Imagem conceito sobre smart grids

Smart grids revolucionam o consumo de energia

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Redes inteligentes trazem uma série de vantagens para companhias, consumidores e o meio ambiente, num mercado que vai chegar a US$ 1,5 trilhão.



Por Redação em 15/10/2018

Tecnologias que permitem a implementação de redes inteligentes de distribuição elétrica estão revolucionando o mercado de energia no mundo e prometem, em um futuro próximo, consolidar de vez a era das cidades inteligentes e da Internet das Coisas. Batizadas de smart grids, essas redes possibilitam uma eficiência operacional maior da infraestrutura energética nos grandes centros urbanos, conectividade com redes de outros serviços (transporte e telecomunicações, por exemplo), além da produção de energia em residências – em um mercado mundial estimado em bilhões de dólares.

“Atualmente, a energia é a base da nossa sociedade moderna e a primeira camada crítica de conforto para uma cidade verdadeiramente conectada. Nesse contexto, as smart grids sintetizam um conjunto de tecnologias recentes que inclui medidores inteligentes, sistemas de alta performance e armazenamento, além de dispositivos para geração de energia renovável em pequena escala”, descreve Cyro Boccuzzi sócio-diretor da consultoria ECOEE e presidente do Fórum Latino-Americano de Smart Grid. “Essas redes representam uma grande mudança de paradigma no setor energético em todo o mundo porque, ao trabalharem de forma integrada, trazem inúmeros benefícios a distribuidoras, consumidores e meio ambiente.”

Apesar do seu caráter futurístico, as redes inteligentes já são uma realidade em cidades de diversos países, como EUA, Itália, Espanha, Portugal, Japão e, em certa medida, até no Brasil. De acordo com Boccuzzi, esse mercado movimenta centenas de bilhões de dólares anualmente e deve superar a marca de US$ 1,5 trilhão em todo o mundo até 2020. Por aqui, um relatório publicado em junho de 2016 pela Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimento (Apex-Brasil) estima que esse mercado irá variar entre US$ 11 bilhões e US$ 18 bilhões até 2025.

Um dos pontos centrais para a implementação dessas redes é a substituição dos tradicionais relógios de luz analógicos por equipamentos digitais bidirecionais. Esses novos medidores permitem o envio de dados em ambos os sentidos entre distribuidoras e consumidores, realizam uma gestão mais eficiente da energia e ainda conseguem gerar informações de consumo em tempo real. Com isso, companhias elétricas podem criar tarifas dinâmicas que variam de acordo com os perfis dos seus clientes, otimizar sua infraestrutura de distribuição e dar mais transparência ao seu serviço.

Em estados americanos como Nova York, Texas e Califórnia, por exemplo, as distribuidoras já são capazes de ofertar planos personalizados com base nos horários e nos hábitos de consumo dos seus clientes. Já os consumidores têm um controle mais preciso sobre seus gastos, pois podem desligar equipamentos remotamente e acompanhar as informações da sua conta em tempo real, por meio de aplicativos, sites e agências digitais – uma grande evolução em comparação com a limitada consulta mensal permitida pelos medidores analógicos.

De olho nos benefícios das redes inteligentes de energia, a Itália foi o primeiro país europeu a realizar uma adoção maciça de medidores digitais, no início dos anos 2000. Em cerca de 5 anos, os italianos substituíram mais de 30 milhões de dispositivos analógicos pelos novos modelos, numa operação cujos custos se pagaram em menos de 5 anos devido à economia obtida. Capazes de integrar outras fontes de energia em sua rede, como painéis solares, as smart grids também tornam possível a consumidores de baixa tensão, como pequenos comerciantes e residências, gerarem a eletricidade necessária para o seu próprio consumo. O excedente dessa produção pode então ser revendido para as distribuidoras, reduzindo custos na conta de luz e os impactos ao meio ambiente, além de alimentar um novo tipo de economia local. Trata-se de uma realidade cada vez mais acessível diante da evolução e do barateamento das tecnologias de geração de energia eólica e solar de pequeno porte.

“Mesmo no Brasil já é possível notar mudanças nesse sentido. Há dez anos, um sistema de automação de energia residencial começava na faixa dos R$ 40 mil. Hoje, você consegue encontrar sistemas do tipo ‘faça você mesmo’ abaixo dos mil reais”, explica Boccuzzi, que diz notar uma crescente demanda dos próprios consumidores por sistemas do tipo para casas e prédios. “A tendência é que em um futuro próximo as residências já passem a ser construídas com algum tipo de sistemas de geração de energia renovável de pequeno porte. Esse será o padrão, não mais a exceção”, afirma o consultor.

Publicado em: Época Negócios - dez/2017


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