Edge computing vai demandar agilidade, transformando data center em micro infraestrutura para processar e tratar dados dos usuários e dos dispositivos IoT na ponta.
Durante o Futurecom 2019, o maior encontro de tecnologia e transformação digital da América Latina, operadoras e outros players do setor de telecomunicações debateram sobre como a edge computing (computação de borda) será crucial para o futuro do data center.
Aliás, esse tema — o “futuro do data center” —vez ou outra aparece em artigos publicados aqui no Próximo Nível. Em fevereiro deste ano, por exemplo, mostramos uma previsão da Gartner de que 80% das organizações irão migrar os dados dessa estrutura para outros ambientes até 2025.
Mais recentemente, a mesma Gartner considerou que aqui no Brasil o data center terá papel de destaque — ao lado da computação em nuvem — para impulsionar a inovação e a transformação digital dos negócios.
Mas, afinal, como a edge computing (computação de borda) vai impactar e transformar os data centers?
O que e edge computing?
Antes de responder esta pergunta, vale relembrar o conceito de computação de borda: é quando os dados são processados e tratados na ponta. Ou seja, onde ele é gerado (smartphone, smartwatch, smart speaker etc).
Isso pode ser exemplificado quando um motorista de carro utiliza um aplicativo de mapa no smartphone. As informações do trajeto são processadas ali mesmo, no próprio dispositivo.
Assim, o motorista consegue, em tempo real, saber qual o melhor trajeto até o destino desejado. Caso as informações fossem processadas na nuvem ou em um data center, o retorno não seria imediato.
Já que vivemos em um mundo cada vez mais conectado e exigente por repostas rápidas, fazer o processamento desses dados em um data center poderia não trazer agilidade aos produtos que as empresas ofertam ao consumidor.
Daí a importância da edge computing para a transformação dos data centers.
“Coisas autônomas e inteligentes terão necessidade de resposta imediata por conta do grande volume de dados que eles irão gerar”, comentou Diuliana França, gerente de desenvolvimento de produtos na Embratel, durante um painel no Futurecom 2019.
Mesmo assim, os dados mais complexos continuarão processados de forma centralizada – em uma infraestrutura cloud ou data center.
Transformando os data centers
Como você já deve ter percebido, o edge computing vai garantir menor latência, o que significa um tempo de resposta menor.
Embora muitos executivos tenham defendido o 5G como impulsionador da computação de borda, os data centers também terão um papel fundamental nessa tendência tecnológica.
“O 5G terá importância porque traz uma baixa latência, necessária para entregar as demandas da computação de borda. Mas um micro data center pode antecipar esta tendência”, apontou Diuliana França.
Mas como?
Um micro data center é uma infraestrutura compacta e de alto desempenho. Assim, as empresas conseguem fazer o processamento de dados na ponta e na nuvem a partir desses equipamentos.
É uma infraestrutura que, em comparação a um data center tradicional, vai permitir a distribuição de workloads (a capacidade dos sistemas de computador de manipular e processar trabalho), minimizar o tempo de processamento e aumentar a velocidade de resposta.
Sem contar a redução de gastos, uma vez que processar um grande volume de dados sem latência em um data center tradicional tem um custo maior.
Ou seja, se olharmos para um cenário onde o 5G já existe, um micro data center seria a infraestrutura de processamento que iria ajudar a rede a entregar todos os serviços oferecidos.
Sobre o processamento na nuvem, o micro data center é conectado via fibra ótica com a malha de data center. Assim, ele é simulado também como um ambiente cloud.
Minha empresa deve olhar para o edge computing?
Depende. Se pegarmos o cenário atual de negócios, existem empresas que precisam lidar com uma grande quantidade de dados e a edge computing pode ajudar no tratamento desse volume.
Vamos pegar como exemplo um caso de uma grande promoção de um produto ou de um serviço. Esse é um momento em que o varejista precisa reforçar seu e-commerce por vários motivos, entre eles:
- Maior tráfego de pessoas na página da empresa,
- Aumento no número de transações realizadas pelo site ou aplicativo,
- Aumento nas investidas criminosas: tanto para derrubar o sistema quanto para tentar roubar informações.
- Evitar reclamações de visitantes que não conseguem realizar uma compra (e consequentes acionamentos de órgãos reguladores).
Então, nesse caso, a edge computing pode ser uma tecnologia que trará sentido ao negócio desse varejista.
E um micro data center pode ser o pontapé inicial para essa transformação do seu negócio. Outro benefício desta infraestrutura é o ambiente híbrido que ela propicia.
“O micro data center está em sinergia com os investimentos das empresas na virtualização de rede para a construção de infraestruturas na borda. Assim como garante integração com outras tecnologias como Inteligência Artificial, Machine Learning e Data Analytics”, explicou Diuliana.
Mas a executiva da Embratel também ressaltou que a empresa deve pensar num caso de uso. “É preciso avaliar quais aplicações vão estar próximas ao usuário e das coisas (IoT) para saber se o micro data center é viável. Esse é o grande desafio das empresas”, finalizou.
Principais destaques desta matéria:
- Edge computing vai impulsionar transformação dos data centers;
- Motivo é que micro data center vai ajudar a processar e tratar os dados na borda;
- Executiva da Embratel debateu sobre essa inovação no Futurecom 2019, que aconteceu no fim de outubro em São Paulo.