Mundo + Tech reúne quatro exemplos de como empresas de diversos setores estão usando Inteligência Artificial para transformar os negócios.
Empresas que apostam em dados vão precisar de maior velocidade e escala para transformá-los em insights. Nesse cenário, a Inteligência Artificial (IA) será uma tecnologia emergente que irá permitir a inovação, aponta a consultoria Gartner.
Tanto que, para a consultoria, 75% das organizações passarão da fase piloto para a operacionalização da IA em 2024. A expectativa é que esse próximo nível no uso da tecnologia gere um aumento cinco vezes maior de dados e de infraestruturas analíticas.
Mas, até essa evolução da tecnologia, o que as empresas estão fazendo hoje? O Mundo + Tech reuniu 4 casos de estudo de vários setores que utilizam a Inteligência Artificial para transformar os negócios.
Confira.
1. Varejo: H&M usa IA para recuperar lucratividade
A varejista de moda H&M viu a lucratividade cair nos últimos anos e, embora já estivesse no ambiente digital, não conseguia resolver os problemas da cadeia de suprimentos. Para resolver essa dor e impulsionar a eficiência das operações, adotou Inteligência Artificial e Big Data.
O objetivo é extrair insights sobre tendências de moda e as preferências de seus clientes. Com essas tecnologias, a H&M tem atuado em cinco frentes:
- Ciclo de produtos ruins: a H&M é uma rede de fast fashion que, no passado, uma previsão errada de tendência de mercado resultava em prejuízo em toda cadeia de suprimento. Com tecnologia, a varejista espera detectar tendências, gerenciar estoques e definir preços que vão gerar lucro no ano fiscal.
- Estoque para lojas individuais: com mais de 4 mil lojas em todo o mundo, a rede enviava praticamente o mesmo estoque para todas elas. Porém, com a necessidade de reduzir custos, o uso de Big Data e IA possibilita analisar devoluções, recibos e dados de cartão de fidelidade para personalizar a mercadoria que chega em cada estabelecimento.
- Armazéns automatizados: para personalizar o inventário de cada loja e responder às demandas dos clientes, a H&M automatizou os armazéns para os consumidores receberem os produtos com entrega em um dia.
- Experiência do cliente: a H&M caminha para o omnichannel ao oferecer recomendações personalizadas por algoritmos, integração da experiência de compra on-line e off-line e RFID para escanear produtos e saber em qual loja eles podem ser encontrados.
- Moda customizada: em parceria com o Google, um aplicativo Android analisa o comportamento da pessoa para criar designs personalizados.
O investimento da H&M em inovação é recente: de 2017 para cá. Apesar disso, a IA pode ajudar na retomada da lucratividade, enquanto a rede aprimora as operações e experiência do cliente.
2. Governo: Reino Unido usa IA para identificar fraudes em benefícios
O Departamento de Trabalho e Pensões do Reino Unido implementou Inteligência Artificial para automatizar os processos de sinistros e combater fraudes no órgão. Um algoritmo foi usado para rastrear golpes no programa de benefícios e identificar os criminosos por trás desses esquemas.
Só em 2016, fraudes de benefícios custaram £2,1 bilhões aos cofres do estado. Com os algoritmos de IA, o departamento procura padrões em declarações, como o mesmo número de telefone ou aplicativos escritos no mesmo estilo.
Depois que uma reclamação é sinalizada como suspeita, um investigador humano assume o controle para determinar se a reclamação é de fato fraudulenta.
Além disso, a IA é usada para vasculhar contas de mídia social para descobrir inconsistências nos andares que as pessoas contam nas redes sociais e as alegações de benefícios. Alguns exemplos suspeitos encontrados pelos algoritmos foram:
- Pedido de seguro-desemprego por uma pessoa que estava presente em uma festa luxuosa e publicou fotos em redes sociais.
- Pessoa recebendo benefícios por invalidez, mas postou fotos participando de uma corrida.
- Usuário reivindicou estar solteiro, mas compartilhou imagens do casamento e cônjuge.
Quando inconsistências são encontradas, o pagamento de benefícios é interrompido. Com isso, o Reino Unido estima que a Inteligência Artificial acrescente £630 bilhões à economia até 2035.
3. Naval: Rolls-Royce e Google juntos para deixar navios mais inteligentes
A Rolls-Royce e a Google somaram forças para usar algoritmos avançados de Machine Learning em navios para deixá-los mais inteligentes, seguros e eficientes.
O projeto usa o Cloud Machine Learning Engine do Google em uma variedade de aplicativos. A expectativa é ver uma embarcação autônoma zarpar ainda este ano. Porém, o trabalho é muito mais complexo que um carro autônomo.
Em um carro autônomo, a Inteligência Artificial substitui apenas uma pessoa: o motorista. Em um navio de carga, por exemplo, são mais de 20 tripulantes trabalhando. Ou seja, é preciso de algoritmos capazes de realizar todas as funções da equipe.
De início, os algoritmos usados pelas Rolls-Royce serão os mesmos utilizados em aplicativos de busca de voz e imagem. A ideia é que eles consigam procurar e identificar perigos no mar.
Além disso, câmeras, sensores e scanners a bordo de navios vão gerar enormes conjuntos de dados, que serão armazenados na nuvem. Assim, eles podem ser compartilhados e carregados em embarcações localizadas em qualquer lugar do mundo, assim como centro de operações.
Embora a ideia da Rolls-Royce de ter uma embarcação autônoma venha desde 2013, a companhia ainda esbarra na legislação. Será necessária uma mais ampla, já em debate International Maritime Organization, braço das Nações Unidas que lida com os regulamentos de transporte.
4. Alimentício: McDonald’s desenvolve cultura orientada a dados
Desde 2017 a McDonald’s tem apostado em Inteligência Artificial, Big Data e robótica para reduzir custos e aumentar a eficiência de seus negócios. Operando em 188 países e atendendo mais de 69 milhões de clientes por dia, a rede, até então, não sabia o que fazer com os dados.
Adotar as três tecnologias citadas no parágrafo anterior foi uma das ações do Plano de Crescimento da companhia, determinado há três anos. Deste então, a McDonald’s passou a utilizar os dados armazenados em algumas frentes:
- Experiência do cliente personalizada e aprimorada: o aplicativo do McDonald’s oferece além de realizar pedidos e pagamentos por ele. É possível saber a frequência que um consumidor vai a um restaurante da rede, o que eles compram e se usam ou não o drive-thru. Assim, a marca consegue recomentar outras ofertas, aumentando as vendas – no Japão, o crescimento foi de 35%.
- Menus digitais que usam dados: a rede tem disponibilizado novos menus digitais que mudam a opção com base na análise de dados em tempo real. Por exemplo, em um dia frio, mas de sol, o menu pode promover alimentos reconfortantes, enquanto bebidas refrescantes podem ser destacadas em um dia de calor recorde. Esses menus aumentaram em 3% a 3,5% as vendas no Canadá.
- Análise de tendências: com os dados gerados, a McDonald’s consegue entender o desempenho individual de cada restaurante, assim como as melhores práticas que um estabelecimento pode compartilhar com outro. Da qualidade da comida ao design do drive-thru, os dados são usados para manter uma experiência consistente ao cliente.
Principais destaques desta matéria
- Empresas devem sair de projetos pilotos de Inteligência Artificial (IA).
- Até 2024, tecnologia já deve estar operacionalizada dentro das companhias.
- Confira 4 cases de como diversos setores usam a IA para transformar os negócios.
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