Blockchain e IoT vão permitir que todos os atores da indústria consigam rastrear a cadeia para evitar fraudes e manter a conformidade regulatória.
A indústria de alimento se encontra em um dilema: mais de 30% dos alimentos produzidos globalmente são perdidos ou desperdiçados antes do consumo. Com a expectativa da população global chegar a 9,8 bilhões em 2050, melhorar a eficiência da cadeia de suprimentos pode reduzir bastante a escassez de alimentos e melhorar as metas de sustentabilidade.
Por sorte, a tecnologia tem sido uma aliada da indústria nessa jornada. Muitas companhias têm apostado em blockchain e Internet das Coisas (IoT) porque são inovações que trazem uma visibilidade total ao ecossistema – da fazenda que produz o alimento até o supermercado que recebeu a mercadoria – evitando fraudes e permitindo a conformidade regular das empresas.
Tanto que um relatório da Juniper Research, consultoria de pesquisa de mercado e Business Intelligence, divulgado no fim de novembro mostrou que a adoção de blockchain e IoT vai gerar uma economia global de US$ 31 bilhões (R$ 128 bilhões) até 2024 por evitar fraude alimentar em toda a cadeia de abastecimento.
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Como afirma Dr. Morgane Kimmich, autor da pesquisa, há um nível de complexidade na indústria que ajuda a aumentar a ineficiência, a fraude e o desperdício de alimentos porque “as empresas geralmente precisam contar com intermediários para executar alguns processos”. Com o blockchain e IoT, as companhias teriam controle de quem pode ter acesso à rede.
Além disso, a combinação dessas duas tecnologias vai ajudar na redução de custos para varejistas, simplificando os processos de supply chain como eficiência no processo de recall de alimentos e conformidade regulatória. Este último tem expectativa de redução de gastos em até 30% até 2024.
Ainda segundo Dr. Morgane Kimmich, a falta de transparência na cadeia de suprimentos força as empresas a confiar em terceiros ou registros em papel. “O blockchain e a IoT fornecem uma plataforma compartilhada e imutável para todos os atores do supply chain rastrearem ativos, economizando tempo, recursos e reduzindo fraudes”.
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Como blockchain e IoT vão ajudar a indústria alimentícia?
Soluções de Internet das Coisas (IoT) vão conectar toda a cadeia de suprimentos com sensores de rastreamento de localização, monitoramento de temperatura e umidade. Já o blockchain é uma plataforma imutável em que os dados extraídos desses sensores serão armazenados e acessados por todos os atores envolvidos – agricultores, varejistas e consumidores, por exemplo.
Assim, alguns processos demorados (que exigem trabalho manual ou são registrados em papel) podem ser substituídos por contratos inteligentes automatizados. Isso vai trazer alguns benefícios para a indústria que a gente lista a seguir:
- Redução de custo: as operações das empresas podem ser automatizadas com o blockchain e a IoT, reduzindo não só o tempo e o gasto com processos manuais, como aumentando a produtividade;
- Mitigação de riscos: como toda a cadeia é rastreada com essas duas tecnologias, varejistas podem identificar, por exemplo, se uma carga foi contaminada e evitar que ela chegue até o consumidor final;
- Transparência entre os atores: todos os atores vão saber onde a produção foi iniciada, por onde ela passou e qual o destino final. Os produtos podem até contar com uma tag RFID (uma espécie de código de barras) mostrando todo o histórico ou como forma de controlar o estoque.
O que as empresas já estão fazendo
A pesquisa da Juniper Research citou algumas iniciativas de blockchain com foco na indústria de alimentos. Um exemplo é o Food Trust da IBM, uma rede lançada em 2017 baseada no protocolo Hyperledger, projeto colaborativo entre várias companhias para desenvolver protocolos e padrões abertos de registro aberto.
A rede Food Trust já reúne mais de 188 organizações, entre elas Nestlé, Deloitte, Carrefour, Walmart, Dole, além de contar com uma grande quantidade de produtores. Ao todo, são mais de 700 usuários na plataforma e 18 milhões de transações representando quase 17 mil produtos inseridos no blockchain.
Já o Walmart China desenvolveu, com outras companhias, uma plataforma de rastreabilidade baseada no VeChainThor Blockchain, plataforma de registro aberto, em junho deste ano. O consórcio espera acompanhar 50% das vendas totais de carne fresca embalada, 40% das vendas totais de vegetais embalados e 12,5% das vendas totais de frutos do mar até o final de 2020.
Além da parceria com a IBM, a Nestlé anunciou, em julho deste ano, um projeto piloto para rastrear alimentos. Em parceria com a OpenSC, plataforma blockchain, o projeto vai rastrear o leite que sai da Nova Zelândia e segue até o Oriente Médio. Caso apresente sucesso, o processo de rastreamento vai envolver QR Code, aplicativo móvel e um portal na internet.
Principais destaques desta matéria:
- Indústria de alimentos pode economizar US$ 31 bilhões em fraudes com adoção de blockchain e IoT;
- Tecnologias vão agilizar processos, até então manuais, e garantir rastreamento dos alimentos durante toda a cadeia;
- Confira algumas iniciativas de empresas que utilizam essas tecnologias para impulsionar todos os atores da indústria.