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Tecnologia requer inovação e capacitação adequada, constantemente

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Para Andrea Mannarino, diretora de Operações e Soluções Digitais da Embratel, o déficit de profissionais de tecnologia decorre do avanço da transformação digital



Por Redação em 15/08/2022

Várias pesquisas mostram que a falta de mão de obra qualificada no setor de tecnologia está cada vez mais acentuada. A Brasscom, por exemplo, estima que será preciso formar quase 800 mil profissionais até 2025, o que de certa forma é uma preocupação, visto que o ritmo atual de formação não acompanha a crescente demanda do mercado. 

A principal razão disso, segundo Andrea Mannarino, diretora de Operações e Soluções Digitais da Embratel, foi o aumento da digitalização em todas as áreas da sociedade. Esse movimento se intensificou com a pandemia, que trouxe uma verdadeira transformação na forma como as pessoas consomem, se divertem, estudam e trabalham. 

“Hoje, a demanda é muito maior do que a quantidade de profissionais qualificados. Os departamentos de recursos humanos não conseguem encontrar pessoas capacitadas e, inclusive, muitas destas pessoas passaram a trabalhar para empresas internacionais, justamente pelas mudanças possibilitadas pelo trabalho remoto”, afirmou. 

Para suprir essa carência junto aos clientes, a Embratel passou a fazer esse trabalho de capacitação. “Hoje, os profissionais qualificados fazem parte do nosso contrato de fornecimento de soluções”, explicou a especialista. Confira, a seguir, os principais trechos da entrevista exclusiva concedida por Andrea ao Próximo Nível

Andrea Mannarino – Com a transformação digital, a demanda por qualificação aumentou muito. Na verdade, até existe um “apagão” de mão de obra, mas a raiz do problema foi o aumento de vagas. Toda inovação tecnológica tem, por trás, pessoas que fazem com que ela aconteça. E a tecnologia exige inovação constante, tornando a capacitação uma prioridade. 

Como o programa interno de treinamento foi criado?

Na pandemia, houve um boom por tecnologia, todos precisaram se organizar para viabilizar as necessidades das pessoas, com estudo e trabalho remoto, compras online, telessaúde, entre outras soluções. Com isso, percebemos que, para fazer uma entrega para o nosso cliente, precisávamos ter também uma equipe preparada para operar a solução e, quando trabalhamos com consultoria, todos os serviços são pautados em pessoas. Assim, resolvemos criar trilhas de capacitação, desenvolvendo e atualizando profissionais que já estão no mercado, além de incentivar jovens talentos em busca do primeiro emprego. 

Quantos profissionais já participaram do programa?

Andrea Mannarino – Quando iniciei nessa área, há cinco anos, éramos 400 funcionários e hoje nós somos 4,3 mil, mas o programa de qualificação tem cerca de dois anos. Temos promovido uma capacitação interna e, além disso, temos feito trabalhos no mercado, de incentivo ao primeiro emprego, com pessoas que são da área, mas estão fora do mercado de trabalho, com parcerias com ONGs. A experiência tem sido muito boa.

Também estamos, agora, abrindo vagas específicas em cada turma para pessoas com deficiência (PCDs). 

Os profissionais treinados trabalham diretamente com os clientes ou internamente nos projetos da Embratel?

Andrea Mannarino – As pessoas treinadas são absorvidas internamente, podendo trabalhar no desenvolvimento de soluções ou nos serviços de operação junto aos nossos clientes externos. Sempre que existe uma oportunidade, procuramos encaixar os profissionais mais qualificados, e é muito gratificante ver o crescimento deles. 

Uma coisa interessante é que, por esses profissionais terem começado com a gente e se sentirem valorizados com ações como reciclagem contínua e avaliações semestrais, nossa rotatividade é muito pequena. Em alguns casos, quando o cliente é um órgão do governo,  por exemplo, ainda são necessárias capacitações  e certificações específicas. Às vezes é difícil encontrar pessoas que tenham esse certificado, então a gente também faz esse treinamento(capacitação). 

Como são as trilhas de capacitação?

Andrea Mannarino – Elas podem acontecer de duas formas. Ou contratamos uma pessoa que já tem um skill mínimo, e aí promovemos o seu desenvolvimento, de forma contínua, ou podemos também contratar alguém do zero, uma pessoa que acabou de sair da universidade. Neste caso, trabalhamos desde competências básicas, como a forma como ele se posiciona e como entender o universo corporativo, até a capacitação técnica, propriamente dita.

O curso, para o iniciante, tem duração de três meses, e daí começamos as trilhas de capacitação, no pilar tecnológico que ele irá atuar. Essas pessoas são contratadas porque temos muitos projetos vendidos e precisamos dos profissionais qualificados neles.

A formação acadêmica não cumpre esse papel?

Andrea Mannarino – As faculdades preparam de uma forma muito genérica, você sai um bom técnico, com um embasamento bom, mas ainda é preciso entrar nos detalhes. Falta entrar em nichos tecnológicos. Hoje temos inteligência artificial, blockchain, analytics e outras tecnologias que estão crescendo. Por outro lado, temos esses profissionais no mercado? Quando temos, estão a preço de ouro. Mas esse não é um problema do Brasil, é mundial.

Em sua visão, essa carência de profissionais capacitados está inflacionando os salários?

Andrea Mannarino – Sim, mas vejo que é uma coisa temporária. Muitas vezes, vejo que as pessoas abrem mão de um determinado trabalho para ter uma remuneração mais alta em outro projeto, mas o projeto se encerra em poucos meses e ela fica desalocada. Muita gente de tecnologia saiu para as startups, por exemplo, mas isso está se equilibrando agora. 

Quais as carreiras mais buscadas, atualmente?

Andrea Mannarino – O primeiro pilar que trabalhamos é o de analytics de dados. O segundo, que é um pilar muito forte, é o de desenvolvimento de front-end e back-end, principalmente para aplicativos. Outro pilar grande é o de sales force. Os sistemas de gerenciamento empresarial (ERP) continuam com grande demanda, além de inteligência artificial. 

Um ponto interessante é que desenvolvemos pessoas que já fazem parte do grupo e que têm conhecimento básico de TI. Isso é uma forma de alavancar suas carreiras. 

É importante destacar que a demanda vem aumentando com o desenvolvimento de novas tecnologias e com a conectividade. Então, se não inovarmos, estamos fora do mercado. Precisamos nos antecipar a essas tendências, isso é o básico que uma empresa de soluções digitais precisa fazer. O que eu faço hoje, daqui a dois meses pode ser diferente, precisamos pensar o tempo todo fora da caixa. 

Como essas pessoas qualificadas conseguem otimizar os resultados dos clientes?

Andrea Mannarino – A inovação tecnológica, hoje, é constante e dinâmica. Então, empresas dos mais diversos segmentos, órgãos de governo, instituições financeiras, entre outras, precisam de pessoas com boas competências técnicas. Por exemplo: um case de sucesso que tivemos foi a trilha AGILE, que abastece trimestralmente nossas squads, de todos os segmentos.

Isso é replicado em qualquer setor. É preciso capacitar quem desenvolve, quem entrega, quem coloca a solução em prática. Temos capacitações para momentos e tecnologias diferentes, nossos produtos são muito customizados. 


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