Apesar de pandemia ter freado adoção de RA e RV, empresas podem criar novas experiências ao usar essas tecnologias nos negócios.
A pandemia do novo coronavírus até pode ter freado a adoção de realidade virtual (RV) e realidade aumentada (RA). Mas, de acordo com a consultoria IDC, as empresas ainda mantêm uma expectativa alta no desenvolvimento de soluções baseadas nessas tecnologias.
Segundo a consultoria, a adoção corporativa dessas tecnologias estava em alta neste ano. Porém, com a pandemia, as organizações redirecionaram os esforços financeiros para garantir a continuidade dos negócios.
Tanto que os gastos mundiais de RV e RA estavam previstos em US$ 18,8 bilhões. Desde então, a previsão da IDC é que o ano feche em US$ 10,7 bilhões. Mesmo assim, esse valor é ainda é maior do que o gasto em 2019 (US$ 7,9 bilhões).
Os casos de uso comercial serão responsáveis por quase metade de todos os gastos de RA e RV em 2020. Enquanto a realidade virtual terá destaque em treinamento (US$ 1,3 bilhão), a realidade aumentada fechará o ano com forte presença na manutenção industrial (US$ 375,7 milhões).
E para o futuro? Para a IDC, a expectativa é a de que as empresas foquem nessas tecnologias para aprimorar o trabalho remoto, processos que não exijam contato físico e desenvolver espaços de reunião aumentados.
Um exemplo de um processo touchless seria a criação de uma interface que aproxime o layout físico e as funções digitais de um caixa eletrônico a um smartphone, possibilitando o saque e outras transações.
Assim, um consumidor não precisa inserir um cartão ou tocar em um ATM, basta se aproximar dele. Esse tipo de experiência também é conhecido como realidade estendida, que compreende o uso de RA e RV ou a combinação das duas.
Com diversas possibilidades de uso dessas tecnologias, o site CIO.com separou 4 exemplos que podem acontecer no mundo real. Confira.
1. Realidade aumentada ajuda no design de pneus
Desde 2019, a Goodyear começou a testar um headset RA da RealWear com o intuito de virtualizar algumas operações das fábricas de manufatura da companhia. O acessório fica acoplado em um capacete e pode ser controlado por comando de voz.
Assim, os mais de 1.500 engenheiros da Goodyear podem trabalhar em parceria com fornecedores e clientes no desenho e teste de pneus em diversas máquinas automotivas. Esse esforço se tornou importante com a chegada da pandemia, que limitou as viagens das equipes.
Graças à integração do RealWear com o Microsoft Teams, os engenheiros de produção da Goodyear colaboraram com designers na Alemanha para testar como pneus grandes funcionariam em máquinas de mineração.
2. RA no chão de fundição
A GlobalFoundries tem utilizado realidade aumentada para monitorar todo o chão de fábrica, realizar treinamentos e encontrar novas “alavancas de inovação”. Para realizar todos os registros, a companhia tem apostado em headsets e softwares de RA.
Assim, ela consegue reunir todos os dados (da produção e manutenção de máquinas, por exemplo), armazená-los, editá-los e reproduzi-los em sobreposições (dentro de um programa de RA) para treinar estagiários e novos colaboradores da companhia.
Esse tipo de abordagem agilizou em 10 vezes os procedimentos operacionais e reduziu o tempo de treinamento pela metade. Com isso, o fator eficiência se tornou um ponto de destaque dentro da companhia.
Até porque, o chão de fábrica da GlobalFoundries tem 10 andares e a realidade virtual permite os engenheiros compartilharem suas demandas por meio de vídeo ao vivo para outro colaborador remoto. Isso agilizou o tempo de reparo e conclusão de diversas tarefas.
3. Realidade virtual para encontrar erros
A companhia aérea Airbus tem usado os óculos ThinkReality X6 da Lenovo para encontrar e reduzir erros em aeronaves e diminuir o tempo de reparo de manutenção.
Um dos casos de uso é quando um técnico da Airbus coloca os óculos e recebe instruções de um especialista que orienta remotamente e em tempo real. O engenheiro também pode acessar e compartilhar desenhos CAD com o especialista remoto para agilizar o reparo da aeronave.
Outro exemplo do uso da tecnologia é a possibilidade de os pilotos visualizarem listas e verificação e outros documentos antes e durante os voos.
4. Realidade estendida em treinamentos
Em setores industriais, um fator-chave para o uso de realidade estendida é a capacidade de trabalhar sem o uso das mãos em locais remotos. Nesse sentido, a Accenture tem usado a realidade estendida para treinar funcionários.
Uma situação é a possibilidade de assistentes sociais sem muita experiência receberem simulações de treinamento por meio de fones de ouvido de realidade virtual.
O conteúdo usa narrativa envolvente e cenários interativos baseados em voz para ajudar os assistentes sociais a aprimorar suas habilidades de pessoal e de tomada de decisão.
Com isso, a companhia espera que a equipe se familiarize com situações do mundo real, além de reduzir custos na contratação de uma consultoria para orientar os novos colaboradores.
Quais as recomendações para essas tecnologias?
O consenso entre os especialistas ouvidos pelo site CIO.com é que essas tecnologias irão amadurecer à medida que elas se tornarem disponíveis e a um custo menor. Ou seja, as empresas precisam encontrar meios de dimensioná-las para que a RV e a RA agreguem valor de negócio.
Nesse sentido, as organizações devem priorizar o desenvolvimento de produtos que gerem oportunidades de alto valor, identificando áreas em que essas tecnologias possam:
- Melhorar a eficiência para tarefas complexas.
- Reduzir desperdício de tempo e de inatividade com tarefas de alto custo agregado.
É importante também criar estudos de caso para mostrar como as soluções de realidade virtual e aumentada demonstram diferenciação ao impactar na eficiência, eficácia e redução de custos.
Principais destaques desta matéria
- Realidade aumentada e realidade virtual estão em evidência nas empresas.
- Adoção de tecnologias foi impactada pela pandemia, mas a expectativa é a de que empresas voltem atenção para as tecnologias para aprimorar o trabalho remoto.
- Confira 4 projetos que são promissores no uso de RA e RV.