Diagnósticos mais ágeis e precisos, qualidade de vida, acesso à medicina preventiva, entre outros aspectos, são os benefícios da saúde digital. Mas a tecnologia vai muito além, permitindo desde a melhor gestão de empresas do setor e hospitais, até mais eficiência no uso dos recursos.
A saúde digital compreende a aplicação de recursos tecnológicos, como Internet das Coisas (IoT), Inteligência Artificial (IA) e aprendizado de máquina, para otimizar o atendimento, oferecer serviços integrados e acompanhar toda a jornada do paciente. O termo, que vem ganhando cada vez mais espaço nos debates sobre o futuro da medicina no Brasil, é uma tendência na saúde mundial.
Navegue pelo conteúdo por meio dos links abaixo.
- Mas afinal, o que é saúde digital?
- Como surgiu o conceito de saúde digital?
- Quais os benefícios das novas aplicações?
- 1. Prontuário Eletrônico do Paciente (PEP)
- 2. Monitoramento contínuo
- 3. Automação de processos e cloud
- 4. Ampliação do acesso
- 5. Dados mais precisos
- Educação é um dos desafios da saúde digital
- Programas governamentais
- Avanços tecnológicos x desafios éticos no monitoramento da saúde
Mas afinal, o que é saúde digital?
De acordo com o Ministério da Saúde, o termo abrange o uso de diferentes tecnologias para viabilizar soluções como e-Saúde, Telemedicina, Telessaúde e Saúde Móvel. As aplicações incluem a melhoria do diagnóstico, o automonitoramento, ações de educação para profissionais de saúde e prestação de serviços remotos.
Para a Organização Mundial da Saúde (OMS), a saúde digital é definida como um campo de conhecimento e prática associada com o desenvolvimento e o uso de tecnologias digitais na saúde.
Essa é uma área em constante desenvolvimento, que utiliza tecnologias da informação e comunicação (TICs) para melhorar a saúde e o bem-estar das pessoas, além de ampliar o acesso aos serviços – como ocorre, por exemplo, nas teleconsultas, o que viabiliza que indivíduos de diferentes localidades sejam atendidos sem a necessidade de deslocamento.
A saúde digital abrange uma ampla gama de ferramentas e serviços, desde aplicativos e dispositivos vestíveis até sistemas de prontuário eletrônico e telemedicina.
Como surgiu o conceito de saúde digital?
O conceito de saúde digital (ou e-saúde) não é recente. Desde 2012 a Organização Mundial da Saúde (OMS) já havia divulgado um pacote de estratégias (National eHealth Strategy Toolkit) prevendo a utilização de recursos de Tecnologia de Informação e Comunicação (TIC). Depois, em 2019, a organização iniciou a elaboração da sua Estratégia Global de Saúde Digital.

Quais os benefícios das novas aplicações?
Segundo a Aliança Brasileira da Indústria Inovadora em Saúde (ABIIS), as inovações trazem benefícios em todas as áreas de saúde, indo do diagnóstico mais preciso à melhor gestão dos recursos. Confira!
1. Prontuário Eletrônico do Paciente (PEP)
O PEP permite unificar as informações de cada paciente, de forma que os profissionais de saúde consigam fazer uma avaliação mais eficiente de seu histórico, riscos, uso de medicamentos, entre outros detalhes. Isso contribui para a precisão dos diagnósticos e melhor prognóstico dos tratamentos.
2. Monitoramento contínuo
A IoT e os biossensores são aliados no diagnóstico do paciente, oferecendo um acompanhamento das condições clínicas, sem exigir que o paciente pare as atividades do dia a dia e vá até a instituição de saúde. O armazenamento de dados online possibilita a avaliação médica de forma remota.
3. Automação de processos e cloud
A automação simplifica a gestão e o controle de custos, bem como o armazenamento de dados em nuvem. A tecnologia de cloud computing facilita o acesso remoto de informações e permite que as instituições gastem menos com equipamentos e também com energia elétrica para manutenção dos bancos de dados.
