Embora muitas empresas olhem a jornada de transformação digital como forma de conter gastos, estratégia deve possibilitar respostas ágeis.
Uma instituição de ensino superior aqui do Brasil se viu na seguinte situação em meados de março: embora faça um forte investimento em ensino a distância (EAD) já há alguns anos, a pandemia do novo coronavírus exigiu uma resposta rápida para os alunos que estudavam de forma presencial.
Por mais que virar essa chave tenha sido um desafio, a instituição conseguiu reduzir os impactos trazidos pela pandemia. Não porque a área de TI tenha apenas adotado uma solução específica em resposta à crise, mas sim porque a companhia já vinha numa longa jornada de transformação digital.
Se observamos o cenário atual, essa jornada garantiu a capacidade dessa instituição em conectar seus alunos a um ambiente digital. Garantir a continuidade do ensino não foi um teste para a transformação digital, mas sim uma prova dela.
O ensino a distância possivelmente vai ser um caminho sem volta, mesmo após passado esse período de pandemia. Até porque, empresas de diversos setores, não só da educação, buscam novos modelos de negócio que vão além do tradicional.
Isso significa a profissionalização dos ambientes — tanto físicos quanto digitais – com a adoção de tecnologias. Essa é a agenda de inovação de muitas empresas, porém, ela tem prazo para terminar?
A jornada digital sem fim
A transformação digital tem sido um assunto recorrente nas empresas, ainda mais com todas as possibilidades que a internet trouxe. No entanto, muitas organizações não são as entidades digitais que desejam ser.
Um dos motivos é o pensamento de que a transformação digital é um projeto com início, meio e fim. Quando, na verdade, as empresas precisam encarar a digitalização como uma novo modelo de negócio e uma nova forma de tocar as operações.
Segundo a pesquisa “2020 State of Digital Transformation” da TEKsystems, empresa de serviços de TI, 90% dos executivos C-Level entrevistados afirmaram que suas organizações estavam adotando totalmente uma estratégia digital.
No entanto, 40% também disseram que não estão satisfeitos com a reação atual de sua organização às tendências digitais. Isso se dá devido ao planejamento limitado de iniciativas e investimentos de inovação.
Tanto que outro relatório de 2020, desta vez da AHEAD, fornecedora de soluções de TI, aponta para algo preocupante: a adoção de tecnologias apenas como meio de cortar custos das empresas. De 93% dos executivos entrevistados:
- 77% esperam cortar gastos operacionais.
- 71% esperam aprimorar a experiência do consumidor.
- 42% enfrentam dificuldades em alcançar o sucesso na digitalização, porque estão se esforçando tardiamente ou se perdendo na estratégia.
Como ser uma empresa responsiva?
Ser digital exige uma mudança de mentalidade, para a qual nem todas as empresas estão prontas. A pesquisa “2020 Global Digital IQ” da PwC, mostrou isso. Apenas 5% das organizações entrevistadas fazem tudo que é necessário para obter retorno dos investimentos em inovação.
Vamos retomar o exemplo do cliente da Embratel, citado no início do texto. A instituição já possuía um ambiente EAD e, com a chegada do coronavírus e o isolamento social, precisou escalar o negócio para suportar 300 mil estudantes que estudavam no formato presencial.
Isso só foi possível, porque a jornada de transformação digital começou há quase uma década, quando a instituição decidiu investir na implantação do ensino a distância. De lá para cá, com apoio da Embratel, ela conseguiu responder rapidamente a essa mudança.
Claro, ser uma empresa responsiva às mudanças não exige somente adoção constante de tecnologias. Até porque, elas surgem e evoluem de forma constante e rápida. Por isso, CIOs e CEOs podem considerar algumas questões:
- Qual estratégia de adotar determinada tecnologia?
- Como as unidades de negócios podem ser envolvidas nessa estratégia?
- Qual modelo de trabalho essa tecnologia pode trazer para a equipe?
- Essa tecnologia vai ficar obsoleta? É possível prever?
Entender esses questionamentos vai possibilitar a criação de processos operacionais capazes de acomodar ciclos de vida mais curto da tecnologia, assim como a adoção mais rápida de soluções e atender de imediato às expectativas e necessidades dos clientes.
Jornada pode começar com pequenas mudanças
Existe essa pressão por velocidade quando o assunto é transformação digital. Vamos usar como exemplo o crescimento viral de Pokémon Go. O game levou 19 dias para ter 50 milhões de usuários. O rádio conseguiu esse mesmo feito, mas em 38 anos.
No entanto, para uma empresa que nasce digital, essa velocidade pode até ser justificável. Se não é o caso da sua, os olhares não devem estar voltados para a concorrência, mas para meios de acompanhar esse ritmo.
Ou seja, é conseguir gerenciar os investimentos e estratégias de ser digital. E isso pode ser feito a partir de vários objetivos de curto, médio e longo prazos e que considerem o retorno de negócios tangíveis.
Traçar um plano olhando objetivos de diferentes prazos vai possibilitar que clientes e colaboradores adotem novas tecnologias ou processos. Assim, será possível avaliar todos esses resultados antes de seguir para a próxima estratégia de inovação.
Esse tipo de abordagem é capaz de promover uma transformação contínua sem sobrecarregar as pessoas. No fim, sua empresa vai conseguir identificar um aumento de receita, fazer um melhor gerenciamento de risco e ofertar mais eficiência.
Principais destaques desta matéria
- Transformação digital sempre será uma jornada contínua para as empresas.
- No entanto, muitas encaram a adoção de tecnologias apenas como forma de reduzir custos.
- Criar objetivos de diferentes prazos ajuda a ser digital e a ter respostas rápidas ao cenário.