Evento LGPD Countdown discutiu como a tecnologia pode ajudar no tratamento de dados sem ocorrer uso abusivo das empresas.
Principais destaques:
– Inteligência Artificial pode ajudar empresas no tratamento de dados pessoais;
– Tecnologia é um meio para empresas estarem em conformidade com a LGPD;
– Tratamento na borda (edge computing) ou em um ambiente cloud garante informações relevantes;
– Inteligência Artificial e LGPD foram destaques no mais recente LGPD Countdown, no inovabra.
Não é mais novidade que os dados pessoais são considerados o novo petróleo. Desde o início dos anos 2000, há um movimento das empresas em oferecer diversos serviços gratuitos aos consumidores em troca de seus dados. Mas com a Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD), que entra em vigor em agosto de 2020, como garantir o tratamento correto deles e evitar o uso abusivo por parte das companhias?
Tecnologia é a palavra-chave. E o uso da Inteligência Artificial pode auxiliar na jornada das empresas em se adequarem à LGPD. “A IA vai entender padrões e vai conseguir prever coisas que vão acontecer com base nos padrões do passado”, comentou Alexandre Del Rey, presidente da associação i2AI, durante o LGPD Countdown, realizado no inovabra (São Paulo) ontem (22).
O grande desafio, para Del Rey, é como as empresas farão uso da Inteligência Artificial. “A tecnologia exige esforço porque ela precisa ser treinada. Não é um software que você compra e já funciona de imediato”, ressaltou o executivo pontuando dois cenários para o tratamento de dados a partir da IA: cloud ou edge computing (computação de borda).
Na computação de borda, a coleta de dados é feita localmente (no ambiente no qual o consumidor se encontra). Se uma pessoa estiver jogando algum game mobile, por exemplo, a empresa consegue “gênero, idade, humor de quando a pessoa estava jogando e faz todo esse processamento na borda. A IA vai organizar esses dados antes de armazená-los nos servidores da empresa, garantindo que a companhia tenha somente informação relevante para a tomada de decisão, sem precisar guardar dados que identifiquem o consumidor”, explicou Del Rey.
Já na nuvem, a Inteligência Artificial iria “resolver na raiz” o tratamento dos dados, como disse Del Rey. “A remoção, edição e criptografia dos dados coletados aconteceriam dentro de um ambiente em nuvem”, complementou. Nas duas situações, ele afirmou que “o lado bonito da Inteligência Artificial é realizar milhares de iterações e, depois que a empresa encontrar o modelo ideal de tratamento para o negócio dela, ela pode se desfazer dos dados.”
Como alinhar a Inteligência Artificial com a LGPD?
Durante o LGPD Countdown, Alexandre Del Rey explicou que as empresas podem treinar a Inteligência Artificial com atributos genéricos de baixo nível. “Uma maçã tem um determinado formato e variações de cor – verde e vermelha. A partir desses três exemplos, a IA vai aprender esses atributos e criar hierarquias de classificação que irão ajudar a empresa a ter insights – seja em relação ao cliente ou aos processos dela – sem utilizar dados identificáveis e/ou sensíveis.”
Um exemplo apresentado foi o da Bradesco Inteligência Artificial, ou BIA, do Banco Bradesco. A Inteligência Artificial foi treinada com dados anonimizados (sem nenhum elemento de identificação) para responder as perguntas mais genéricas feitas pelos usuários. “Quando é preciso de agência, conta e CPF de um cliente, essas informações ficam dentro [dos servidores] do Bradesco, não vão para a nuvem”, explicou Henrique Albuquerque, gerente de equipe de IA da instituição financeira, afirmando que, até julho deste ano, já foram 151 milhões de interações (clientes que enviam texto ou áudio) com a BIA.