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Inovação disruptiva requer distanciamento corporativo

3 minutos de leitura

CEO da Embraer-X, Daniel Moczydlower, conta como a empresa foi bem-sucedida nessa disciplina e aponta próximos passos



Por Redação em 17/04/2024

O maior desafio que a fabricante de aeronaves Embraer enfrentou no campo da inovação foi o fato de a empresa em si já ser inovadora desde o seu início. Afinal, quando nasceu, a empresa foi a única grande fabricante de aviões do hemisfério Sul. “A inovação é o que explica a Embraer estar viva e forte hoje”, afirmou ao Próximo Nível o CEO da Embraer-X, braço da empresa para inovação, Daniel Moczydlower, durante o Web Summit Rio 2024.

A Embraer-X foi criada justamente para proteger os investimentos em inovação disruptiva. Essa proteção é necessária porque num ambiente de priorização de investimentos, os aportes em tecnologias com potencial disruptivo acabam sendo despriorizados, por terem maior risco. A solução que a Embraer adotou foi criar um braço empresarial para proteger esse tipo de investimento.

A ideia de criar uma empresa à parte foi inspirada pelo professor Clayton Christensen, autor do livro “O Dilema da Informação”. De acordo com ele, geralmente as empresas grandes ficam para trás na inovação, por essa necessidade de despriorizar investimentos de alto risco. Ele cita o exemplo da Kodak, que ficou obsoleta com o advento da fotografia digital. “Nenhuma empresa tinha melhores condições de acessar esse mercado do que a Kodak, mas eles não avançaram com isso”, afirma o executivo da Embraer-X.

A ideia, segundo o acadêmico, é ter uma unidade de negócios distanciada do core business, que tenha uma certa proteção para experimentar esses negócios de alto risco e incerteza. A maioria dos projetos, estatisticamente, não vai em frente, mas um deles pode mudar a história da empresa. O case da Embraer-X é quase uma demonstração na prática de que isso pode ocorrer.

O segmento de inovação, Embraer-X, foi estabelecido em 2017, incubando inicialmente um projeto de mobilidade aérea urbana. Este projeto evoluiu para um spin-off, a Eve, criada em 2020. Em 2022, a Eve realizou um IPO avaliado em US$ 2 bilhões, valor esse quase equivalente ao da própria Embraer.

Outras empresas podem se beneficiar deste tipo de estratégia, desde que seja o desejo da empresa atuar em inovação disruptiva, na visão do executivo. 

Eve promete revolucionar mobilidade urbana aérea

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Foto: Divulgação/Embraer

A Eve é uma subsidiária da Embraer, focada no desenvolvimento de soluções de mobilidade aérea urbana e regional, com ênfase em veículos elétricos de decolagem e aterrissagem vertical (eVTOL). A empresa busca revolucionar o transporte aéreo com aeronaves elétricas e autônomas, visando oferecer alternativas sustentáveis, eficientes e acessíveis para a sociedade, para deslocamentos urbanos e interurbanos. 

Além do desenvolvimento de aeronaves, a Eve também está envolvida na criação de infraestrutura e serviços para apoiar a integração desses veículos no espaço aéreo e na sociedade em geral, contribuindo para uma nova era na aviação e na mobilidade urbana.

IA e descarbonização nos próximos passos

O CEO da Embraer-X pontuou que o uso da Inteligência Artificial é um dos assuntos prioritários na companhia para os próximos anos. Segundo ele, a tecnologia ainda está no início e por isso ainda não se sabe muito bem para onde ela vai. Mas garante que a IA já venceu a condição de hype e é bastante revolucionária, chegando até a mudar a forma com que a empresa opera. 

Outro tema prioritário é a descarbonização da aviação. A empresa tem várias linhas de pesquisa sobre isso, a depender de cada perfil de cliente atendido. Está sendo considerado desde o uso de bateria elétrica – que é o caso da Eve –, que é para veículos com poucos passageiros e distâncias curtas, até o uso de hidrogênio para aviões maiores, seja célula de combustível ou queima de hidrogênio.

No tema da inovação, a Embraer trabalha com três horizontes. O chamado horizonte 1 é o core business da empresa, onde há inovação primordialmente em processos. Neste horizonte há maior controle do risco e retorno. No chamado horizonte 2, a empresa aplica tecnologias conhecidas em mercados novos, ou atua em mercados consolidados com tecnologias novas. E o horizonte 3 é o da disrupção, que é tocado pela Embraer-X. 



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