O agro é pop, o agro é tech, o agro é tudo, mas as mudanças climáticas estão tornando o cenário no campo cada vez mais desafiador. Para mitigar questões climáticas e adaptarem-se a elas, os produtores rurais precisam de uma mudança de mentalidade e da aceitação da tecnologia como vetores dessa mudança. Durante o Web Summit Rio 2024, dois fundadores de empresas de tecnologia que atuam no campo externaram suas visões sobre o tema.
A CEO da Agrosmart, Mariana Vasconcelos, que tem raízes familiares na agricultura, ressaltou a importância de compreender os desafios enfrentados pelos agricultores para desenvolver soluções tecnológicas relevantes. Ela enfatizou a missão da Agrosmart em utilizar sensores, IoT e algoritmos preditivos para monitorar o microclima e fornecer informações aos produtores, para aumentar sua produtividade e reduzir as emissões de carbono.
A executiva destacou o papel fundamental da tecnologia na mitigação dos riscos associados às mudanças climáticas na agricultura, enfatizando a importância da IoT e de benchmarks de sustentabilidade para estimular uma produção mais eficiente e ambientalmente responsável. E ressaltou a prioridade crescente dos produtores em relação às questões climáticas e à necessidade de informações precisas e oportunas.
Evolução tecnológica e maior participação feminina
Matheus Ganem, Co-fundador & CEO da Seedz, compartilhou sua experiência pessoal, também tendo crescido em uma família de produtores agrícolas. Ele observou uma rápida evolução tecnológica ao longo dos últimos 10 anos, com novas soluções surgindo para auxiliar os agricultores em suas atividades. E pontuou também o desafio social pelo qual passam esses agentes, com falta de formação educacional formal e baixo acesso a crédito. Nesse ponto, a tecnologia tem o papel de impulsionar a lucratividade, promover uma vida melhor e viabilizar soluções na área climática.
O clima afeta todo o supply chain da agricultura, aponta Mariana. Bancos, indústria e o próprio produtor são afetados. Segundo ela, 70% do risco financeiro do segmento vem do clima. Por isso, é preciso pensar em mitigação, adaptação e resiliência e os dados colhidos no campo são fundamentais para isso. Assim, produtores podem ter acesso a benchmarks de produtividade, gasto de energia, emissões de carbono e consumo de água, comparando-os entre diferentes propriedades.
Um aspecto discutido por Matheus Ganem foi o aumento da participação feminina no setor agrícola, tanto entre os clientes da Seedz quanto na liderança de sua própria equipe. Ele destacou o papel crucial que as mulheres desempenham na gestão e na adoção de tecnologias agrícolas. Segundo ele, 50% dos clientes da Seedz são mulheres que estão assumindo os negócios familiares. Essa renovação está ampliando a aceitação da tecnologia para mitigar questões climáticas.
Apesar dos desafios, os executivos estão otimistas em relação ao futuro da tecnologia na agricultura brasileira, destacando o potencial da inovação para impulsionar a produtividade, a sustentabilidade e o bem-estar dos produtores.