Carros autônomos devem ser comercializados até 2025. Confira os níveis de automação e quais ainda vão exigir um motorista no volante.
Carros autônomos já são uma realidade e, apesar de não estarem disponíveis no mercado ainda, a expectativa é que até 2025 esses veículos já estejam circulando nas ruas. Pode até parecer muito tempo, mas uma bateria de testes é necessária para garantir a segurança dos usuários.
Tanto que esses veículos são classificados em 6 níveis de automação, definidos pela Administração Nacional de Segurança no Trânsito nas Rodovias (NHTSA), dos Estados Unidos, o equivalente ao nosso Departamento Nacional de Trânsito (Denatran). São orientações, segundo a autarquia, para padronizar os testes e avançar na comercialização desses carros.
FIQUE POR DENTRO: Como um carro autônomo pode responder a condições perigosas de direção?
Então, se você é uma pessoa entusiasta da inovação, saber como os carros autônomos são categorizados vai te ajudar, lá na frente, a decidir qual tipo de direção automática pode ser a ideal para suas necessidades.
Nível 0: sem automação
Alguns carros já oferecem tecnologia autônoma de nível 0. Ela seria o sensor de ré para evitar bater no veículo de trás ou um controle de velocidade que apita quando o carro está muito acelerado, por exemplo. Neste nível, a direção é 100% dependente do motorista.
Nível 1: assistência ao motorista
Veículos autônomos de nível 1 possuem Controle de Cruzeiro Adaptativo (ACC na sigla em inglês para Adaptative Cruise Control ou Piloto Automático Adaptativo). Esse sistema eletrônico tem o objetivo de facilitar a condução e fornecer mais segurança ao motorista.
O ACC pode ser configurado para manter uma velocidade regular e uma distância pré-definida do carro à frente. Caso o sensor detecte que o veículo da frente esteja mais lento, o sistema automaticamente vai se adaptar para evitar uma colisão.
Além disso, essa tecnologia vai identificar quando o veículo começa a sair da faixa e trará o carro de volta. Mesmo assim, essa automação de nível 1 ainda exige que o motorista esteja no controle do automóvel.
Vale destacar também que o Controle de Cruzeiro Adaptativo não consegue realizar duas ações ao mesmo tempo. Se a tecnologia acelera o carro, ela não vai conseguir freá-lo logo em seguida, por isso o motorista deve estar atendo ao ambiente de direção.
Nível 2: automação parcial
Embora o motorista precise ter as mãos no volante e estar pronto para assumir o controle a qualquer momento, a automação de nível 2 vai combinar diversas automações, como controlar a direção e frenagem ao mesmo tempo, por exemplo.
Isso ajudará no trânsito, mantendo a distância entre o motorista e o veículo frente, além de fornecer assistência de direção, centralizando o carro na pista. Porém, como destaca a NHTSA, o condutor ainda precisará executar todas as tarefas de direção necessárias.
Nível 3: automação condicional
O nível 3 é o momento em que as tecnologias atuais podem ser combinadas com as emergentes (IoT, Inteligência Artificial, Edge Computing etc.). Aqui, os carros autônomos conseguem dirigir sozinhos, mas em condições ideais e com limitações.
Ou seja, esses veículos podem atuar em estradas e a uma determinada velocidade. Embora o motorista não precise prestar atenção ao ambiente, ele precisará assumir o controle quando o carro derrapar, por exemplo, já que o automóvel não é configurado para esse tipo de ação.
Nível 4: alta automação
Aqui, o carro vai dirigir sem a necessidade de uma intervenção humana. Possivelmente as três interações de um motorista com o veículo serão: entrar, escolher o destino e assumir o controle quando desejado (essa última é opcional).
No entanto, veículos de nível 4 ainda têm a disponibilidade nas vias públicas restrita por várias regulamentações. Até então, testes com carros autônomos desta classificação continuam ocorrendo, mas em ambientes controlados.
Nível 5: automação total
Quando veículos autônomos de nível 5 estiverem nas ruas, os ocupantes deles serão apenas passageiros. Isso porque esses carros deverão ser capazes de monitorar e manobrar em estradas com condições diversas de direção.
Assim, intervenções humanas não serão necessárias, o que elimina também a necessidade de o veículo ter um volante ou pedais. Provavelmente carros de nível 5 deverão ser controlados por meio de uma assistente de voz.
Carro autônomo em teste durante a pandemia
Embora a maioria dos carros autônomos ainda esteja em testes e em um ambiente controlado, a pandemia da COVID-19 se mostrou um momento oportuno para colocar em prática possíveis soluções de mobilidade.
Na Flórida (Estados Unidos), a Mayo Clinic, organização sem fins lucrativos, disponibilizou quatro veículos autônomos para a realização de testes de COVID-19, com o intuito de evitar que a equipe médica fique exposta ao vírus.
As quatro minivans percorrem rotas específicas e isoladas de pedestres, tráfego e funcionários. Mesmo assim, um outro carro acompanha o trajeto feito por esses veículos inteligentes.
Outro caso de uso, também nos Estados Unidos, é o do R2. Em fevereiro ele recebeu uma autorização temporária para circular pelas ruas de Houston sem um motorista presente (são controlados remotamente, se necessário) para realizar entregas, como mostrou o site Olhar Digital.
Como não foi feito para levar pessoas, o carro não conta com alguns equipamentos como retrovisores, limpadores de para-brisa, volantes ou pedais de freio.
À coluna Mercado Digital, do Jornal do Comércio (Rio Grande do Sul), a engenheira Fernanda Gusmão, professora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), explicou as tendências e desafios do mercado de veículos autônomos.
“A tendência será termos cada vez mais veículos autônomos de carga e de passageiros em ambientes controlados, como faixas exclusivas, parques e pátios de empresas e indústrias”, disse a membro do Instituto de Engenheiros Eletricistas e Eletrônicos (IEEE).
Entre os desafios, a especialista separa em dois grupos: aqueles que já estão bem solucionados, como a detecção de objetos na via e a autonomia para traçar rotas e os que ainda precisam de mais tempo para serem solucionados, como a interação entre veículos autônomos e não autônomos em um ambiente não demarcado, além da segurança cibernética.
“Um ciberataque a um veículo autônomo pode ter uma consequência catastrófica, desde roubo de mercadorias até sequestro de veículo e pessoas, até provocar acidentes deliberadamente. A regulamentação é muito importante para determinar quem foi o agente causador do acidente e ações para acionamento de seguro para os bens materiais e para as pessoas”, explicou Gusmão.
Principais destaques desta matéria
- Carros autônomos já são uma realidade, porém precisam de uma bateria de testes antes de serem comercializados.
- Expectativa é que veículos estejam disponíveis no mercado até 2025.
- Confira os seis níveis de um veículo autônomo, definidos pela autoridade de trânsito dos Estados Unidos.