futuro inovacao e humano Ricardo Al Makul

O futuro da inovação é humano

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Ricardo Al Makul, da Kes, mostra que a incerteza é a tônica sobre o futuro da inovação, principalmente acerca do futuro da inteligência artificial



Por Redação em 02/05/2023

O assunto do momento é a melhoria da inteligência artificial e o seu real e potencial impacto na sociedade. Esta é a visão de Ricardo Al Makul, CEO da KES, uma consultoria que estuda o impacto das tecnologias nas sociedades. E ele não está sozinho, como podem conferir quem está acompanhando o Web Summit nesta semana no Rio de Janeiro ao vivo ou aqui pelo Próximo Nível.

Para Ricardo Makul, estamos diante de algo que ainda não sabemos como lidar, e isso é natural das tecnologias disruptivas “Em muitos lugares, vimos mesmo que a resposta sobre IA generativa é, hoje em dia, a incerteza”, pontuou.

Avaliando o que está impulsionando a inovação global, a constatação dele e de sua equipe é que, primeiro: a necessidade de inovação é uma questão presente em todos os lugares, incluindo o que tange a IA generativa. Outra percepção é que existem muitas inovações e narrativas de inovações. “E é incrível ver como isso se repete em locais como Cingapura, China, Berlim (Alemanha). Por isso, eu recomendo que inovação seja realmente uma mentalidade global, o que significa uma cultura de aprendizado constante, sobre diferentes perspectivas”, diz. 

E isso exige uma reflexão profunda, inclusive do ponto de vista do que é importante para o ser humano e que exige o resgate de debates essenciais para a humanidade, como ética.

A isso, está conectada, obviamente, questões como a climática, que funciona como um alerta para a nossa sobrevivência como espécie. “Chamo essa reflexão de uma quantização mais profunda sobre o nosso futuro como espécie e sociedade”, detalhou. Portanto, a análise dos impactos políticos, sociais e outros sobre a IA generativa e novas tecnologias digitais, é um passo importante para essa reflexão. “A carta assinada por centenas de especialistas em AI, pedindo uma pausa no seu desenvolvimento, está nesse contexto”, disse. 

Futuro da inovação e regulação

Ricardo Makul questiona sobre em qual momento as tecnologias disruptivas pedem normas regulatórias. Adiantando que a sua resposta é “agora”, ele apresentou uma série de pensamentos, vindos de décadas atrás, nos preparando para esse momento. 

O primeiro é do psiquiatra e escritor norte-americano John Mack, no qual ele pontua, ainda nos anos 1970, que “a fronteira entre virtual e real está perdendo sua forma. Agora é a hora de aprender a usar a tecnologia para que, em um futuro próximo, não sejamos usados ​​por ela”.

A constatação de Mack, demonstraria, segundo o CEO da Kes, que as novas tecnologias são sempre, e naturalmente, momentos de incertezas. Mais do que isso, ele adiantava o que agora alguns especialistas, como Silvio Meira, chamam de figital (mistura do mundo físico, social e digital).

Ricardo Makul trouxe ainda outras reflexões a respeito, como a de Yuval Noah Harari, o professor de história israelense e autor de best-sellers internacionais como “Sapiens: Uma breve história da humanidade” e “Homo Deus: Uma Breve História do Amanhã”. 

Harari escreveu: “É difícil compreender a velocidade exponencial com que essas ferramentas estão desenvolvendo capacidades mais avançadas e poderosas. Mas a maioria das habilidades-chave se resume a uma coisa: a capacidade de manipular e gerar linguagem, seja com palavras, sons ou imagens”.

A psicoterapeuta belga-americana Esther Perel, é outra referencia. Ela mostrou como a tecnologia está impactando os nossos relacionamentos, e alertou sobre os riscos disso: “Intimidade artificial com um bot não é realmente o que me preocupa. O que me preocupa é como as conexões facilitadas digitalmente estão diminuindo nossas expectativas de intimidade entre humanos”, escreveu a pensadora. 

Makul explicou que, o que a psicoterapeuta chama de intimidade artificial nos tira – ou reduz – sentimentos importantes para nós humanos, como lidar com o medo, tomar decisões e lidar com o desconforto. “A verdadeira fraqueza é essencial para a nossa sobrevivência.

Por essas e outras exposições, o especialista concluiu que “nós, definitivamente, precisamos de uma constituição digital, incluindo um debate amplo sobre o tema”. Isso envolve desde as autoridades, governos, sociedade e todas as companhias, de todos os portes e atividades. Para as corporações, aliás, a questão é ainda mais premente, como devemos conferir num próximo nível, talvez muito em breve.



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