Pesquisa da Deloitte aponta impactos da COVID-19 no setor e lista questões setoriais que devem receber atenção dos líderes desta indústria
Você realizou alguma consulta médica on-line em 2020 ou neste ano? Desde o início da pandemia do novo coronavírus, diversas instituições públicas e privadas de saúde passaram a oferecer atendimento a distância para seus pacientes.
Para os consumidores, a telemedicina pode até ser uma facilidade. Porém, nos bastidores, a força de trabalho, a infraestrutura e a cadeia de abastecimento do setor da saúde enfrentam os mesmos desafios de outros setores quando o assunto é inovação durante uma pandemia.
Apesar do cenário ser desafiador, a pesquisa “Perspectivas globais do setor de saúde 2021” da Deloitte mostra que este é o momento de todo o ecossistema entender como conseguir avançar nessa jornada de transformação.
O relatório da consultoria destaca algumas questões setoriais urgentes que toda a cadeia deve ficar de olho para este ano. São elas:
- Consumidores e experiências humanas;
- Inovação do modelo de assistência;
- Transformação digital e dados interoperáveis;
- Desigualdade (no acesso ao sistema de saúde)
- Cooperação em todo ecossistema;
- Futuro do trabalho e reserva de talentos.
São pontos que desafiam governos, a classe trabalhadora, investidores e outros stakeholders a dinamizar, adaptar e inovar rapidamente. E a forma escolhida para responder a essas questões “moldará a capacidade [da cadeia] de se recuperar e prosperar no período pós-pandêmico”, diz a Deloitte.
Setor da saúde: criando uma base para o futuro
Embora o setor da saúde tenha a perspectiva de reduzir os gastos globais em 2,6% neste ano, a longo prazo, é esperado uma taxa de crescimento anual composta (CAGR) de 4% até 2024. Esse número está acima do período entre 2015 e 2019, que foi de 2,8%, aponta a Deloitte.
Para este ano, a Deloitte destaca que os “efeitos desfavoráveis da COVID-19 relacionados ao lockdows e as medidas de distanciamento social e restrições de cuidados” são os motivos para essa redução de gastos relacionados à saúde.
FIQUE POR DENTRO: Como telessaúde pode ser uma tecnologia em ascensão em 2021
No entanto, olhando para um período pós-pandêmico, alguns fatores vão impactar a retomada dos gastos:
- Envelhecimento da população.
- Aumento da demanda por cuidado.
- Recuperação econômica gradual dos países.
- Avanços clínicos e tecnológicos.
- Custos trabalhistas.
- Expansão do público e dos sistemas de saúde para a população.
São fatores que, ao lado das questões setoriais urgentes, irão comandar a transformação do setor — mais tecnológica, centrada no cliente e necessariamente inclusiva.
Detalhamos três dessas questões neste texto (para ler toda a análise, acesse o estudo da consultoria). Confira abaixo.
1. Consumidores e experiências humanas
O relatório da Deloitte aponta que as pessoas têm ajudado a acelerar o ritmo da transformação do setor da saúde. Isso porque elas passaram a usar mais a tecnologia para monitorar a saúde, assim como se habituaram a ter consultas virtuais.
De 2019 para o início de 2020, cresceu de 15% para 19% o número de pessoas que realizavam algum tipo de consulta on-line. Já em abril do ano passado, o uso dessa modalidade por pacientes saltou para 28%.
“80% dos consumidores dizem que provavelmente terão outra consulta virtual, mesmo depois da pandemia.”
– Deloitte
Sobre o uso de tecnologia, as pessoas têm monitorado a saúde a partir de dispositivos de condicionamento (pulseiras inteligentes, smartwatches etc.). Entre as que fazem um acompanhamento da saúde, 75% disseram que essa atividade mudou o comportamento.
2. Inovação do modelo de assistência
Uma mudança da prestação de serviço à saúde aconteceu com a maior adoção de tecnologias de telemedicina. Não só pacientes, mas profissionais da área, clínicas e hospitais passaram a se apoiar nessa inovação.
Tanto que toda a cadeia acredita em novos modelos de negócio e que as tecnologias podem apoiar essa transformação, como os dados do relatório indicam:
- 72% dos consumidores têm a saúde e bem-estar como prioridades.
- 60% dos médicos buscam priorizar a prevenção e bem-estar dos pacientes.
- 75% dos pacientes esperam trabalhar em parceria com fornecedores de serviços de saúde (academias, profissionais de educação física, de nutrição, entre outras áreas).
Segundo a Deloitte, o modelo de assistência do futuro será mais orientado no paciente, com foco em prevenção e ênfase na saúde e bem-estar.
3. Transformação digital e dados interoperáveis
A COVID-19 impactou diversos setores e o da saúde viu a oportunidade de acelerar a inovação digital. Na Europa, 65% dos provedores da área adotaram tecnologias para apoiar os médicos e suas rotinas de trabalho. Já 64% forneceram suporte virtual e novas interações com os pacientes.
Um exemplo é a Inteligência Artificial (IA). Ela, até então, era focada em automatizar processos manuais no setor da saúde. Após a pandemia, a tecnologia passou a ser usada para ajudar a resolver problemas clínicos e não clínicos.
Já a computação em nuvem, que teve grande destaque em 2020, continuará exercendo papel fundamental este ano. Os gastos com a tecnologia aumentaram 11% no segundo trimestre do ano passado, revelou a Deloitte.
Foram gastos usados para migrar sistemas de TI para a nuvem e facilitar a adoção de ferramentas de dados e análises. Agora, a expectativa é que o setor, com a tecnologia, consiga criar uma área de trabalho virtual escalonável e permitir atendimento remoto e trabalho a distância, segundo o relatório.
Esses são alguns pontos destacados no relatório da Deloitte. Caso queira entender mais como a telemedicina impulsionará o diagnóstico do futuro, dê o play abaixo na série “Juntos no Próximo Nível”, podcast produzido pela Embratel.
Principais destaques desta matéria
- Setor da saúde também passa por desafios desde o início da pandemia de COVID-19.
- Deloitte divulga relatório que destaca questões que o setor deve prestar atenção.
- Confira 3 fatores que vão impactar entidades públicas e privadas, pacientes e toda a cadeia.