A segurança é uma das principais razões pelas quais as empresas investem em redes privativas, afirma Marcos Biazotto, gerente de contas da Trópico. Durante o MPN Fórum, evento que abordou o avanço das redes de celulares privativas no Brasil, no final de junho, Biazotto destacou que essas redes não apenas aumentam a produtividade, mas também garantem a segurança dos colaboradores.
“É essencial entender a criticidade das operações do cliente, especialmente em serviços de utilidade pública, como o setor elétrico, onde há vários requisitos a serem atendidos para garantir a aplicação correta da rede”, explica Biazotto. Em setores onde a operação não pode parar, como no chão de fábrica, a necessidade de uma rede confiável é ainda mais evidente.
LTE, 4G e 5G: Escolhendo a Melhor Opção
Escolher entre LTE, 4G ou 5G vai além de decidir a tecnologia; é preciso considerar a disponibilidade de frequência e a área de cobertura. “No setor elétrico, por exemplo, o 4G e o 5G permitem usar um core único para tratar todas as frequências”, comenta Biazotto. “O mais importante é medir a criticidade da aplicação e estudar qual o melhor sistema de comunicação a ser implantado.”
Jeremias Neves, diretor de Vendas IoT da Khomp, abordou a monetização em redes mistas, destacando a importância de colocar produtos no mercado usando a tecnologia de forma eficaz. “A tecnologia é um meio, não o fim. O Brasil, com sua diversidade de projetos, precisa aproveitar a conectividade como porta de entrada para vender serviços de valor agregado”, explica Neves.
Benefícios do 5G Standalone
Ricardo Pence, vice-presidente de vendas da Baicells, explicou os benefícios do 5G standalone. “Ele oferece menor latência, o que permite uma série de aplicações novas. Além disso, o 5G standalone pode utilizar a infraestrutura existente do 4G, facilitando a transição e permitindo upgrades via software.”
As bandas de frequência também desempenham um papel crucial. “Bandas abaixo de 1GHz priorizam cobertura, enquanto as bandas médias equilibram capacidade e cobertura. As bandas milimétricas, por sua vez, oferecem alta capacidade, ideal para áreas com alta densidade de dispositivos”, detalha Pence.
Desafios e Oportunidades no Brasil
O Brasil tem um grande potencial para redes privativas, mas ainda enfrenta desafios, como a falta de conhecimento e infraestrutura. Marco Szili, sócio-fundador da Telesys, ressalta a importância de aumentar o número de integradores e amadurecer digitalmente. “Redes privativas são essencialmente B2B, e as empresas precisam entender seus benefícios para superar a aversão ao risco e sensibilidade a gastos.”
Audry Rojas, analista sênior da IDC, reforça que as redes privativas devem resolver problemas específicos da empresa. “Elas não são apenas conectividade; devem trazer soluções concretas para justificar seu investimento.”
Cristiano Moreira, gerente de produtos 5G da Embratel, destaca a necessidade de infraestrutura adequada para suportar a inteligência artificial. Para ele, o uso da IA vai despertar a necessidade de uma rede privativa conectada a um data center. Já Tiago Fontes, diretor de Marketing Estratégico da Huawei, enfatiza a importância da cibersegurança no 5G, que oferece criptografia de 256 bits, o dobro do 4G.
Futuro das Redes Privativas
A regulamentação também está avançando, facilitando novos projetos. Paulo Bernardocki, diretor de soluções de rede da Ericsson, menciona que o Ato 915 da Anatel está destravando muitos projetos, especialmente no setor agro, que está focado em LTE.
Renato Bueno, diretor de redes móveis corporativas da Nokia, observa que o conhecimento sobre ecossistemas e integradores está crescendo, com setores como agronegócio liderando a implantação de redes privativas. “Vamos ver cada vez mais especialização em setores como manufatura e portos”, finaliza Bueno.
Em resumo, as redes privativas 5G oferecem segurança, maior produtividade e novas oportunidades de inovação, mas exigem um entendimento profundo das necessidades específicas de cada setor e uma infraestrutura robusta para serem plenamente eficazes.