Morreu na noite de ontem (16) em São Paulo o jornalista Ethevaldo Siqueira, considerado o precursor da cobertura especializada em tecnologia e telecomunicações do Brasil. Ele tinha 90 anos e sofria de leucemia.
Ethevaldo foi o primeiro repórter brasileiro destacado exclusivamente para cobrir assuntos de telecomunicações, na criação do Ministério das Comunicações, em 1968. Na época, ele era repórter do jornal O Estado de São Paulo, onde depois também foi repórter especial, editor, colunista e blogueiro durante 45 anos, consolidando um nicho de cobertura jornalística até então novo no país.
Além do Estadão, Ethevaldo colaborou na Rádio CBN, Revista Veja e outras grandes mídias, e fundou a primeira mídia dedicada à cobertura de tecnologia e telecomunicações do Brasil, a RNT (Revista Nacional de Telecomunicações).
Ele também escreveu vários livros e participou ativamente da formação de muitos dos jornalistas que atuam na mídia segmentada de TI e telecom.
Legado do mestre do jornalismo de tecnologia
O jornalista Renato Cruz – autor de livros como “O desafio da inovação : A revolução do conhecimento nas empresas brasileiras” e “TV Digital No Brasil” é um dos discípulos de Ethevaldo e declarou ao Próximo Nível:
“O Ethevaldo foi um grande mestre e um grande amigo. Pioneiro do jornalismo de tecnologia no Brasil. Escreveu grandes reportagens internacionais e teve papel essencial na defesa da quebra do monopólio e da privatização do Sistema Telebrás. Apoiou gerações de jornalistas em sua trajetória profissional. Eu sou um deles. Fui seu aluno e orientando na ECA/USP e tive a honra de iniciar a minha carreira na Revista Nacional de Telecomunicações (RNT). Deixa muita saudade”.
A também jornalista Jackeline Carvalho, fundadora e editora do portal IPNews, foi aluna e depois estagiária do Ethevaldo Siqueira e nos disse:
“O Ethevaldo foi meu professor no curso de jornalismo na ECA-USP e uma espécie de ‘padrinho’ na cobertura jornalística especializada em tecnologia. Foi com ele que comecei a cobrir este setor, ainda como estagiária da Revista Nacional de Telecomunicações (RNT). Ethevaldo sempre será um grande mestre para todos neste setor. Nos deixa órfãos de sua cultura e gentileza”.
Contemporâneo de Jackeline, o jornalista Nelson Valêncio lembra:
“Eu fui aluno do Ethevaldo Siqueira, na ECA-USP, na década de 1990. Ele era um visionário e falava de muitas coisas que, na época, a gente considerava sonho. Então fui aluno e depois colega dele, sempre ativo em feiras do setor. Fui editor de uma revista bem técnica de telecom, chamada Rede@Telecom, e um dia recebi o convite do consulado de Israel para uma viagem àquele país. Era um tour com jornalistas do mundo inteiro e quem indicou a revista? Ele mesmo, o Ethevaldo. Ele era o convidado original, mas como já tinha ido à Israel várias vezes, fez a indicação da revista”, disse. “Mas a história mais marcante dele para mim vem de um colega de faculdade que recebeu o trabalho entregue ao Ethevaldo com uma observação do tipo “não concordo com quase nada do que você escreveu, mas está muito bem argumentado”. A nota do trabalho? Nove. Esse era o Ethevaldo”.
Ethevaldo Siqueira deixa esposa, dois filhos, cinco netos e uma bisneta. O velório e o enterro serão nesta segunda-feira (17.10), das 14h às 16h em Ribeirão Preto – Velório Samaritano (Rua Flávio Uchôa 998, Campos Elísios) e Cemitério da Bom Pastor às 16h (Avenida das Lágrimas, SN).