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privacidade drex Da esquerda para a direita: Jayme Chataque, Andre Portilho, Clarissa Souza, Renata Petrovic, Marcos Brasiliano Rosa e Jorge F. Krug

BC testa abordagens de privacidade nos pilotos do Drex

3 minutos de leitura

Tema é obrigatório para o Banco Central no desenvolvimento da nova moeda digital



Por Nelson Valencio em 28/06/2024

Apesar de alguns futuristas polemizarem sobre a relatividade da privacidade nos novos tempos, o tema é obrigatório para o Banco Central (BC) no desenvolvimento do Drex, o projeto de moeda digital da instituição. A coordenadora de Tecnologia da instituição, Clarissa Souza, reforçou isso durante painel na Febraban Tech.

Segundo ela, o BC vem testando abordagens diferentes para endereçar o desafio da privacidade nos pilotos de Drex. A avaliação envolveu vários estudos de caso na primeira fase do piloto e agora vai testar novos cenários com a segunda etapa.

De acordo com Clarissa, o desafio faz parte dos 16 consórcios atuais, que reúnem instituições financeiras e seus parceiros e continua crucial em 2025. A razão, segundo ela, é que há ainda muitas variáveis para serem entendidas no desenvolvimento da moeda digital.

A preocupação no BC foi um ponto em comum que uniu outros especialistas do painel Com o Drex, a tokenização chega ao mercado institucional, apresentado no Febraban Tech 2024.

Para Andre Portilho, sócio e head de Digital Assets do BTG Pactual, a flexibilidade entre privacidade versus comodidade, verificada no dia a dia, não pode acontecer no âmbito do Drex. Não haverá como abrir mão da privacidade para se ter mais serviços nessa área.

O executivo lembrou ainda que o aprendizado tem sido intenso. No caso do BTG Pactual, ele destaca que o know how da instituição em criptomoedas tem ajudado bastante, mas que existem muitas tecnologias novas em amadurecimento na jornada do Drex.

“Sempre começamos copiando coisas que o mercado financeiro já tem, mas aprimorando, com ganhos de eficiência absurda”, resume. Para ele, muitas aplicações novas deverão surgir do processo, mas isso vai depender de quão aberta será a estrutura do Drex.

Entre os desafios ele elenca a necessidade de aprendizado de novas linguagens de programação por parte de especialistas, num cenário de mão de obra escassa.

“Não vai ser um caminho reto, mas vai ser divertido”, brincou.

Jayme Chataque, sênior head de Ativos Digitais e Blockchain do Santander, deu alguns exemplos dos benefícios que ele estima ter com o Drex, entre os quais os contratos inteligentes, autoexecutáveis.

A questão é que as condições necessárias e suficientes para estruturações como essas devem ser feitas a priori na programação do código das soluções. O desafio é que parte dessa lógica ficará pública, disponível para outros participantes do ecossistema.

Renata Petrovic, superintendente de Inovação do Bradesco, também destacou iniciativas como o piloto de financiamento de veículos, projeto em parceria com outra empresa. “A liberação de crédito é mais rápida, reduz a fricção no processo e, é claro, gera aprendizado”, disse.

Ela ressalta a necessidade de transferir esse conhecimento adquirido para as outras equipes do banco, porque será um novo jeito de pensar o desenvolvimento de produtos e sua evolução, num ambiente regulado, até soluções disruptivas.

Assim como no Bradesco, Santander e BTG Pactual, todas instituições privadas, a área pública também tem mergulhado nos pilotos do Drex. O exemplo é a Caixa, cujas iniciativas foram destacadas pelo vice-presidente de Finanças e Controladoria, Marcos Rosa.

“A realidade não muda muito e podemos dividir o desafio em duas partes – esforço e oportunidade”, resumiu.

No caso do banco público, ele ressaltou que o esforço é mais complicado em termos de montagem e qualificação de equipes de TI, processo que não acontece na mesma velocidade da área privada.

Por outro lado, a diversidade da Caixa, em atender vários tipos de clientes, abre a oportunidade para aplicações onde o banco tem muita experiência. Entre elas está a tokenização do crédito imobiliário, uma transação que o banco vem testando.

São contratos inteligentes, com transações simultâneas e rastreabilidade. Outra possibilidade são as tecnologias off-line, testadas atualmente em laboratório, e que têm grande apelo para regiões pouco assistidas do país ou mesmo em situações comuns como o pagamento de um almoço num evento lotado como a Febraban Tech, durante uma falha da rede de telecomunicações.


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