Os fraudadores estão ganhando um aliado importante para aplicar golpes na população: o desconhecimento do que seja deepfake, técnica usada para alterar voz e expressão facial, com base nos recursos de inteligência artificial (IA). Esse desconhecimento, combinado com a sobrecarga de dados, pode resultar em um cenário perigoso. A avaliação é dos especialistas da Kaspersky, empresa especializada em cibersegurança, que realizou uma pesquisa a respeito, em parceria com a consultoria Corpa.
No caso do Brasil, 66% das pessoas não têm ideia do que seja o deepfake. Em relação à América Latina, a situação é similar. Entre os participantes da pesquisa, os peruanos (75%) são os que têm menos conhecimento sobre deepfake, e são seguidos pelos mexicanos e chilenos (ambos com 72%), argentinos (67%) e colombianos (63%). O relatório revela também que a maioria dos entrevistados na América Latina (67%) não reconhece quando um vídeo foi editado digitalmente usando essa técnica.
Desconhecimento do deepfake favorece fraudes
Segundo os especialistas em cibersegurança, o resultado é preocupante, porque o desconhecimento favorece as fraudes baseadas em engenharia social. Para Dmitry Bestuzhev, diretor da equipe global de pesquisa e análise da Kaspersky na América Latina, um risco é que o uso do deepfake tende a ficar cada vez mais imperceptível. De acordo com ele, os exemplos mais comuns de uso indevido incluem vídeos falsos que usam o rosto das vítimas para atacar sua reputação ou credibilidade, bem como a manipulação de imagens e sons para burlar senhas biométricas (rosto e voz).
Os resultados se tornam mais preocupantes se for considerado que, além de vídeos sendo compartilhados nas redes sociais ou WhatsApp, já foram reportadas fraudes em plataformas de busca de emprego, que usam essa tecnologia. Criminosos manipulam essa técnica para criar perfis falsos, a fim de enganar vítimas e conseguir ter acesso a suas informações. Também se deve levar em conta os incidentes em que o deepfake foi usado para imitar a voz de empreendedores ou figuras públicas com a intenção de criar ou amplificar a desinformação.
A técnica consiste em um método avançado de IA, que coleta dados sobre expressões e movimentos físicos que são processados por meio de uma rede gerativa antagônica (GAN), criando um vídeo falso muito realista. Criado exclusivamente para aplicações cinematográficas em Hollywood, o deepfake agora está acessível para as pessoas, o que inundou a internet com conteúdos que podem ser confusos e até mesmo fraudulentos.