André Oliveira é diretor de soluções verticais da Embratel. Ele foi um dos palestrantes do Amcham Talks 2019 e falou sobre como as grandes empresas precisam se adaptar à nova era de inovação para seguirem fortes no mercado. Confira a seguir a conversa exclusiva que o executivo da Embratel teve com o Mundo + Tech.
Mundo + Tech: O que é inovação?
André Oliveira: Inovação é olhar para o futuro. Não é olhar o que pode fazer agora, e sim o que você pode fazer daqui a 10 anos. As grandes empresas têm o seu core business, mas essas fronteiras estão cada vez mais elásticas. Temos uma telecom no Canadá [Telus Corp) que tem uma solução global de saúde. A Apple não é só uma vendedora de telefones e iPads. Ela tem também Apple Pay e outros produtos. Então a ideia é que a gente possa romper essa barreira e trazer para dentro de uma grande corporação algo totalmente novo, um novo modelo de negócio, um novo formato, um novo ecossistema, por meio de associações que sejam boas para todo mundo.
M+T: Quais seriam os grandes desafios dessas grandes corporações nesse processo de inovação.
AO: Elas são grandes, demoram para se movimentar. Temos um avião enorme na mão. Como fazer esse avião se tornar rápido. Como fazer esse Antonov se tornar um jato? São organizações verticalizadas e precisamos horizontalizar mais, trazer mais gente para discussão da inovação. Não existe inovação sem uma mudança cultural, sem as pessoas estarem pensando diferente, sem processos quebrando barreiras e silos.
M+T: Você acha que a Embratel está conseguindo quebrar essas barreiras? Você vê a Embratel em que ponto desse processo de inovação?
AO: Nós temos uma estratégia e sabemos o que queremos ser. Isso já é uma grande vantagem. Nós já estamos totalmente inovadores e temos uma cultura organizacional já voltada para inovação? Ainda não. Mas acho que o caminho está trilhado e logo teremos boas notícias, bons produtos e coisas novas no mercado. E com o poder que a gente tem de estar dentro de 96% das grandes corporações, a gente tem condições de fazer um bom barulho no mercado com coisas novas.
M+T: Temos visto que a Embratel tem se aproximando de startups. Como esses dois atores podem se unir para tirar o melhor proveito para cada um deles?
AO: As startups nos dão o poder de fazer coisas muito mais rápidas. Então a gente pode testar novos modelos no mercado de uma maneira muito mais ágil do que nós somos hoje. A gente tem de colher algumas informações que a startup é melhor do que nós, em agilidade, rapidez e tomada de decisão. Mas não seremos uma startup, nós somos uma grande corporação.
E para as startups, talvez a associação delas com a nossa infraestrutura, ou com um parceiro grande que por ventura traga uma solução junto com a startup, talvez seja possível conseguir escalar esse modelo e assim gerar um novo ecossistema, de conectividade, mobilidade, TI, processos, inteligência artificial. Quando começo a conectar tudo isso, eu estou criando um novo ecossistema. Acho que o papel das grandes corporações vai ser realmente orquestrar a criação de ecossistemas novos.
M+T: O que gerar esse ecossistema traz de benefício para o negócio de uma grande corporação?
AO: Novos modelos, novas oportunidades, aumento de faturamento, novos faturamentos em cima de faturamentos anteriores do core business. Estamos em um oceano vermelho, nós temos as mesmas empresas brigando pelos mesmos espaços. Nós não queremos ser uma empresa com puff colorido. Queremos ser protagonistas dessa coisa toda.
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Foto: Matheus Campos/Amcham Brasil