A IA será o motor da Web 3.0. Se ela vai ser descentralizada ou não, contudo, dependerá das escolhas que a sociedade fizer, mas o fato é que o grande volume de dados, que impulsiona a IA, surge como um dos desafios no embate de um sistema centralizado, com forte concentração em cloud com poucos provedores.
A democratização da Web 3.0, por sua vez, ainda enfrenta obstáculos, como a dificuldade de reconhecimento de projetos, que sequer são avaliados do ponto de vista ético e de governança de dados por grandes players. Foi o que comentaram os especialistas presentes no painel Impactos de IA e Cloud na Web 3.0, realizado no Futurecom 2023.
Segundo eles, a concentração em cloud de poucos provedores, a centralização dos dados, os altos custos que se aplicam à IA para processar grandes quantidades de dados, são apenas alguns aspectos que levam à discussão sobre a possibilidade de uma internet mais aberta a partir da Web 3.0.
A expectativa do mercado é que ela mude a maneira de fazer negócios e de trabalhar a tecnologia. A falta de confiança que levou à centralização dos dados já não é mais uma verdade absoluta e o mercado já dispõe de tecnologia com auditabilidade. Isto porque o avanço da IoT permite otimizar o mundo físico e a economia digital na Web 3.0, como explicou Rodrigo Junco, da BrDot.
Para ele, os recursos da Web 3.0 permitem entregar conectividade para a sociedade de forma descentralizada e diversificada, o que pode ajudar no desenvolvimento de novos negócios em regiões mais remotas.
Da mesma maneira, com o desenvolvimento da Web 3.0 outras tecnologias estão amadurecendo simultaneamente, o que leva o mercado a pensar em como essas soluções vão operar em conjunto.
Fabiana Falcone, diretora de Negócios Cloud da Embratel, pontuou que a IoT é essencial para evoluir a Web 3.0, assim como a IA. Ela levanta a questão da preocupação social e de como as empresas vão moldar esse desenvolvimento para refletir nesse boom na Web 3.0. De maneira ética e saudável, ela acredita que o desafio é saber usar tudo isso em um ambiente híbrido e multicloud.
A internet descentralizada deverá alçar a humanidade para um outro grau de privacidade, com o uso de tecnologias em grupo. “O futuro depende muito de como a gente vai educar toda a sociedade para decidirmos juntos para onde estamos indo”, disse Tatiana Revoredo, fouding member da Oxford Blockchain Foundation e colunista da MIT techinology Rewew Brasil.
Regulação da IA na Web 3.0
A questão legal do uso da IA e da Web 3.0 também foi abordada por dois painéis realizados no primeiro dia do Futurecom 2023. Para Tatiana Revoredo, que acompanhou a regulamentação em vários países, é importante que a sociedade esteja junto e participe dos debates, assim como as empresas que trabalham com tecnologia, e o corpo acadêmico, que pode avalizar o ponto de vista ético.
Para a Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD), a preocupação com regulação se deve ao fato de que a maioria das soluções precisam de dados pessoais. Portanto, é preciso saber os reais benefícios e riscos para o cidadão. “Não é apenas regulação, o principal é a IA na interação com o ser humano. Existem riscos e não são pequenos, temos de ter um viés de proteger os dados de todos nós”, explicou Arthur Pereira Sabbat, diretor da ANPD.
Embora a IA não tenha como objetivo substituir pessoas, os especialistas alertaram que vamos ter analfabetos digitais e desemprego, e isso precisa ser discutido com os reguladores.