Parceria público-privada irá apoiar centros de inteligência artificial no desenvolvimento de soluções para saúde, agricultura, indústria e cidades inteligentes
Seis instituições brasileiras foram selecionadas numa chamada de proposta para desenvolverem Centros de Inteligência Artificial. Os vencedores do edital, fruto de uma parceria entre a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) com o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e o CGI.br, foram anunciados no início de maio.
Os Centros de Pesquisas Aplicadas (CPAs) em Inteligência Artificial irão focar na produção de soluções voltadas para as áreas de saúde, agricultura, indústria e cidades inteligentes. Para isso, irão receber um aporte de R$ 1 milhão nos próximos 10 anos das três entidades públicas. A mesma quantia também será disponibilizada por empresas privadas, totalizando R$ 20 milhões.
Em matéria publicada na Agência FAPESP, site de notícias da fundação, o ministro Marcos Pontes disse ter sonhado com a Inteligência Artificial no país: “não podemos perder o trem da história”. Com 19 propostas de CPAs submetidas na primeira chamada, a expectativa, segundo Pontes, é que futuramente dois novos centros sejam selecionados a partir de um novo edital.
Os seis Centros de Inteligência Artificial selecionados foram:
- CPA Inteligência Artificial Recriando Ambientes (IARA), no Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação da Universidade de São Paulo (ICMC-USP).
- Centro de Inovação em Inteligência Artificial para a Saúde (CIIA-Saúde), no Instituto de Ciências Exatas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
- Brazilian Institute of Data Science (BIOS), na Faculdade de Engenharia Elétrica e de Computação da Universidade Estadual de Campinas (FEEC-Unicamp).
- Centro de Excelência em Pesquisa Aplicada em Inteligência Artificial para a Indústria, no Senai/Cimatec (Bahia).
- Centro de Pesquisa Aplicada em Inteligência Artificial para a Evolução das Indústrias para o Padrão 4.0, no Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT).
- Centro de Referência em Inteligência Artificial (Cereia), na Universidade Federal do Ceará (UFC).
Confira abaixo mais sobre os objetivos de cada centro com a tecnologia.
1. IARA
O IARA, apesar de ter sede em São Carlos, cidade do interior de São Paulo, contará com pesquisadores espalhados por todo o Brasil. A expectativa é desenvolver soluções voltadas para cidades inteligentes baseadas em cinco aspectos: cibersegurança, educação, infraestrutura, meio ambiente e saúde.
“A principal premissa do IARA é estimular a criação de cidades inclusivas e sustentáveis, em forte consonância com os objetivos de desenvolvimento sustentável (ODS) definidos pelas Nações Unidas”, disse André Carvalho, coordenador e pesquisador principal do IARA e vice-diretor do ICMC, ao site G1.
Os ODS da ONU preveem a diminuição da desigualdade socioeconômica e, para este desafio, Carvalho acredita no uso responsável da Inteligência Artificial. O pesquisador também cita a privacidade dos usuários e como lidar com ela em meio ao grande volume de dados gerados.
A ideia do IARA é implementar, analisar e validar soluções em cidades, como Canaã dos Carajás (PA), a primeira que firmou convênio para se tornar um laboratório aberto para o CPA.
2. CIIA-Saúde
O CIIA-Saúde busca pesquisar e desenvolver técnicas e soluções de Inteligência Artificial focadas na melhor qualidade de vida. Com isso, os pesquisadores querem auxiliar toda a cadeia relacionada ao bem-estar: do autocuidado ao diagnóstico e tratamento precoce, passando por ações de prevenção e de assistência à saúde.
O CPA com sede na UFMG vai atuar a partir de cinco eixos:
- Prevenção e qualidade de vida.
- Diagnóstico, prognóstico e rastreamento.
- Medicina terapêutica e personalizada.
- Sistemas de saúde e gestão.
- Epidemias e desastres.
Para todos esses eixos, as pesquisas com Inteligência Artificial irão se concentrar em ética e valores humanos, modelos e algoritmos, gerenciamento e engenharia de dados e sistemas computacionais. Outro destaque do centro é empoderar os profissionais de saúde com novas tecnologias.
