Febraban Tech 2024 Febraban Tech 2024
pagamentos instantaneos Da esquerda para a direita: Leandro Vilain, Carlos Eduardo Brandt, Flavia Davoli, Rodrigo Nardoni e Cristina Pinna

Facilidade e eficiência trazem escala a pagamentos instantâneos

3 minutos de leitura

Inovações também ampliam a participação de agentes econômicos e o consumo de serviços financeiros



Por Redação em 26/06/2024

Soluções inovadoras para facilitar transações e investimentos foram o eixo do painel A evolução dos pagamentos instantâneos na economia digital global, no Febraban Tech 2024.

Carlos Eduardo Brandt, chefe de departamento do Banco Central do Brasil e coordenador do Fórum PIX, lembrou que as inovações criaram bases para acelerar a digitalização do país e estabeleceram uma estrutura para novos produtos financeiros.

Flávia Davoli, diretora do Santander Brasil, mencionou que o Brasil é o segundo país em pagamentos instantâneos, atrás apenas da Índia. “Até 2028, 25% dos pagamentos serão instantâneos”.

Segundo a executiva, do ponto de vista do pagador não há tolerância a erros e divergências, assim como se quer mais rapidez e transparência nas transações, principalmente no e-commerce. Do lado dos vendedores, os pagamentos instantâneos implicam melhor giro de estoque, simplificação da gestão do fluxo de caixa e segurança.

“Devemos ficar atentos a outras indústrias que criam experiências interessantes para os clientes”, disse Cristina Pinna, diretora de TI Bradesco. A executiva se referiu a inovações como a “gamificação” em aplicativos de transporte ou modelos de vendas cruzadas entre serviços de streaming.

Rodrigo Nardoni, vice-presidente de Tecnologia da B3, observou que a simplificação dos processos por si só aumenta a base para serviços financeiros, inclusive investimentos. “Com Open Finance se podem agregar informações, investir com instituições diferentes e a concorrência acelera a criação de produtos”, enumerou. Ele mencionou o uso do PIX para investimentos no Tesouro Direto. “Não se precisa mais esperar para sensibilizar o saldo na corretora”, disse.

Nardoni também destacou que a possibilidade de migrar entre corretoras da base da B3 fomenta a inclusão no mercado de capitais. “A CVM já fala de open capital market, para portabilidade dos investimentos”, exemplificou. “Hoje o cliente quer transações imediatas e sem erros. Ainda não conheço casos de uso de tokens, mas temos que contar com tecnologias que permitam a liquidação em tempo real”, afirmou.

Brandt identificou alguns paralelos na trajetória do PIX e do padrão para transferências instantâneas entre bancos internacionais IPI (Immediate Payment Instruction). “Se olharmos a adesão, no início o PIX foi impulsionado por transferências entre as pessoas. Com a adoção pelas empresas, surgiram soluções como pagamentos recorrentes ou em pontos fixos”, lembrou.

“As agendas de transações, meios de pagamento e crédito convergem”, disse Davoli. A diretora do Santander antevê cenários em que a intermediação financeira desaparece da experiência não apenas dos clientes, mas das cadeias de valor. “No segmento de Pessoas Jurídicas, os canais digitais dos bancos não tendem a concentrar o volume de transações. Teremos o payment as a service por meio de fornecedores, varejistas, e-commerce e empresas que capturam os clientes (de serviços financeiros) fora dos nossos canais”, descreveu. “Quem vai ganhar são os que conhecem mais os clientes e são capazes de criar cada vez mais conveniência”, avaliou.

Pina, do Bradesco, observou que a estrutura de segurança construída para transações instantâneas abre caminho para outras operações.

Pagamentos instantâneos: segurança, educação financeira e oportunidades de customização

Indagados sobre tendências e perspectivas pelo mediador do painel Leandro Vilain, sócio para práticas de serviços financeiros da Oliver Wyman Brasil, os líderes nos bancos destacaram confiabilidade e transparência como os eixos da criação e escala de aplicações de pagamento instantâneo.

“Um objetivo que valeria todo nosso trabalho é que as pessoas nunca mais tenham um celular para o ladrão (aparelho sem apps financeiras)”, resumiu Davoli, do Santander. “Junto à geolocalização e outros recursos de verificação, cresce o uso de biometria facial e validação de identidade, assim como de capacidade preditiva para prevenção a fraudes”, disse.

“A parte técnica da segurança está bem resolvida. Mas isso não basta; as pessoas precisam confiar”, disse Pina, do Bradesco. Outros pontos destacados pela executiva foram transparência e educação financeira. “Temos que explicar claramente o que fazemos com os dados, com informações precisas sobre as análises. As instituições também têm o dever de explicar à sociedade como escapar de fraudes, com uma estratégia de educação contínua”, acrescentou.

“Educação é o caminho para um arcabouço seguro”, disse Nardoni, da B3. “A tecnologia e a criação de produtos vão mudar muito nos próximos anos. Mas comunicação e segurança vão continuar no eixo da agenda daqui a cinco anos”, anteviu.

Cristina Pina disse ainda que a customização, com base em análises de contexto e oportunidades de criação de conveniências, abre espaço para novas formas de pagamentos invisíveis.

“Interoperabilidade é a palavra-chave para desenvolvimento do mercado”, enfatizou Nardoni. “Não haverá uma tecnologia usada por todos. Com padrões, podemos pensar em redes de pagamento globalizadas”, disse.



Matérias relacionadas

ia sem controle Inovação

Ganhadores do Nobel temem ameaça de IA sem controle

Para cientistas, a tecnologia pode levar a limites indesejáveis, colocando em questão a capacidade humana de controle

uso de ia generativa Inovação

Brasil supera grandes economias no uso de IA generativa

Estudo aponta que 57% dos brasileiros já utilizaram IA generativa, superando EUA, Alemanha, França e outros países

impacto ambiental da ia Inovação

Impacto ambiental da IA é pauta mundial

Em função da diversidade de fontes energéticas, Brasil pode oferecer alternativas sustentáveis para o setor

digitalizacao da saude Inovação

Estudo aponta avanços na digitalização da saúde

A pesquisa revelou que 92% dos estabelecimentos de saúde no Brasil possuem sistemas eletrônicos para registrar informações