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cloud migracao Da esquerda para a direita: Cíntia Scovine, Fabio Napoli, Mona Dorf, Milena Leal e Ricardo Contrucci (Foto: Divulgação – Febraban Tech)

Cloud: Bradesco, Santander e Itaú Unibanco reforçam a migração

4 minutos de leitura

Executivos de grandes bancos indicam que a modernização continua



Por Nelson Valencio em 27/06/2024

A construção dos bancos movidos a nuvem avança ainda mais no Brasil. Se na edição passada da Febraban Tech o assunto já estava entre os principais debates, agora o tema ganhou mais destaque. Os executivos à frente dos projetos do Bradesco, Santander e Itaú Unibanco atualizaram o status da migração para a nuvem em suas corporações. A atualização aconteceu  durante o painel moderado por Mona Dorf, da Febraban, e contou ainda com a participação de Milena Leal, diretora de Negócios do Google Cloud.

No Bradesco, a estratégia multicloud dá o tom e qualquer implementação nova deve ser nativa na nuvem, segundo Cíntia Scovine Barcelos, diretora executiva de Tecnologia do banco. O que não está em cloud, passa pela modernização, com benefícios de habilitação rápida de novas tecnologias e atendimento ao timing to market da instituição. A adoção maciça da cloud viabiliza, por exemplo, o histórico de interações do Bradesco, inclusive iniciativas de Inteligência Artificial (IA), entre elas a sua plataforma BIA.

Cintia Scovine Barcelos, diretora executiva de Tecnologia do banco Bradesco (Foto: Divulgação – Febraban Tech)

Cíntia destacou que a IA generativa (GenIA) está sendo testada internamente para melhorar a eficiência operacional. Na primeira fase, o Bradesco avalia a plataforma num grupo de 1,6 mil colaboradores, mas o universo de usuários vai saltar para 60 mil até o fim do ano. O ambiente de testes também envolve um grupo escolhido de clientes da instituição e, nesse caso, os critérios de utilização são ainda mais rigorosos e com foco na IA responsável, evitando um assédio informativo.

A diretora do Bradesco atualizou a audiência sobre o plano de transformação do Bradesco, recém anunciado no começo deste ano. Dentre as estratégias, a migração para a nuvem aparece como transversal em toda a instituição. Na avaliação de Cíntia, a movimentação do Bradesco está baseada na sua marca forte, nos mais de 70 milhões de clientes e na liderança que o banco mantém em vários segmentos onde atua.

Entre as novidades, a executiva destacou que o banco elencou dez estratégias temáticas, sendo cinco de negócios e outras cinco viabilizadoras de negócios. Nesse rol estão, por exemplo, a digitalização, novas soluções para meios de pagamento, além de uma visão de unidades de negócio (BU, do inglês, business units) e da mudança de gestão e cultura, com maior otimização e sinergia da operação.

Fábio Napoli, diretor de TI do Itaú Unibanco, por sua vez, lembrou que a instituição nunca teve resistência à utilização da nuvem. A estratégia inicial, porém, foi de entendimento dos problemas que o banco gostaria de endereçar na migração, entre eles a melhoria da velocidade e da experiência dos clientes. Nesse processo, o banco tem passado por uma modernização de ambientes operacionais, desde que a nuvem entrou em larga escala, a partir de 2020. Hoje, 62% dos negócios foram modernizados e rodam nessa plataforma tecnológica.

Fábio Napoli, diretor de TI do Itaú Unibanco (Foto: Divulgação – Febraban Tech)

O executivo avalia ainda que a nuvem já passou da fase de fundação e não deve ser tratada como uma infraestrutura básica, que tem ciclos de depreciação tradicionais. Para ele, a plataforma indica uma mudança importante de gestão, não focada mais em projeto, mas para o gerenciamento de um produto que não tem fim. Nesse mindset, a evolução é constante e a nuvem não deve ser centralizada nas áreas técnicas, mas entendida e aplicada por outros departamentos.

Entre as prioridades da fase atual do Itaú Unibanco, Napoli destacou as iniciativas de adotar a GenIA para implantar melhorias incrementais na interação com o cliente. Em nível interno, o diretor de TI adianta que ela já vem sendo usada e, nos dois casos, Napoli ressaltou a importância da ajuda de parceiros provedores de soluções na nuvem como importante.

A agenda de GenIA também está ativa no Santander, de acordo com Ricardo Contrucci, CTO da operação do Banco no Brasil. O executivo lembrou da discussão com alguns dos palestrantes do painel em 2023 e lembrou dos avanços do processo na nuvem e da habilitação de tecnologias como a IA generativa. De uma forma geral, Contrucci destacou que mais da metade dos workloads do Santander estão na nuvem. Esse percentual deve aumentar com o avanço da cloud pública, uma vez que os índices no ambiente privado já estão bastante altos.

Ricardo Contrucci, CTO do Santander Brasil (Foto: Divulgação – Febraban Tech)

Assim como em seus parceiros, as novas implementações do Santander nascem nativas na cloud e o que não está na nuvem passa pela modernização. O dia a dia do banco, segundo Contrucci é modernizar seus ambientes, de olho no ganho de elasticidade para rodar aplicações como o PIX, que tem mais de 20 variações de comportamento durante 24 horas. Essa complexidade de tráfego, segundo ele, não seria endereçada adequadamente por antigas soluções rodando em data centers.

Se as soluções técnicas estão bem encaminhadas, Contrucci alertou para a necessidade de ter recursos humanos para a migração. De acordo com ele, o treinamento de tecnologia está ligado à área dele no Santander e recentemente o banco avaliou várias trilhas de desenvolvimento tecnológico de seus profissionais com a ajuda da AWS. Para o diretor, o treinamento deve permear a empresa toda, inclusive as áreas de negócios. “Não é preciso saber detalhes do que é serverless, mas sim saber dos benefícios dele”, argumentou.

Milena Leal, diretora de Negócios do Google Cloud (Foto: Divulgação – Febraban Tech)

A migração das instituições financeiras não avança sozinha. A participação dos parceiros é fundamental, razão da presença de Milena no debate com Santander, Itaú Unibanco e Bradesco. A executiva do Google Cloud ressaltou o histórico da empresa em adotar a IA responsável, uma das tecnologias que ganha voo com a nuvem, criando cartilhas de orientação e estratégias para evitar a chamada alucinação (geração de informações sem sentido na plataforma de IA).

Milena também compartilha da visão de Beyond the bank, ou seja, da mudança de características das instituições financeiras, inclusive nas agências físicas. Para esse novo posicionamento, no entanto, a diretora lembra que a nuvem é fundamental, ao viabilizar tecnologias que permitam o entendimento detalhado do perfil dos clientes. A base do processo, segundo ela, é a ultrapersonalização. Na opinião de Milena, um dos papéis dos provedores de soluções em nuvem é o de acelerar o uso da plataforma. Em resumo: os bancos movidos a nuvem são uma realidade.



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