“A nossa lógica é a de que o profissional de saúde, ciente e proficiente em Inteligência Artificial e utilizando essas tecnologias, vai fazer mais e melhor. Para isso, praticamente tudo que se refere à tecnologia tem que ser repensado para levar essas novas dimensões em consideração”, disse Wagner Meira Júnior, chefe do Departamento de Ciência da Computação (DCC), ao site do DCC.
3. BIOS
O BIOS da Unicamp (SP) vai trabalhar seu CPA a partir de uma abordagem interdisciplinar com base em três trilhas:
- Saúde, em parceria com a Faculdade de Ciências Médicas.
- Agronegócio, envolvendo a Faculdade de Engenharia Agrícola e do Centro de Pesquisas Meteorológicas e Climáticas Aplicadas à Agricultura, todos da Unicamp.
- Algoritmo, dedicada à metodologia, ao estudo dos algoritmos e das bases teóricas e técnicas utilizadas em Machine Learning e Inteligência Artificial.
“Essa terceira trilha serve de base para as outras”, destaca João Marcos Romano, docente da Faculdade de Engenharia Elétrica e de Computação (FEEC) e atual Pró-Reitor de Pesquisa, ao site da Unicamp.
4. CPA para Indústria
Liderado pelo Senai/Cimatec (BA), o CPA contará com a participação de vários outros Institutos SENAI de Inovação (ISI). O objetivo é fomentar o uso de Inteligência Artificial e Internet das Coisas (IoT) nas indústrias brasileiras.
Enquanto o Senai/Cimatec irá focar em uma plataforma digital aberta de ciência de dados e Inteligência Artificial para a Indústria 4.0, um grupo de Institutos Senai de Inovação (ISI), entre eles o de Sistemas Virtuais de Produção da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro, terá como meta desenvolver “aplicações de sistemas virtuais, realidade aumentada e gêmeos digitais”, segundo publicação no site da instituição.
5. Inteligência Artificial aplicada à Indústria 4.0
O CPA do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (SP) pretende usar a Inteligência Artificial no “monitoramento e controle em tempo real, gêmeo digital, interoperabilidade e integração da cadeia, sistemas autônomos, robótica e máquinas-ferramentas, entre outros”, destaca o site da FAPESP.
Uma matéria no site do IPT ainda afirma que a expectativa é “equipar o setor produtivo nacional com ferramentas avançadas, desenvolvendo e disponibilizando aplicações de IA que concorrerão para a implantação e consolidação da Indústria 4.0 no país”.
O Centro de Inteligência Artificial envolverá ainda parceria com instituições nacionais e estrangeiras, como o Instituto Fraunhofer da Alemanha, University Southern Denmark (Dinamarca), Universidade Politécnica da Catalunha (Espanha), Universidade do Minho em Portugal e RWTH Aachen University, na Alemanha.
6. Cereia
O centro da UFC focará em projetos na área da saúde e irão envolver, além da Inteligência Artificial, outras tecnologias como Big Data. O intuito é encontrar soluções para diagnóstico, prevenção e terapia de baixo custo.
Além das parcerias com outras instituições de ensino do Ceará, Rio de Janeiro e Piauí, o Cereia também terá uma empresa privada, que entrará como stakeholder dos projetos em contrapartida aos investimentos públicos.
“Toda essa inteligência da UFC será direcionada a pesquisas com aplicações tangíveis que, considerando a capilaridade da rede de atendimento do nosso parceiro privado, trarão impactos significativos para a saúde do povo cearense, em primeiro lugar, mas também com alcance nacional e internacional”, comentou Rodrigo Porto, pró-reitor-adjunto de Pesquisa e Pós-Graduação, ao site da UFC.
Principais destaques desta matéria
- Chamada divulgou projetos vencedores para criar Centros de Inteligência Artificial.
- Seis instituições foram selecionadas pelo edital da FAPESP, MCIT e CGI.br.
- Centros receberão aporte financeiro de entidades públicas e privadas para fomentar a IA em diversas indústrias.
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