O reconhecimento facial já é uma realidade nos aeroportos de Congonhas e Santos Dumont, a famosa ponte aérea brasileira. O que pouca gente sabe é que por trás desse serviço está o Serpro, principal validador de biometria em bases oficiais de governo no Brasil. De acordo com Giordanni Paiva, superintendente de Soluções Analíticas e Inteligência Artificial da instituição, o recurso funciona desde agosto do ano passado e passa atualmente por uma reformulação e expansão.
A tecnologia foi um dos destaques da empresa pública durante o primeiro dia da Febraban Tech, que acontece em São Paulo até essa quinta-feira (29). O conjunto de soluções, todas hospedadas na plataforma Gov.Br foram apresentadas por Paiva e outros dois especialistas da instituição: Rafael Soto, superintendente de Digitalização de Governo, e Alexandre Ávila, superintendente de Relações com Clientes de Governo Digital.
Soto resumiu os números atuais da plataforma, que reúne o portal Gov.Br, o sistema de notificação Notifica.BR e a conta Gov.Br, além do ConectaGov. Em números, a Gov.Br soma mais de 150 milhões de contas, com 11 instituições financeiras para qualificação das contas. Hoje, a movimentação mensal chega a 50 milhões de pessoas acessando os recursos e o pico de acessos já chegou a 250 milhões em um mês.
Padronização ainda é desafio
Em termos de resultados, o superintendente do Serpro destaca que a plataforma envolve mais de 460 órgãos integrados e um número de sistemas que supera os 1,6 mil. O número de serviços digitalizados, por sua vez, é de aproximadamente 4,8 mil. Um deles é a prova de vida digital, que deve ser aperfeiçoada pela Dataprev, empresa pública ligada ao INSS. Outros três também têm uma imagem bastante positiva, caso da carteira de identidade digitalizada, da declaração de imposto de renda pré-preenchida e da carteira de trabalho também digital.
Apesar de parecer grande – quase cinco mil – o número de serviços é considerado ainda baixo por Soto, que destaca a oferta restrita como um dos desafios da Gov.Br. A lista de temas a serem melhorados inclui ainda o cadastro redundante de usuários, o baixo nível de interoperabilidade entre os órgãos e uma experiência de usuário e interfaces digitais ainda despadronizadas.
Além dos serviços disponíveis há vários recursos de biometria em desenvolvimento. Todos eles fazem parte de um ecossistema biométrico, chamado de AIBIO, sendo AI para inteligência artificial (IA), o mote da apresentação do Serpro durante o evento. Os três especialistas, inclusive, destacaram a IA como um dos meios para levar os recursos digitais a cerca de 140 milhões de cidadãos.
Em termos de novos produtos, Soto lista o Cidades Gov.Br, que é uma expansão dos serviços em nível federal para os municípios. A expansão, segundo ele, é um dos dois focos do Serpro atualmente. O primeiro é justamente a melhoria dos recursos já existentes, como é o caso do Embarque + Seguro, disponível nos dois aeroportos da ponte aérea.
“A ideia é evoluir a jornada do usuário, tornando-a mais fácil e simplificada, além de expandir os serviços para as cidades”, finaliza Soto.