No ranking de mobilidade sustentável do Banco Mundial, o Brasil ocupa a posição 52 em um total de 183 países. Esse ranking avalia alguns quesitos, como acesso universal à mobilidade, segurança, eficiência e sustentabilidade. “Existe um grande desafio para o Brasil melhorar seu desempenho nesse setor e a tecnologia de redes de comunicações 5G poderá contribuir para este desenvolvimento”, diz o advogado e consultor em Direito do Estado, com foco no Direito Regulatório da Comunicação, nas áreas de tecnologias, mídias e telecomunicações, Ericson Scorsim.
Em entrevista ao Portal do Trânsito, o especialista destacou que a aplicação da tecnologia 5G para o setor de logística e transportes traz inúmeras vantagens, como a melhoria da segurança veicular e da segurança no trânsito. Afinal, a tecnologia 5G e a internet das coisas (IoT) possibilitarão a comunicação veicular, em várias frentes: veículo a veículo, veículo com seu entorno ambiental, veículo com a indústria, veículo com a sinalização pública, entre outros.
“Sensores com visão computacional farão alertas aos motoristas sobre possíveis riscos de colisão, detectando a aproximação de outros veículos e ou pedestres, ciclistas ou motocicletas, caminhões, ônibus ou problemas nas vias”, ressalta. Scorsim também destacou que a tecnologia 5G habilitará sistemas de realidade aumentada e realidade virtual, que permitirão mídia embarcada dentro dos veículos, transmitindo informações em tempo real.
“Dessa forma, falhas mecânicas ou elétricas poderão ser detectadas pelos sensores instalados nos veículos, o que facilitará os serviços de inspeção. Além disso, sensores medirão a eficiência energética dos veículos”, aponta, lembrando outros benefícios da IoT.
Futuro inclui veículos autônomos e transporte público inteligente
Os veículos autônomos já são uma realidade, em termos de tecnologia, mas precisam do 5G para serem implementados. “Talvez, devêssemos falar em carros semi-autônomos, ou seja, um veículo com piloto automático, utilizado em circunstâncias excepcionais, sob o controle do motorista ou de uma unidade central”, comenta Scorsim.
Segundo o especialista, no momento a alternativa mais viável é a aplicação de veículos autônomos em áreas controladas, como caminhões que operam na mineração ou veículos agrícolas.
Mas, no setor de transporte de cargas, a tecnologia 5G é um grande diferencial para o monitoramento de frotas, contribuindo para a segurança no transporte de cargas, com informações mais precisas em tempo real. “A tecnologia possibilitará um sistema de melhor videomonitoramento das frotas e o rastreamento de cargas. Percebo que a tecnologia poderá contribuir para programas de sustentabilidade ambiental do setor de transporte, com o monitoramento do consumo de combustíveis e a definição de rotas de logística, por exemplo”, cita Scorsim.
Em relação ao transporte público, o especialista cita que o 5G vai viabilizar a implantação de diversas tecnologias, como internet das coisas, inteligência artificial, big data, machine learning e analytics, que poderão contribuir para a eficiência dos sistemas de transporte coletivo de passageiros.
Além disso, os transportes compartilhados tendem a funcionar melhor, com a integração dos dados. “O ecossistema 5G poderá ampliar ainda mais novos modelos de negócios de transporte por compartilhamento, seja de cargas ou de pessoas. Com a inteligência artificial e o monitoramento em tempo real do deslocamento urbano será possível avaliar novas demandas de mobilidade”, destaca.