tv linear Guilherme Saraiva, Diretor Comercial da Embratel

A distribuição de sinais no segmento de TV linear já mudou

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Painel inaugural da Set Expo 2023 radiografou os formatos possíveis, traçou o momento e apontou as diversas possibilidades para o futuro do setor, como o uso em escala da nuvem



Por Redação em 08/08/2023

Com o painel de extenso título “Algo mudou na forma de distribuição de sinais para TV linear nos últimos anos? A resposta é sim!”, a edição da Set Expo 2023 foi inaugurada nesta segunda-feira (7 de agosto).

Maior evento de tecnologia e negócios de mídia e entretenimento da América Latina, a apresentação trouxe o spoiler de que a distribuição mudou. A conversa, que reuniu executivos da Embratel, Grupo Globo, Net Insight e Intelsat, apontou os caminhos possíveis para o setor. 

Um mercado que conta com uma multiplicidade de modelos de transporte, do tradicional satélite até o 5G, passando por SRT (Secure Reliable Transport) na nuvem e orquestração com SD-WAN. “Independentemente da solução contratada, sempre recomendamos que o cliente busque um outro provedor, para ter redundância. O satélite, por exemplo, pode ser uma terceira rota. Mas o futuro, claro, está na nuvem”, assegurou Guilherme Saraiva, Diretor Comercial da Embratel.

Ele apresentou a solução EVSol SD-WAN, ressaltando o transporte por software como um meio seguro de distribuição de sinais de vídeo via Internet para os setores de mídia e entretenimento. “Criamos há 10 anos essa rede gerenciada de altíssima disponibilidade, que combina as redes definidas por software da SD-WAN com o conceito de SRT, e fazemos constantes evoluções, com complemento da gestão realizada por nossos Centros de TV no Rio de Janeiro e em São Paulo. Hoje, com essa estrutura, temos acesso a todos os principais estádios do Brasil para a cobertura e transmissão dos jogos do Brasileirão pela Rede Globo, por exemplo”, explicou.

Como diferencial da tecnologia EVSol (Embratel Vídeo Soluções), Saraiva enfatizou os níveis de latência, jitter, alta recuperação da perda de pacotes e a criptografia de ponta a ponta, bem como o ambiente gerenciável, que propiciam a transmissão de vídeo em tempo real e com extrema qualidade. Ao todo, as aplicações possíveis com a rede EVSol chegam a 14 atualmente. “É interessante mostrar que a inteligência da rede saiu do core e foi para a borda, e sempre criamos dois caminhos, pelo menos, para o transporte. O que tiver melhor condição de tráfego é o utilizado”, adiantou.

Contexto e mudança no conceito de TV linear

Essa busca por diferentes formatos de distribuição faz sentido para a TV tradicional, quando ela se defronta com as mudanças de consumo das pessoas, que agora dividem a sua atenção entre as diversas opções de streaming, redes sociais, jogos online, entre outros. Ou seja, a busca por soluções competitivas, rápidas e que possam ser alocadas em diferentes locais – a ideia de eventos ao vivo acaba sendo um diferencial importante – é o mote principal.

Isso foi explicitado por Camilla Cintra, Gerente de Projetos de Telecom da Globo. “Nosso maior compromisso é garantir que o melhor conteúdo chegue à casa das pessoas, por meio de nossos canais abertos e fechados, ou mesmo na Internet e pelo streaming da Globoplay. Temos que ser flexíveis e escaláveis e, para garantir essa premissa, operamos com diversas soluções de distribuição. Temos agora uma jornada voltada para a nuvem”, garantiu.

Ela revelou que os canais premium da marca continuam on premise, mas que trabalha com conectividade via fibra e satélite com parceiros. “Pode ser que ano que vem eu venha aqui na Set e mude tudo, o mercado é muito dinâmico”. O certo, segundo ela, é que “é preciso diminuir os custos e o modelo de distribuição é pensado de acordo com o produto.  Nosso CDN, por exemplo, é um ativo e precisamos comercializar tanto os seus serviços internamente quanto para fora da empresa”.

A companhia já faz central casting de canais que estão em Belo Horizonte, Brasília e Recife, utilizando tanto satélite quanto redes pública e privada, a partir de sua estrutura no Rio de Janeiro. “Estamos agora em testes com nossa afiliada de Vitória da Conquista (BA) para serviços de nossa CDN, e não tivemos mudança nas velocidades com ela”, assegura a executiva.

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Nuvem à vista

O representante da Net Insight, Daniel Diniz, Diretor de Vendas LATAM da companhia, explicou que a chave para entregar conteúdo de vídeo pela Internet está no uso de protocolos avançados, como ARQ, que gerenciam a transmissão e retransmissão de pacotes, melhorando assim a confiabilidade da distribuição. “Se as redes IP chegavam aos 98% de QoS, hoje chegamos a 99,9999% ou até cinco noves, o que mostra a qualidade da infraestrutura atual”, compara.

Como os demais integrantes do painel, ele também vê a evolução do mercado na cloud computing. “O nosso conceito é um roteador virtual de vídeo que aceita diversos protocolos, o agregamos na nuvem e podemos fazer tudo de lá, utilizando Docker e Kubernetes para melhorar a resiliência”, explica. Na prática, as emissoras aqui e no mundo podem usar a nuvem contratando por período e pagando por serviço.

Diniz falou ainda da opção atual de operar seus serviços de distribuição por central cast. “Utilizamos os equipamentos e a redundância dos links, aproveitando os equipamentos de Internet. Podemos pegar os múltiplos feeds, mandar pela web e fazer o corte de forma remota. Já temos feito isso há alguns poucos anos”, admitiu, falando do case da SRG/SRF Sports Production, emissora sueca de esportes, que fez experiências nesse sentido.

Para justificar o olhar para a distribuição de vídeos pela nuvem, Saraiva, da Embratel, comparou com o cenário de uso de software em geral, que hoje é fortemente baseado em cloud computing. “A tendência é de que tudo, até a distribuição de vídeo, esteja na nuvem. Por que uma emissora ou provedora de conteúdo vai operar tudo internamente, se todos querem melhorar os seus custos?”

Outra tendência é a de que as afiliadas cada vez mais tenham serviços e anúncios locais – o mesmo acontece com a regionalização dos canais de TV por assinatura -, o que vai alavancar novos serviços de transporte, na nuvem ou em outros modelos. “Temos um cliente que regionalizou seus canais de assinatura em São Paulo e em Brasília, com essa perspectiva”, revela o executivo da Embratel. 

Já Marcelo Amoedo, Diretor de Vendas Sênior da Intelsat Serviços de Broadcast, falou sobre a mudança no cenário de consumo de vídeo, impulsionada pelo aumento de redes de banda larga e celulares. O palestrante abordou os desafios da crescente concorrência na indústria de streaming e enfatizou a importância da exclusividade de conteúdo e parcerias. A abordagem da empresa, aliás, é unificar sua rede via satélite e conexões terrestres para o tráfego de vídeo e dados.

Ao final, os painelistas responderam algumas perguntas que demonstraram a preocupação do público com a estabilidade da Internet e a dependência da indústria de mídia em relação a ela. Aqui, os especialistas concordaram que, embora a Internet tenha seus riscos, sua confiabilidade melhorou com protocolos avançados e redundâncias. O consenso é e que a indústria é dinâmica e está em constante evolução, e será impactada pelo 5G, ainda incipiente, mas que com certeza exigirá estratégias adaptáveis e inovação contínua.



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