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pix drex Da esquerda para a direita: Bruno Diniz, Marcelo Martins, Pedro Bramont e Gustavo Cunha Borges (Foto: Divulgação – Febraban Tech)

Pix, Drex e Open finance formatam um novo mercado financeiro

3 minutos de leitura

Tecnologias são complementares e estão criando um novo ambiente digital para o sistema bancário brasileiro



Por Rodrigo Conceição Santos em 26/06/2024

O Brasil fechou 2023 com 40 milhões de consentimentos de clientes ao open finance. No ano anterior, eram pouco mais de 18 milhões. O dado demonstra que o brasileiro está aderindo à solução, mas também que há margem para crescimento. Para especialistas da fintech Iniciador, do Banco Inter e do Banco do Brasil, novos serviços e funcionalidades digitais devem proporcionar esse crescimento, apesar de o open finance não ser uma face visível para o usuário.

A transferência inteligente é uma das apostas. Considerada como uma primeira camada de programação do PIX, ela consiste na possibilidade de fazer qualquer tipo de transação de forma automática. Segundo Marcelo Martins, CEO da Iniciador, um exemplo seria o cliente autorizar o banco X a usar o seu saldo do banco Y e, com isso, realizar um pagamento de taxa bancária do banco Z. 

Iniciação de pagamentos e outros avanços

A iniciação de pagamento é outra aposta de Martins. Ele explica que, ao invés de usar o Pix copia e cola, por exemplo, esse serviço permitirá que um marketplace acesse direto os dados do banco, agilizando a compra. 

Antes mesmo disso, e já disponível, o PIX recorrente é outro serviço baseado em open finance, e permite ao usuário fazer até 60 autorizações de transações em valores fixados por um período válido de dois anos.

“Diferente do PIX, que é transacional e, portanto, um produto que o usuário final precisa entender, o open finance é uma estrutura de mercado e, por isso, o usuário não precisa entendê-lo. As instituições financeiras e fintechs precisam é que precisam entender para, então, focar nos benefícios do open finance, como a possibilidade de usar os dados do cliente para melhorar a oferta de crédito”, explica.

O Iniciador é uma infratech, ou seja, uma fintech de infraestrutura para open finance, focada tanto em ajudar instituições a se adaptarem à solução quanto em habilitar empresas a se enquadrarem nela.

Como estrutura, o open finance tem sido visto nos casos de oferta de crédito, até o momento. Mas ele vai avançar para gestão de conta, score, on boarding e outras soluções, pois, dada a sua natureza [de uma solução interna das instituições] há um time to market até que os serviços cheguem ao usuário final”, explicou.

“O Pix é face intuitiva”

Pedro Bramont, diretor de Meios de Pagamento e Serviços Bancários do Banco do Brasil, avaliou que o PIX é intuitivo, na medida em que usa uma chave para transações que pode ser o CPF, o e-mail ou telefone, que são mais simples de serem transmitidos do que os números de agência e conta bancária.

“Achávamos que o PIX seria adversário de outros meios de pagamentos digitais e, hoje, vemos que ele veio muito mais para diminuir as transações em dinheiro e cheque”, diz. “Quando vemos os usos do PIX, seja pagando um boleto ou mesmo em transferências entre contas, e até com a oferta de crédito à medida que percebemos que esse cliente não tem saldo, vemos que ele gera negócios”, detalhou. 

pix drex
Pedro Bramont, diretor de Meios de Pagamento e Serviços Bancários do Banco do Brasil (Foto: Divulgação – Febraban Tech)

Por isso, acredita o executivo do BB, o PIX, junto com o Open Finance e o Drex, vão transformar o mercado financeiro brasileiro.

PIX, Drex e Open Finance

De forma prática, Marcelo, da Iniciador, resumiu que o PIX, o Drex e o Open Finance estão interligados e são complementares. “O PIX é a camada transacional, o open finance a camada de pagamentos e o Drex a camada de tokenização de ativos”, disse. 

No caso deste último, o usuário final também não terá contato direto e está convencionado que a “dor” não está no modelo de tokenização de ativos proposta pelo Drex, mas sim na política.

Para Gustavo Borges, do Banco Inter, carros e imóveis são os principais ativos de interesse para o avanço do Drex hoje, e o que foi classificado como questão política, diz respeito à adesão dos órgãos responsáveis por suas documentações de posse. “Será que o cartório vai querer colocar os imóveis ali? Será que o Detran vai colocar os automóveis?”, questionou. 

Gustavo Borges, do Banco Inter (Foto: Divulgação – Febraban Tech)

Para os três especialistas citados, que estiveram em painel durante o Febraban Tech 2024, a resposta é sim. Afinal, historicamente, os entraves políticos costumam ser vencidos pelo avanço tecnológico.



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