4. Ampliação do acesso
A tecnologia permite que a população tenha acesso mais rapidamente a determinados serviços de saúde ou especialidades médicas, além de um segundo diagnóstico, que em muitos casos é considerado determinante para a continuidade do tratamento.
5. Dados mais precisos
O registro de dados médicos permite estratégias para a saúde preditiva. Um exemplo é a análise de determinadas populações e suas características. Com dados precisos, é possível prever riscos para certas doenças, o que viabiliza o seu rastreamento e tratamento precoce.
Educação é um dos desafios da saúde digital
A telemedicina começou a ser usada durante a pandemia, para viabilizar os atendimentos durante o lockdown. Porém, em 2022 ela foi regulamentada, pela Lei 14.510.
No entanto, ainda há desafios, como o fato de muitos usuários terem dificuldades para utilizar aplicativos de saúde disponíveis em smartphones e tablets.
De modo geral, a educação é fundamental, tanto do lado do profissional de saúde que utiliza os recursos, quanto por parte dos pacientes que precisam lidar com as novas tecnologias.
Programas governamentais
Segundo o Ministério da Saúde, o governo brasileiro tem intensificado esforços para modernizar o Sistema Único de Saúde (SUS) através de programas de saúde digital. Iniciativas como o “Meu SUS Digital”, anteriormente conhecido como Conecte SUS, representam o avanço na busca por um sistema de saúde mais integrado, eficiente e acessível. Instituído pela Portaria nº 1.434 do Ministério da Saúde em 2020, o programa visa a informatização e a integração dos dados de saúde dos cidadãos entre estabelecimentos de saúde públicos e privados.
Em janeiro de 2024, o Conecte SUS se tornou o Meu SUS Digital, ampliando suas funcionalidades com a integração de tecnologias como inteligência artificial e análises preditivas para apoiar a tomada de decisão em saúde pública. A plataforma permite o acesso a informações como histórico de vacinação, resultados de exames, medicamentos prescritos e outros dados relevantes, facilitando o agendamento de consultas, o acesso a serviços de telemedicina e o monitoramento da saúde por meio de dispositivos móveis.
Além do “Meu SUS Digital”, outras iniciativas importantes incluem a Estratégia de Saúde Digital para o Brasil 2020-2028 e o Programa SUS Digital. Segundo o Ministério da Saúde, a criação da Secretaria de Informação e Saúde Digital (SEIDIGI) demonstra o compromisso do governo em utilizar a tecnologia para fortalecer o SUS e melhorar a saúde da população.
Avanços tecnológicos x desafios éticos no monitoramento da saúde
A crescente popularização de tecnologias portáteis, como smartwatches, tem revolucionado o monitoramento da saúde, oferecendo dados em tempo real sobre diversas métricas. No entanto, essa evolução tecnológica traz consigo desafios éticos e práticos que demandam atenção. Especialistas alertam para o risco de fomentar uma sociedade excessivamente preocupada com saúde, onde a obsessão por números e métricas pode gerar ansiedade e preocupações desnecessárias.
De acordo com a Sociedade Brasileira de Informática em Saúde, além do impacto psicológico, a precisão e a confiabilidade dos dados gerados por esses dispositivos são questionáveis. Fatores como movimentação, sudorese e variações na fisiologia individual podem levar a imprecisões, resultando em interpretações errôneas e diagnósticos inadequados. A falta de um padrão internacional para integrar esses dados nos sistemas de saúde dificulta o uso dessas informações no atendimento clínico, comprometendo a continuidade do cuidado.
Para o Conselho Federal de Medicina, a privacidade e a segurança dos dados também são preocupações essenciais, uma vez que a coleta e o armazenamento de grandes volumes de informações pessoais exige medidas rigorosas de proteção contra vazamentos e uso indevido. A falta de regulamentação e padronização pode expor os usuários a riscos, comprometendo a confiança na saúde digital.