Empresa apresentou caso clínico de humano aumentado, em que paciente com paralisia pode controlar máquina com ajuda de um dispositivo sem fio.
O Humano Aumentado, ou Humano 2.0, é uma tendência para os próximos dez anos, segundo a consultoria Gartner — como escrevemos nessa matéria aqui.
Este conceito pode ser explicado como melhorias cognitivas e físicas do corpo humano com a ajuda de outras tecnologias como:
- Biotecnologia;
- Biochips;
- Inteligência aumentada;
- Inteligência Artificial emocional.
Embora seja uma tecnologia emergente para a próxima década, o humano aumentado já dá os primeiros passos para se tornar uma realidade.
No fim de setembro, a Synchron, empresa de tecnologia australiana, anunciou o primeiro sucesso clínico de uma interface no cérebro humano em pacientes com paralisia.
A interface é o Stentrode, um dispositivo projetado para registrar a atividade cerebral e transmitir pensamentos sem fio diretamente do cérebro. Ele permite o controle de outros dispositivos por meio de comandos de voz.
“O início de testes em humanos de uma interface comercial de computadores cerebrais é um marco importante para a indústria”, comunicou em nota Thomas Oxley, CEO da Synchron.
O projeto acontece em parceria com a Universidade de Melbourne (Austrália) e teve financiamento da Agência de Projetos de Pesquisa Avançada em Defesa dos EUA (DARPA) e do Departamento de Defesa dos EUA (DoD).
Como funciona o dispositivo da Synchron?
À rede de TV norte-americana Bloomberg, Oxley explicou como o implante é feito e como o dispositivo pode melhorar a qualidade de vida dos pacientes. Veja o vídeo abaixo (em inglês).
Pois bem, como o CEO da Synchron explicou, o procedimento cirúrgico para a instalação do dispositivo é minimamente invasivo.
O Stentrode percorre os vasos sanguíneos, o que reduz os riscos de rejeições biológicas.
“Usando veias como uma via natural para o cérebro, conseguimos chegar ao estágio clínico significativamente mais cedo do que outras abordagens mais invasivas”, disse Oxley.
Geralmente, em procedimentos do tipo, os especialistas retiram parte da calota craniana para introduzir o implante, que precisa ser ainda conectado a um computador.
Já o Stentrode é um dispositivo sem fio que o sistema operacional dele (brainOS) fará a comunicação com um outro pequeno dispositivo (brainPort) instalado no peito do paciente. Confira mais detalhes abaixo:
– brainOS
É o sistema operacional do dispositivo. Este software vai ser responsável em registrar e transmitir toda a atividade cerebral do paciente. O brainOS é um conjunto de aplicativos que vai permitir que o usuário restaure a fala perdida e a função dos membros.
Ao contrário de outros sistemas operacionais que exigem pressionar ou tocar um botão, o brainOS é controlado por voz. A plataforma foi projetada para redefinir a experiência do usuário focado em pessoas que não conseguem usar mouse ou teclado.
– brainPort
É uma solução sem fio implantada no peito do paciente que vai ajudar na transmissão de dados neurais de alta resolução.
Este sistema mantém a promessa de permitir o controle de tecnologias complexas para seres humanos com a cabeça ao invés de usar partes do corpo que porventura estejam paralisados (como as mãos).
Humano aumentado: os próximos passos
A interface cérebro-computador (BCI, em inglês), como o Stentrode, é um dispositivo que utiliza Inteligência Artificial para permitir a interação entre pessoas e máquinas pelo pensamento.
Esta tecnologia de humano aumentado é promissora não apenas para pacientes com paralisia grave, mas também para usuários com funções motoras reduzidas.
Tanto que a Food and Drug Administration (FDA), correspondente à Anvisa aqui no Brasil, divulgou no começo de 2019 um documento de orientação sobre a BCI.
O documento descreve considerações que pesquisadores devem seguir para realizar testes pré-clínicos e clínicos para esse campo que está emergindo rapidamente.
A agência já reconhece o “potencial [da tecnologia] de trazer benefícios para pessoas com deficiências graves, aumentando a capacidade de interação com ambientes e trazendo uma nova independência na vida cotidiana”.
Principais destaques desta matéria:
- Empresa desenvolveu dispositivo que permite pessoa com paralisia controlar outros dispositivos;
- Implante é feito de forma minimamente invasiva e não utiliza fios para a conexão com máquinas;
- Sucesso no procedimento clínico mostra que tecnologia de humano aumentado está mais próxima da sociedade.