A ampliação da conectividade é uma política de estado, na avaliação do presidente da Anatel, Carlos Manuel Baigorri. Mas o país ainda tem uma abordagem fragmentada do tema. Segundo ele, a transformação digital faz parte da agenda de várias instituições, como a Secretaria de Governo Digital, o Ministério da Economia, Ministério da Ciência e Tecnologia, Comitê Gestor da Internet no Brasil e a própria agência reguladora.
“Todos atuam com o mesmo objetivo, mas o grande desafio é que atuem de forma coordenada, para explorar de forma mais eficiente as oportunidades que a transformação digital traz”, argumentou Baigorri em sua apresentação no Futurecom 2022, um dos principais eventos do setor de telecomunicações no país.
FWA é exemplo de transformação digital fragmentada no Brasil
Um dos exemplos da falta de coordenação foi o leilão para a frequência de 26 GHz para aplicação da tecnologia de FWA (acesso fixo sem fio), que permite a oferta de banda larga a regiões suburbanas ou rurais. Segundo o presidente da Anatel, não houve uma coordenação entre essa oportunidade e os preços dos CPEs, ou seja, dos dispositivos que são instalados na casa dos usuários para viabilizar os serviços, que estão com uma precificação alta.
A precificação também tem limitado a conectividade em algumas camadas sociais. Baigorri destacou que, entre as classes D e E, é comum que os planos de conectividade pré-pagos durem metade do mês.
A sugestão do presidente da Anatel é de repensar a transformação digital com a participação de vários órgãos do estado, seja por meio de um novo marco legal ou de uma camada de governança. “Precisamos construir isso, reposicionar o estado brasileiro na transformação digital”, explicou.
Segundo ele, o primeiro passo desse reposicionamento pode ser dado na comemoração do aniversário da Anatel em novembro, quando se espera a reunião de várias entidades em um mesmo espaço e com o mesmo objetivo.