Entrar em uma loja de roupas virtual e experimentar diversos modelos usando um avatar, escolher as melhores frutas da estação em um hortifruti que oferece uma experiência imersiva ou comprar itens exclusivos, que só existem na unidade da marca no metaverso. Será este o próximo nível do varejo?
Alguns especialistas acreditam que sim e que, quanto mais as empresas investirem na nova dimensão dos negócios, melhores serão os seus resultados e reforço de marca.
Segundo uma pesquisa do Kantar Ibope Media, 6% dos brasileiros (ou quase 5 milhões de pessoas) que usam internet já transitam por alguma versão do metaverso. O levantamento pontua que “a convergência dos mundos físico e digital trará oportunidades para as marcas quando o assunto é marketing, pois 78% dos usuários de ambientes virtuais preferem ver anúncios relacionados ao conteúdo dos sites que visitam”.
O estudo também aponta que algumas empresas estão de olho nesse novo comportamento de consumo e, em função disso, têm feito experiências virtuais para o lançamento de produtos. Um exemplo é a Brahma, que criou um bar dentro do servidor Cidade Alta, do jogo GTA, para estrear a bebida Brahma Duplo Malte Long Neck.
Como as marcas podem se beneficiar do metaverso?
Várias organizações estão criando ambientes virtuais para proporcionar aos seus clientes essa experiência imersiva. Isso, contudo, não representa necessariamente o conceito de metaverso.
Um exemplo disso foi a criação, pela Dengo Chocolates, de uma loja virtual com um serviço de streaming, que permitia que o cliente conversasse com um especialista ao vivo que estava na loja física. A novidade surgiu em um período ainda crítico da pandemia, com muitos comércios fechados, e a empresa buscou inovar para atender aos seus clientes da melhor maneira.
Embora a solução tenha sido uma grande inovação, o ambiente criado não se enquada no conceito de metaverso, mas sim como uma transmissão sob demanda feita a partir de uma loja física, localizada em um shopping center na cidade de São Paulo (SP).
O que é metaverso?
Então, antes de entender as vantagens e desafios desse novo ambiente virtual, vale compreender o que é, de fato, o metaverso.
O conceito diz respeito a um ambiente de realidade aumentada, capaz de proporcionar aos usuários uma experiência sensorial verdadeiramente imersiva, semelhante à vivenciada no mundo real. Quem já esteve em um parque temático, como a Disney ou Universal, certamente já teve uma experiência similar em diversas atrações que envolvem simuladores.
Mas, fora do universo de entretenimento e lazer, o metaverso, na verdade, ainda não alcançou todo o seu potencial. Afinal, suas aplicações ainda estão em fase de desenvolvimento e há um grande caminho pela frente, que depende do avanço tecnológico e, principalmente, da maior conectividade.
Como funciona o metaverso para o varejo?
Partindo do princípio de que a ideia é fazer com que o usuário virtual se sinta em um ambiente real, o varejo pode trazer várias experiências interessantes, que contribuem para a fidelização do consumidor.
O conceito é de que ele entre na loja, interaja com os produtos de seu interesse e com os vendedores, esclareça dúvidas e concretize a compra.
Isso vale para os mais diversos segmentos de negócios. Confira, a seguir, algumas grandes redes varejistas que já apostam na tendência.
1. Forever 21
A marca tem uma loja na plataforma de jogos online Roblox, que oferece produtos digitais exclusivos. Dentre eles está um dos itens mais vendidos – uma touca de inverno, em versão virtual – que, em função de seu sucesso, acabou sendo incorporada à coleção para lojas físicas.
2. Metaverse Fashion Week
O game Decentraland também inclui espaço para a construção de marketplaces, por exemplo. Atuando com pioneirismo no setor de moda, a plataforma anunciou, em março de 2022, a primeira Metaverse Fashion Week. O evento, com desfiles de avatares, showrooms e palestras, aconteceu inteiramente no mundo digital.
3. Natural da Terra
A rede Hortifruti Natural da Terra lançou uma nova experiência imersiva em realidade virtual e aumentada, desenvolvida em parceria com a startup Ava Creative, com o apoio da Fábrica de Startups. Para quem mora na cidade do Rio de Janeiro, a solução pode ser acessada presencialmente, com o uso de óculos de realidade virtual, na unidade do Leblon. Mas também há o acesso remoto, por meio do seu site.
4. Nike
Nikeland é a plataforma da Nike, onde seus usuários (ou seus avatares) podem praticar esportes, usar itens da marca e até criar seus próprios minigames.
5. Ralph Lauren
A empresa estreou no metaverso com uma coleção exclusiva de roupas digitais de gênero neutro, na Roblox. O objetivo, segundo a marca, é se envolver com a próxima geração de consumidores.
6. Renner
Neste caso, a experiência não foi voltada ao consumidor, mas sim aos colaboradores. A rede criou uma cidade virtual no metaverso, inspirada em Atlântida (ou Atlantis), cuja lenda aponta inúmeras inovações e avanços tecnológicos, para sediar sua convenção anual.
7. Walmart
A rede varejista também está se preparando para o metaverso, com uma loja onde os usuários podem selecionar itens, comprar virtualmente e receber em casa.
8. Zara
A rede de lojas de moda criou seu próprio metaverso, chamado Zepeto, para lançar seu conjunto exclusivo de roupas virtuais.
O Zepeto possui avatares tridimensionais e mais de 2 milhões de usuários diários, tornando-se um dos espaços virtuais de rápido crescimento no último ano.
Com essa iniciativa, a Zara – cujo principal público é formado por mulheres na faixa etária de 13 a 24 anos – deu um passo à frente na introdução de roupas do metaverso, permitindo facilidades para a compra de itens digitais com a moeda nativa da própria plataforma virtual.