atualmente, o banco tem mais de 250 projetos de IA, que são liderados diretamente pelas áreas de negócio, o que já representa uma mudança em relação a alguns anos atrás, quando projetos tecnológicos eram liderados de forma centralizada.

Milton Maluhy Filho, diretor-presidente do Itaú

“Não acredito em um modelo centralizado que cuida da tecnologia. A IA já faz parte do negócio, é um aprendizado constante que vai permitir a criação de novos modelos de negócios, soluções e empregos”, comentou o diretor-presidente do banco, Milton Maluhy Filho.

Mario Leão, diretor-presidente do Santander

No Santander, a IA vem sendo tratada também como uma agenda de transformação de negócios e da relação com os clientes. Para o diretor-presidente do banco, Mario Leão, para o investimento nessa ferramenta fazer sentido, o cliente tem que perceber claramente seus benefícios em termos de preço e agilidade. “Estamos focando no desenvolvimento de códigos com IA e já percebemos um ganho de produtividade de 50% em desenvolvimentos que melhoram a vida dos nossos clientes”, afirmou.

Clientes no centro do desenvolvimento tecnológico

Os presidentes dos bancos também contaram como essa nova revolução tecnológica mudou a estratégia das instituições. Todos, sem exceção, relataram que saíram de um ambiente onde o produto era rei para uma situação onde o cliente passa a estar no centro de todos os desenvolvimentos. Os bancos, que antes eram fábricas de produtos, passaram a ter um olhar mais transversal, focando o uso da tecnologia na entrega de valor para os clientes. E isso passou a ser feito de forma cada vez mais descentralizada, com o uso de métodos ágeis e formação de squads dentro dos times de negócios para esses desenvolvimentos.

Os executivos também relataram como a migração para a nuvem foi importante para permitir o processamento rápido das novas tecnologias. As plataformas de dados dos bancos hoje estão muito mais preparadas para lidar com a revolução tecnológica em curso, graças a essa mudança de mentalidade.

A migração para a nuvem permite aos bancos armazenar e processar grandes volumes de dados de forma ágil e escalável, reduzindo custos operacionais e aumentando a resiliência dos sistemas. Paralelamente, a IA potencializa esses dados, permitindo a análise preditiva e a automação de processos como a detecção de fraudes, personalização de serviços e otimização de operações financeiras.

Este dueto tecnológico possibilita um atendimento mais ágil e personalizado aos clientes, além de fortalecer a segurança cibernética e a conformidade regulatória, essenciais para a confiança e sustentabilidade do setor bancário no cenário digital contemporâneo.

A agenda ESG dos bancos também ocupou uma parte do debate da abertura. Os executivos contaram, por exemplo, como estão apoiando seus clientes na transição energética para uma economia de baixo carbono.



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