Pesquisadores da Universidade de Stanford desenvolveram teste baseado em IA para auxiliar no diagnóstico da acuidade visual de um paciente.
A Inteligência Artificial (IA) é uma potencializadora de soluções, ainda mais na área da saúde. Da descoberta de novas medicações ao auxílio no diagnóstico de COVID-19, a tecnologia tem se mostrado uma grande aliada em diversos campos do setor.
Um dos recentes casos de uso é na oftalmologia. Pesquisadores da Universidade de Stanford (Estados Unidos) desenvolveram um teste de visão on-line, baseado em IA, para ajudar no diagnóstico da acuidade visual de uma pessoa.
Vale destacar que a solução de IA não substitui o clássico exame oftalmológico, que utiliza a tabela de Snellen (aquele diagrama com letras de diversos tamanhos). Mas, além de auxiliar o diagnóstico, pode permitir pacientes com problemas oculares a acompanhar a visão de casa.
O exame oftalmológico digital utiliza técnicas modernas de Inteligência Artificial que reduzem substancialmente o erro do exame de acuidade em relação às abordagens existentes. A equipe realizou 1 mil testes em computador simulando pacientes reais. Com isso, foi possível estimar:
- Redução de 75% no erro de previsão comparado ao exame tradicional.
- Redução de até 67% no diagnóstico errado em relação a testes digitais já disponíveis.
A pesquisa foi publicada no Proceedings of the AAAI Conference on Artificial Intelligence, publicação científica sobre pesquisas teóricas e aplicadas da Inteligência Artificial.
Como funciona o teste de visão baseado em Inteligência Artificial
O Teste de acuidade de Stanford (StAT), como é chamado o projeto, pode ser feito on-line no site myeyes.ai. Vale destacar que o exame não substitui as consultas com médicos especialistas.
O usuário primeiro vai calibrar o tamanho da tela do dispositivo que será feito o exame. Para isso, basta ajustar uma caixa até que ela fique no tamanho de um cartão de crédito.
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Em seguida, o teste vai pedir para ajustar a distância entre a tela e o usuário – padrão é de que ele fique a 6 metros do dispositivo. Após essa etapa, é possível parear o smartphone com o teste para facilitar a inserção das respostas.
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Assim que os dispositivos forem pareados, o teste terá início. São 20 perguntas para cada olho (o esquerdo deverá estar tampado caso o usuário comece o exame pelo direito e vice-versa). Cada questão irá mostrar o “E” em uma de quatro posições:
- Para cima.
- Para baixo.
- Para a esquerda.
- Para a direita.
Com o smartphone pareado, o usuário responde qual a posição ele acha que o “E” se encontra. Baseado nessas escolhas, o algoritmo de IA vai usar modelos estatísticos para prever uma pontuação da visão do usuário.
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Seria como criar uma lista de reprodução com base nos artistas favoritos dele, ou quais anúncios exibir de acordo com que a pessoa clicou anteriormente. À medida que o teste continua, o algoritmo vai aumentar a precisão do resultado.
Os desafios da acuidade digital
Os exames oftalmológicos não são recentes. No entanto, o desafio da acuidade digital é desenvolver uma política capaz de aprimorar os resultados de um teste com maior agilidade e precisão possível.
Ao contrário do quadro de Snellen, desenvolvido em 1862 e que é um diagrama fixo, os exames digitais têm duas vantagens:
- Um computador pode desenhar um optotipo (as letras e símbolos de diferentes dimensões, utilizadas pelos oftalmologistas para determinar a acuidade visual) de qualquer tamanho.
- Um computador é capaz de escolher e adaptar o próximo tamanho da letra que será exibida ao paciente.
No entanto, como destacou a pesquisa, testar o algoritmo diretamente em pessoas tem a desvantagem de não ter um padrão de “ouro”. Ou seja, a tecnologia não pode mostrar como o paciente realmente enxerga.
Por isso, o teste foi feito de forma simulada nesse primeiro momento. A ideia foi avaliar a capacidade dos algoritmos de apresentarem um bom desempenho em pacientes reais. Com isso, a equipe de Stanford pretende seguir dois caminhos.
O primeiro é iniciar testes clínicos controlados em pacientes reais para entender os acertos e falhas deste tipo de abordagem. O segundo é investigar uma maneira mais inteligente da IA escolher o tamanho da próxima letra para diminuir a duração do teste ou maximizar a confiança.
Principais destaques desta matéria
- Pesquisadores de Stanford desenvolverem teste oftalmológico baseado em Inteligência Artificial.
- Solução, testada em simuladores, reduz erros de diagnóstico em 75% em relação ao exame tradicional.
- Cientistas agora querem aprimorar algoritmos para realizar teste clínicos controlados em pessoas reais.