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Tecnologia no campo é ciclo virtuoso para produtores

6 minutos de leitura

Entenda como o Brasil avança no uso de tecnologias digitais no agronegócio



Por Redação em 22/02/2024

O uso de tecnologia no campo é uma das principais ferramentas para apoiar os produtores rurais no cuidado com o meio ambiente, para melhorar a qualidade da alimentação mundial e também para gerar crescimento econômico no país. O agronegócio tem se firmado como a principal atividade econômica do Brasil, sendo que, em 2023, representou cerca de 24,1% do PIB, de acordo com avaliação prévia do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP, em parceria com a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil.

Em valores, calcula-se que o agronegócio movimentou cerca de R$ 2,62 trilhões no ano passado. Parte disso foi aplicado e, ao mesmo tempo, é resultado dos investimentos em digitalização, o que faz do uso de tecnologia no campo um ciclo virtuoso para os produtores rurais que buscam mais eficiência e rentabilidade em suas operações. Navegue pelos tópicos abaixo para saber mais sobre o tema.

Tecnologia no campo contra a fome

Ao mesmo tempo, o uso de mais tecnologia no campo tem sido apontada como crucial para a missão de alimentar o planeta, em linha com o que rege o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS 2), da ONU. Isto porque a estimativa é que a produção agrícola mundial precise crescer cerca de 60% até 2050 para atender à demanda do crescimento populacional previsto para o período. 

“Sem a informação de precisão proveniente da agricultura digital e com o manejo sendo feito da mesma forma que se faz hoje em dia, esse aumento de produtividade não é possível, especialmente porque o setor agropecuário enfrenta os impactos das mudanças climáticas”, explicou Eduardo Polidoro, diretor de IoT da Claro, durante evento transmitido pelo site GHZ Campo e Lavoura.

Tecnologia contra problema alimentar

Walter Baethgen, pesquisador sênior da Universidade de Columbia, detalhou o problema alimentar no mundo, como mostra uma entrevista para o hub de conteúdo Prato do Amanhã, da Marfrig. Segundo ele, dos quase 8 bilhões de habitantes, cerca de 10% (800 milhões de pessoas) dormem com fome todos os dias. 

Em contraponto, há 2 bilhões de pessoas com sobrepeso, além de mais 1 bilhão com obesidade. “Ou seja, temos, pela primeira vez na história humana, mais gente com problema de saúde por uma nutrição não adequada (diabetes, pressão arterial etc.) do que por subnutrição. Somando os subnutridos e os nutridos inadequadamente, temos praticamente a metade da população mundial com problema de alimentação. Isso, definitivamente, não pode estar certo, ainda mais se acrescentarmos a variável do clima, que interfere diretamente no rendimento das lavouras”, disse.

Mesmo diante desse desafio, a aplicação de tecnologia no campo está aquém do que poderia. 

Desafios para mais tecnologia no campo

Segundo estudo da Fundação Dom Cabral (FDC) com a Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ), PUC Minas e Universidad Autónoma de Chile, os produtores apoiam a implementação de mais digitalização em seus negócios, mas enfrentam dificuldades para isso, como a transição entre áreas funcionais da empresa.

De forma prática, o estudo listou três itens necessários para ampliar a transformação digital do agronegócio, conforme abaixo:

1. Mercado:

A maioria das empresas que participaram da pesquisa respondeu que não está criando um volume significativo de negócios por meio de canais digitais, principalmente entre as pequenas e médias empresas. Isso, obviamente, enfraquece o apoio a novas iniciativas de implementação de tecnologia no campo.

2. Gestão de pessoas

Para os respondentes da pesquisa liderada pela FDC, isto é considerado um “grande impedimento” para ampliar a maturidade digital nas empresas. “Resumidamente, as pequenas, médias e grandes empresas do agronegócio não estão com especialistas em questões centrais relacionadas à transformação digital e não estão tomando medidas para fortalecer a alfabetização digital. Entre as pequenas e médias empresas, a gestão de pessoas é uma dificuldade ainda maior, demonstrando que não estão se preparando para o futuro”, pontua o relatório. 

3. Gestão de operações

O último ponto do relatório é a gestão de operações. De acordo com a pesquisa, os produtores não têm recursos de tempo, pessoas e orçamento suficientes para gerir a operação de digitalização dentro de suas companhias. Isto, obviamente, compromete a implementação de estratégias digitais.

Agtechs

Diante das dificuldades apontadas pela pesquisa das universidades acima, novas soluções surgem quase que diariamente no mercado, a fim de apoiar a jornada digital do agro. Grande parte delas vêm de startups, geralmente focadas nesse setor e chamadas de agtechs.

