Conheça projeto de uma universidade dos EUA que faz uma verdadeira imersão na área de ciência de dados para que os novos profissionais resolvam “problemas reais”
A profissão de cientista de dados é relativamente nova e, geralmente, formada por pessoas com cursos de Engenharia, Computação, Administração, Física, Economia e Estatística no currículo. Ainda são poucos os cursos que oferecem formação superior para a área (veja mais abaixo).
Uma pessoa com formação ou especialização em ciência de dados pode trabalhar em diversos segmentos: visualização de dados, processamento de linguagem natural, machine learning, inteligência artificial, gerenciamento de dados, ética de dados…. a lista é grande. E é aqui que está um dos desafios na formação desses profissionais: o de mostrar justamente o quão ampla pode ser a atuação de um cientista de dados.
Além disso, temos um segundo desafio, mais ligado ao lado dos negócios. Conforme o tempo passa, as organizações acumulam cada vez mais dados que elas gostariam de usar. Imensos data lakes (repositórios de grande capacidade para armazenar todos os tipos de dados gerados) esperando alguém encontrar aquele insight que irá trazer um retorno positivo, seja para as operações, para os produtos ou os serviços.
Como preparar as novas gerações de cientistas de dados para o trabalho do futuro? João-Pierre S. Ruth, em artigo assinado para o InformationWeek, conta como a Purdue University, uma universidade dos Estados Unidos, busca usar a colaboração, aprendizado, pesquisa, inovação e empreendedorismo para que os cientistas de dados saiam da academia aptos a encontrarem soluções para as necessidades reais das empresas.
Por dentro do The Data Mine
O The Data Mine é um programa da Purdue University voltado para desenvolver projetos de pesquisa e inovação na área de ciência de dados. É uma comunidade de aprendizado para fomentar a profissão entre aqueles interessados no assunto.
Mas, ao contrário de currículos tradicionais que mostram a prática de maneira hipotética, a instituição espera que eles experimentem as possibilidades que a carreira tem a oferecer.
A instituição de ensino quer escalar o aprendizado para que os alunos se vejam em diversas funções, não somente naquelas que eles aspiram. “Como se fossem parte de uma grande empresa orientada por dados”, disse Mark Daniel Ward, diretor da The Data Mine e professor de estatística da Purdue.
Quem tem papel fundamental nesse aprendizado são as empresas parceiras. O programa tem convênio com a Ford, Microsoft, Cummins e Beck’s Hybrids. Segundo o artigo da InformationWeek, elas ajudam a universidade a moldar o currículo para as demandas que elas enfrentam no dia a dia.
Mais contato com projetos orientados a dados
Para preparar os cientistas de dados do futuro para resolver os problemas do mundo real, a universidade norte-americana entendeu que era preciso trazer os estudantes para o centro e dar mais “experiência” para eles.
Ao invés de estágios de pouco mais de dois meses — um tempo muito curto, na opinião de Ward, para “ter uma experiência substancial” — os estudantes passaram a ser alocados em projetos de longa duração (9 meses) nas empresas parceiras.
Na opinião do representante da universidade, esse tipo de abordagem repercute positivamente nos futuros empregadores desses profissionais uma vez que os estudantes se envolvem não só com o trabalho em si, mas também com a cultura da organização.
Programa chamou atenção da comunidade
Como Ward destacou, a onipresença da ciência de dados em todos os setores e a necessidade de constante atualização educacional chamou a atenção de outras instituições. Em julho de 2020, a Universidade de Stanford lançou um mestrado em ciência de dados focado no setor de educação.
Já a Lilly Endowment, instituição filantrópica nos Estados Unidos, investiu US$ 10 milhões para criar um programa semelhante ao The Data Mine e que seja absorvido por faculdades e universidades na região de Indiana.
Por fim, Ward acredita que esse fomento à ciência de dados é uma forma de trazer mais diversidade. Não é somente sobre fomentar a profissão em outros cursos, mas dar acesso a pessoas do sexo feminino, minorias e pessoas com deficiência.
“Não importa onde os alunos estejam estudando, há uma sensação de que eles vão querer fazer parte dessa revolução da ciência de dados”, disse o executivo.
E a formação de cientistas de dados no Brasil?
E aqui no Brasil? Como está a formação dos cientistas de dados?
Cursos de graduação em ciências de dados são recentes no Brasil. O primeiro deles é de 2018. O Centro Universitário Metodista Izabela Hendrix foi a primeira instituição a oferecer formação superior específica para a área. O curso de tecnólogo tem duração de 2 anos e meio.
Hoje em dia há um pouco mais de ofertas, mas a maioria está concentrada no Sudeste, com universidades disponibilizando a graduação nas modalidades presencial e a distância. Há também cursos de pós-graduação na área.
No ano passado, a Universidade de São Paulo,lançou o curso de bacharelado em Ciência de Dados no campus de São Carlos (localizado no interior de São Paulo), uma espécie de “Meca brasileira” da ciência de dados. Segundo Thiago Pardo, presidente da Comissão de Graduação do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC), “há uma enorme demanda do mercado de trabalho e também acadêmica”.
PUC-SP, Unip (SP) , Univesp (SP) , Universidade Anhembi–Morumbi (SPi, IESB (DF), Estácio (RJ) e Universidade Cruzeiro do Sul (SP) são outras universidades que oferecem curso superior (bacharelado ou tecnólogo) em ciência de dados.
Principais destaques desta matéria
- Cientista de dados do futuro irá usar dados para resolver problemas reais.
- Para isso, universidade tem criado currículo que mostra a profissionais como e onde usar os dados.
- Isso permite a profissionais desenvolverem projetos orientados a dados, assim como fomentar maior diversidade dentro das organizações;