Arthur Rufino, CEO da JR Diesel, fala sobre inovação e negócios sociais na Amcham Talks 2019

3 perguntas sobre inovação em negócios sociais para Arthur Rufino, da JR Diesel

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A JR Diesel é considerada uma das maiores distribuidoras de peças seminovas no Brasil. Criada por Geraldo Rufino, ex-catador de lata, a empresa quebrou padrões ao ser a primeira no desmanche legal de veículos. A inovação, embora tenha chegado 30 anos depois da criação da empresa, trouxe também ideias de como expandir o tratamento de fim de vida para outros materiais e causar impacto social. É o que conta Arthur Rufino, CEO da empresa, com exclusividade para o Mundo + Tech.



Por Redação em 15/04/2019

A JR Diesel é considerada uma das maiores distribuidoras de peças seminovas no Brasil. Criada por Geraldo Rufino, ex-catador de lata, a empresa quebrou padrões ao ser a primeira no desmanche legal de veículos. A inovação, embora tenha chegado 30 anos depois da criação da empresa, trouxe também ideias de como expandir o tratamento de fim de vida para outros materiais e causar impacto social. É o que conta Arthur Rufino, CEO da empresa, com exclusividade para o Mundo + Tech.

Mundo + Tech: Você comentou que a JR Diesel nasceu sem um propósito definido. Propósito foi praticamente o tema central do Amcham Talks. Hoje, uma ideia empreendedora daria certo sem essa definição?
Arthur Rufino:
É importante você ter um propósito engatilhado porque dá velocidade e até estrutura para a sua empresa desde o começo. Isso também dá resiliência para você enfrentar os altos e baixos da vida empreendedora. Mas eu não acho que ter um propósito seja regra porque a gente acaba criminalizando quem nasceu sem propósito. Então acho que cabe sim você descobrir o propósito ao longo da jornada, como a JR, que descobriu com 30 anos de empresa. Acho que tem a oportunidade para as duas coisas.

M+T: Muita gente associa inovação a empresas de tecnologia. A JR inovou no setor de desmanche, que até então sempre foi visto como algo ilegal. Como conseguir ser relevante em outras áreas que não a tecnológica?
AR:
A oportunidade de inovação está exatamente nos negócios menos sexys. É o lixo, é o desmanche. Um exemplo, a droga é ilegal no Brasil, mas por que uma pessoa consome? É por mudança de estado mental? De espírito? Como é que podemos substituir isso de uma forma legal? Com meditação ou algum outro tipo de provocação de sentido? A inovação está nisso, onde ninguém está olhando. É preciso entender que a tecnologia é o meio, ela não é fim. Então da padaria ao catador de lixo, há muita inovação não explorada, principalmente aqui no Brasil que é um mercado que as pessoas tendem a fugir, mas quando eu olho os problemas daqui eu só enxergo oportunidades para inovar.

M+T: Você comentou sobre tecnologia ser um meio. Como a JR tem usado a tecnologia em seus negócios hoje e como pensar em usar no futuro?
AR:
No nosso negócio, a gente precisa saber lidar com o fim de vida dos produtos. Hoje, a gente lida com o desmanche de veículos e uma vez que a gente já adquiriu essa experiência, ainda mais com um mercado ilegal ao nosso lado, nós conseguimos replicar essa experiência em outros bens duráveis que têm seu fim de vida não tratado pela sociedade. Então desde uma garrafa PET até uma máquina de milhões de dólares que foi descartada, a gente tem a oportunidade de tratar a logística reversa, tratar o fim de vida desses produtos. Então a gente já olha hoje para o lixo, principalmente em periferias e favelas como oportunidade de negócio enorme porque as pessoas estão jogando no rio uma coisa que tem valor monetário. Elas não entendem isso porque o dinheiro não vai para as mãos delas e sim de outra pessoa. A gente vê como uma forma de intermediar essas cadeias e fazer com que o dinheiro chegue no gerador desses resíduos.

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Foto: Matheus Campos/Amcham Brasil


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