No ano passado, houve recorde dessas empresas no Brasil, que registrou 1.953 agtechs em operação, segundo o Radar Agtech. O volume é quase 15% superior ao de 2022 e, além da quantidade, traz também uma variedade qualitativa, com soluções tecnológicas que estão sendo implementadas nas empresas.

Tendências de tecnologias no campo

Esse levantamento é elaborado pela Embrapa, SP Ventures e a Homo Ludens e pontua que as inovações no agronegócio brasileiro têm se concentrado em tecnologias que visam não apenas aumentar a eficiência operacional, mas também promover a sustentabilidade e integrar-se às tendências globais de mercado.

Para o Radar Agtech, as principais tendências tecnológicas no setor em 2024 serão a inteligência artificial (IA), a sustentabilidade e a conectividade. A IA é apontada como a principal delas, devido ao seu potencial para otimizar processos.

Ainda segundo a pesquisa, a análise preditiva, machine learning, redes neurais artificiais e IA generativa já integram aplicativos, maquinários e sensores, bem como operam para gestão, previsão climática, planejamento logístico, desenvolvimento de produtos e serviços.

Não sem motivos, soluções como o Campo Conectado, da Embratel, têm se destacado ao viabilizar a geração, o cruzamento e o tratamento de dados por meio da análise online (analytics), inteligência artificial (IA) e aprendizado de máquina (machine learning) para a tomada de decisões em tempo real.

Enquanto a adoção tecnológica avança para as atividades de gestão operacional, ela parece já estar perto da consolidação para os meios de pagamento. É o que revela a Mckinsey, em um estudo apontando que 71% dos produtores rurais usam meio digital em algum momento de sua jornada de compras. 

Conforme noticiou o site Summit Agro, do Estadão, 41% desses acima já preferem, declaradamente, canais online aos físicos para fazer seus pagamentos. E mais: os meios digitais são usados principalmente para compras de insumos e equipamentos, segundo o levantamento do The Brazilian Farms Mind in the Digital Era, que ouviu cerca de 2 mil produtores entre 2020 e 2022.

Voltando à pesquisa da Mckinsey, foi detectado que o avanço das tecnologias no campo acompanha a renovação das lideranças. No Centro-Oeste, por exemplo, quase dois terços dos agricultores têm menos de 45 anos. “Os primeiros a adotar a agricultura de precisão, como drones e aplicações de taxa variável, tendem a ser os mais jovens, aqueles possuem grandes propriedades e estão localizados na região de Matopiba (Estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia)”, disse Nelson Ferreira, sócio sênior da McKinsey, à matéria do Summit Agro Estadão.

Agricultura de precisão, o que é?

A Confederação de Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) define a “agricultura de precisão como um sistema de gerenciamento agrícola que cresce no país, na medida em que as informações sobre conceitos, técnicas e vantagens chegam ao produtor rural”. Em outras palavras, a agricultura de precisão utiliza tecnologias digitais para promover maior acuracidade, produtividade e rentabilidade ao produtor rural.

Para a CNA, essas tecnologias buscam acompanhar o processo produtivo de maneira precisa, “coletando e analisando as informações por meio de tecnologias que facilitam a tomada de decisão pelos produtores e trabalhadores rurais, proporcionando maior controle sobre todo o processo produtivo e contribuindo para uma produção eficiente, lucrativa e sustentável”.

Parte importante da agricultura de precisão está atrelada à conectividade, de modo que os equipamentos, seus chips e outros sistemas, precisam de redes de telecomunicações eficientes para a transmissão dos dados colhidos durante as operações.

Conectividade no campo

No ano passado, a ConectarAGRO realizou um estudo nos estados do Mato Grosso e Paraná apontando que é possível atingir redução de até 5% ao ano no uso de combustíveis quando se aproveita da agricultura de precisão com o uso de conectividade. Isso resulta em menor emissão de gases causadores do efeito estufa (GEE) e em um ganho de cerca de 2% em produtividade.

O Campo Conectado, da Embratel, atua com a missão de ampliar a conectividade nas áreas rurais e ampliar essas possibilidades de resultado. Adriano Pires, diretor de Vendas da Embratel, resumiu que “um mundo conectado é a base para a era da informação”. Em sua avaliação, com o Campo Conectado e o sensoriamento remoto para gerenciamento das operações em tempo real, a perspectiva é de redução no uso de sementes, utilização mais racional de fertilizantes e defensivos agrícolas, diminuição do uso de combustíveis fósseis, redução de perdas agrícolas e aumento da rastreabilidade na cadeia alimentar, entre outras vantagens.

Já o diretor-executivo de Marketing e Negócios da Embratel, Marcello Miguel, explicou que, com o Campo Conectado, a Embratel busca levar o agronegócio ao próximo nível de digitalização, tornando as operações mais inteligentes, eficientes e sustentáveis e, assim, acelerando o desenvolvimento do país.


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