Um ano atrás, a Tortoise lançou o The Global AI Index: um projeto de dados abrangente projetado para medir e classificar os países em sua força em inteligência artificial. Agora, em 2020, acaba de sair a primeira atualização, que coloca o Brasil na 46ª posição, atrás do Chile e da Colômbia, se considerarmos apenas nossos vizinhos latino-americanos.
A Tortoise analisou 62 países, considerando questões como inovação, implementação e investimento, divididas em sete subcategorias: pesquisa, desenvolvimento, talento, ambiente operacional, infraestrutura, empreendimentos comerciais e estratégia governamental. Por serem motores essenciais para a maturidade da IA, capital humano e intelectual, bem como ao investimento, tiveram um peso maior.
China e Estados Unidos seguem liderando o ranking, apesar na queda de investimentos este ano nas duas nações, por conta da pandemia de coronavírus. O Brasil aparece entre os países que ainda estão despertando para a importância da IA, assim como Argentina e México.
O que podemos fazer para subir algumas posições e aumentar a competitividade de nossas empresas em 2021?
Bom, para começar, enxergar o investimento em IA como estratégico. Além disso, ter uma visão e um projeto em inteligência artificial nacional, um setor de tecnologia robusto e capaz de inovar, que forneça capital humano e ferramentas modernas, alta qualidade de dados e de infraestrutura, programas de governança e ética, etc.
E não se ataca essas questões com alguma seriedade sem que se enfrente três dificuldades apontadas por uma outra pesquisa, da MIT Tech Review com a Everis. A saber:
- Falta de estratégia clara em IA: as grandes organizações carecem de visão e de conhecimento no nível diretivo, cultura organizacional e liderança;
- Falta de talento especializado e de habilidades: falta infraestrutura para uso de IA, políticas de ética e governança e disponibilidade dos dados;
- Baixo investimento: 55% das grandes empresas investem apenas de 1% a 10% em IA e 31% não investem nada.
A boa notícia é que o Brasil tem o Brasil tem 31,9% de empresas em estágio avançado de adoção de IA, de acordo com pesquisa recente da Microsoft em 19 países. E 40% estão no estágio intermediário. Outro dado que chama a atenção é que 98% dessas empresas já estão se beneficiando financeiramente graças à IA. Foram analisadas companhias com mais de 250 funcionários, em diversos setores e foram entrevistados 500 colaboradores em níveis gerais e 100 gerentes.
Além disso, o governo brasileiro tem grandes planos para a IA, apesar de ter chegado tarde à festa. Em novembro, anunciou o lançamento de uma rede nacional de inovação com foco em Inteligência Artificial. O objetivo é aumentar a capacidade produtiva e a competitividade das empresas locais. Descrita como a maior do país, a rede é resultado da cooperação entre o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e a Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (EMBRAPII), e terá representantes de 12 instituições parceiras em seu Conselho Consultivo, encarregado de definir as estratégias e as diretrizes de atuação.
A questão agora é treinar mais pessoas para entender não apenas como usar as ferramentas de IA, mas também como implementá-las em todos os níveis da empresa. Com o governo brasileiro e o setor privado incentivando os investimentos em pesquisas de IA, espera-se que essa lacuna de qualificação comece a estreitar.
O problema é que muitas organizações não estão gastando o tempo e os recursos necessários (e significativos) nas mudanças culturais e organizacionais necessárias para levar a IA a um nível de escala capaz de agregar valor significativo. Sem abordar essas mudanças antecipadamente, os esforços para dimensionar a IA podem rapidamente descarrilar.
Executar uma estratégia efetiva com Inteligência Artificial requer muito mais do que entender o funcionamento da tecnologia. Para que o impacto da IA nos negócios ser realmente positivo, são necessárias habilidades “humanas”. Para garantir a adoção da IA, as empresas precisam educar a todos, dos principais líderes para baixo.
Construir recursos organizacionais de IA/Machine Learning requer uma reengenharia fundamental dos processos de negócios existentes. Esses esforços incluem, naturalmente, a contratação ou treinamento de talentos técnicos.
Vale lembrar que a IA e automação chegaram com força total às operações de TI. As plataformas de AIOps aceleram a identificação e a resolução de problemas, aumentando a precisão da análise de causa raiz (RCA) e a identificação proativa, o que reduz o tempo de resolução e ajuda a melhorar a aderência aos SLAs. Qualquer empresa, em qualquer setor, pode se beneficiar. Não por acaso, esse é um mercado que deve movimentar US$ 11,02 bilhões até 2023, de acordo com a Markets and Markets.
E aí, o que você está fazendo para aumentar o conhecimento de IA na sua organização?