Embora muitos projetos de blockchain ainda sejam vistos como testes dentro das organizações, eles são um fator de transformação na economia digital. Ainda mais quando a tecnologia, somada a outras, traz um conjunto de oportunidades para líderes.
No entanto, blockchain pode fazer a diferença também para outros setores, como o da saúde, que hoje enfrenta o gigantesco desafio de vencer uma pandemia em um mundo
De acordo com o Blockchain Research Institute (BRI), existe uma falha em processar o grande volume de dados gerados em meio aos casos de coronavírus registrados em todo o mundo. A entidade realizou, na semana passada, um webinar para discutir o uso da tecnologia em pandemias.
“Dados são o maior ativo nessa pandemia. O corpo humano é um ecossistema de dados. Porém, eles são armazenados por um grupo pequeno de empresas, geralmente ligadas a um governo que nem sempre os disponibilizam totalmente”, disse Don Tapscott, cofundador do BRI.
Ele explicou que o compartilhamento desses dados iria permitir diversos governos a tomarem as melhores decisões para conter a COVID-19. “Quantas as pessoas serão afetadas? Como serão e quando estarão curadas? Essas perguntas os dados podem responder com o uso de blockchain”, afirmou o executivo.
Por que projetos de blockchain podem ajudar no combate ao coronavírus?
O blockchain é a possibilidade de duas ou mais pessoas, empresas ou computadores, que podem ou não se conhecer, troquem dados e valores em ambientes digitais confiáveis sem um intermediário (como um banco ou um governo) entre eles para validar ou proteger a transação.
No caso da pandemia, projetos de blockchain podem ser abastecidos com dados em tempo real de instituições de saúde de vários países. Isso iria permitir uma descentralização das informações já que as entidades poderiam cruzar as métricas disponibilizadas em um ambiente seguro.
Mas, ficam algumas perguntas: como os dados seriam validados e como garantir a questão de compliance e governança? “A partir da utilização de tokens”, explicou David Jaffray, pesquisador da entidade canadense University Health Network e convidado do webinar.
“Uma rede blockchain neste cenário vai armazenar uma grande quantidade de dados. A utilização de um token para o acesso médico é a solução para que os dados sejam validados pelas entidades e que não sejam ‘copiados e colados’. Ou seja, usado para outros fins que não a ciência”, disse.
3 áreas da saúde que podem agir mais rápido com blockchain
O webinar da BRI foi um momento para a instituição lançar o estudo “Blockchain solutions in pandemics: a call for innovation and transformation in Public Health”. O relatório mostra que projetos de blockchain são componentes necessários para uma rápida resposta do sistema de saúde.
A pesquisa identificou algumas áreas em que a tecnologia pode trazer respostas mais ágeis ao combate do coronavírus e outras pandemias. Destacamos três que têm relação com o setor de saúde. Veja abaixo.
1. Identidade auto soberana, registros de saúde e dados compartilhados
O relatório da BRI identificou que é preciso melhorar o acesso aos dados da população mundial e uma plataforma ágil de compartilhamento desses dados com consentimento dos seus participantes.
Em outras palavras, é a adoção de uma identidade auto soberana, em que os indivíduos tenham controle dos seus próprios dados e possam, de forma voluntária, entregá-los a governos, médicos, empresas farmacêuticas e outras empresas do setor de saúde em busca de uma solução para eventos extremos, como uma pandemia.
2. Soluções de supply chain em tempo real
Supply chain é uma infraestrutura crítica para uma economia digital. Em um cenário de pandemia, a cadeia de suprimentos deve ter um design transparente. Ou seja, em que as informações sobre as mercadorias e insumos sejam precisas e acessadas rapidamente por todos.
Daí a importância do blockchain, mostrou o BRI. A tecnologia permitiria um panorama geral da empresa e de seus fornecedores, identificando de forma rápida suprimentos que devem ser repostos ou até mesmo quais podem ser enviados para outra entidade.
3. Resposta rápida para aquisição de talentos
Os profissionais de saúde estão na linha de frente no combate ao coronavírus. No entanto, os hospitais não conseguem integrá-los com rapidez suficiente. Como aponta o BRI, não é por falta de talento, mas a “incapacidade de encontra-los”.
Como o blockchain resolve isso? Simplificando a busca por profissionais entre diferentes localidades, departamentos e conselhos regionais. Tudo isso para que o processo se torne mais eficiente, em menor tempo e transparente, para que um profissional de saúde atue mais rápido onde há necessidade.
Momento pede tecnologias emergentes
A pandemia mostrou que sistemas do mundo inteiro ainda possuem infraestruturas com tecnologias legadas. Olhando para o supply chain, por exemplo, diversos estados brasileiros encontram dificuldades em garantir máscaras e equipamentos aos profissionais de saúde.
Em momentos como esses, aponta o BRI, blockchain, Inteligência Artificial, Internet das Coisas, realidade virtual e aumentada são tecnologias que podem ajudar na criação de sistemas de inovação, comércio e governança de dados que vão ajudar diferentes mercados a atravessar a crise.
Principais destaques desta matéria
- Webinar do Blockchain Research Institute (BRI) debateu uso de blockchain no setor da saúde.
- Projetos de blockchain podem agilizar a tomada de decisão para conter coronavírus.
- BRI divulgou estudo que aponta 3 áreas da saúde que podem ser impactadas com tecnologia.