Robôs estavam presentes em cerca de 500 lojas, mas resultado não foi o esperado. Apesar disso, tecnologia ainda pode beneficiar o varejo.
Adotar uma tecnologia apenas porque ela é tendência pode, no fim, não se mostrar algo tão bom para um negócio. Veja só o exemplo do Walmart. A rede varejista norte-americana decidiu interromper o uso de robôs capazes de escanear prateleiras e atualizar o estoque. As informações são do site The Verge.
Os robôs são um dos maiores exemplos de automação. Porém, ainda não há certezas sobre a taxa de sucesso que essa tecnologia pode trazer para as empresas. No caso do Walmart, a rede descobriu que os humanos conseguem fazer o mesmo trabalho que as máquinas. Em especial no momento singular vivido em 2020 quando uma parte considerável da operação migrou para o digital.
A Walmart possui cerca de 500 lojas nos Estados Unidos e todas contavam com um robô para realizar a função de analisar o estoque. Esse investimento em inovação começou lá em 2017, numa parceria com a Bossa Nova Robotics, uma startup de robótica.
À época, a rede chegou a dizer que o objetivo da parceria era introduzir robôs para eliminar “tarefas repetíveis, previsíveis e manuais”. Já no início deste ano, a startup especializada no segmento varejo ainda chegou a anunciar uma possível expansão para 1 mil lojas da varejista.
O que não aconteceu.
Por que a Walmart desistiu de robôs?
Não estão claros os motivos do Walmart desistir da parceria com a Bossa Nova Robotics. No entanto, uma publicação no site do jornal The Wall Street Journal deu a entender que os humanos tinham os mesmos resultados de produtividade que os robôs.
Outro motivo seria a crise sanitária provocada pelo novo coronavírus. Como muitas pessoas passaram a comprar mais on-line, a varejista descobriu que “havia uma maior frequência dos funcionários andando pelos corredores para buscar os produtos solicitados por um pedido”, destacou o jornal.
Em resumo, todas as funções dos robôs instalados nas lojas poderiam ser feitas pelos próprios colaboradores, que continuaram trabalhando como “assistentes pessoais de compras” no período em que os estabelecimentos foram fechados por conta da pandemia.
Além disso, o The Wall Street Journal destacou a preocupação do presidente-executivo do Walmart nos Estados Unidos, John Furner, com os robôs. O executivo questionava o que os clientes poderiam pensar ao ver a tecnologia na prática dentro das lojas.
O que vai muito na contramão da Stop & Shop, outra rede varejista. Em fevereiro deste ano, o Mundo + Tech publicou sobre Marty, robô da companhia. A tecnologia não tem nenhuma outra função a não ser a de alertar os colaboradores que um corredor está sujo.
A Stop & Shop ainda foi criticada quando, naquele mês, decidiu celebrar o aniversário de um ano do robô, com direito a bolo, balões e lojas decoradas.
O que robôs podem fazer pelo varejo?
Muita coisa! E talvez o principal benefício seja o de coletar dados para aprimorar as operações, produtos e serviços. Por exemplo, ao entender o padrão de compras do cliente, as varejistas conseguem aumentar a eficiência e a precisão no gerenciamento do estoque.
Como destaca um artigo do site Harvard Business Review, o uso de robôs em lojas pode ser a oportunidade de coletar dados. Porém, essa inovação terá mais sucesso quando a tecnologia é integrada a um ecossistema de Internet das Coisas (IoT).
Isso vai exigir uma rede complexa de dispositivos, objetos e sensores conectados, que vão reunir um grande volume de dados. Assim, as varejistas conseguem analisá-los na nuvem ou por meio da computação em borda (sabia mais deste assunto aqui).
Porém, o primeiro passo, segundo a publicação da Harvard Business Review, é justamente investir na adoção de robôs. Equipados com sensores, eles podem transformar as imagens capturadas em métricas e insights para os varejistas, por exemplo.
Outro caso de uso é a varredura contínua dos corredores. Avaliar os estoques de prateleira pode revelar as preferências do consumidor por determinado produto. Isso porque o robô pode ser capaz de identificar quais estão diminuindo e quais precisam de uma reposição mais rápida.
Já quando integrado à Inteligência Artificial, um robô pode ir além e ele mesmo realizar um pedido de reposição de estoque ao fornecedor.
Claro, são alguns exemplos hipotéticos, mas que, com planejamento e estratégia, podem trazer aos varejistas modelos de negócio baseados em modelagem preditiva e baseados em uma melhor experiência do cliente.
Por sinal, o cliente deve ser o foco. À medida que os ciclos dos produtos se aceleram, os varejistas devem se tornar ainda mais ágeis na identificação de tendências no comportamento do consumidor para produzir, distribuir e fornecer os bens e serviços que ele deseja.
Principais destaques desta matéria
- Robôs podem automatizar diversas tarefas dentro de estabelecimentos varejistas.
- Mas o investimento pode não trazer o resultado esperado. A Walmart, rede varejista norte-americana, viu que humanos conseguem fazer as mesmas coisas que a tecnologia.
- Porém, isso não significa que a tecnologia é inútil. Confira alguns exemplos de como robôs podem ser usados no setor.
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