Febraban Tech 2024 Febraban Tech 2024
esg financeiro Da esquerda para a direita: Tania Cosentino, Adalgisa Pires (de pé) Marisa Reghini, Ana Carla Costa e Raquel Possamai (Foto: Reprodução/Microsoft Brasil via X – antigo Twitter)

Setor financeiro abraça o ESG para inclusão cidadã e econômica no País

5 minutos de leitura

Mulheres líderes de grandes corporações debatem sobre a essencialidade do ESG no setor financeiro, fomentando impacto positivo ao meio ambiente e inclusão social



Por Rodrigo Conceição Santos em 27/06/2024

A pesquisa Febraban de Tecnologia Bancária 2024, realizada em parceria com a Deloitte, mostra que os bancos e demais agentes do ecossistema financeiro têm duas principais frentes ESG e ambas demandam tecnologia. A primeira é a oferta de produtos e serviços inclusivos e a outra envolve as ações dessas organizações para a inclusão cidadã e econômica do Brasil.

O assunto foi tema de painel no Febraban Tech 2024, conduzido por quatro mulheres líderes de grandes corporações. Com o tema O ESG no mercado financeiro para a promoção da Inclusão Cidadã e Econômica no Brasil, elas mostraram que, além de conectadas entre si, as frentes ESG se tornaram core nos negócios.

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Da esquerda para a direita: Raquel Possamai, diretora-executiva da Embratel para o Mercado Financeiro; Marisa Reghini, vice-presidente de Negócios Digitais e Tecnologia do BB; Tania Cosentino, presidente da Microsoft no Brasil e Ana Carla Costa, vice-presidente de novos negócios da B3 (Foto: Reprodução/Microsoft Brasil via X)

O debate foi mediado por Raquel Possamai, diretora-executiva da Embratel para o Mercado Financeiro, que pontuou que a empresa, como corporação que atua nos principais mercados, inclusive o financeiro, desenvolve as suas soluções já considerando uma abordagem verde, que apoia as companhias a melhorarem as suas operações ao mesmo tempo em que avançam nas suas metas de sustentabilidade.

ESG nas corporações e nos mercados

“A Embratel, como organização, tem como uma de suas responsabilidades levar a hiperconectividade, por meio de redes corporativas fixas, móveis ou satélite, para habilitar o uso de tecnologias, como a inteligência artificial e a internet das coisas, na busca pela maior inclusão cidadã e econômica no Brasil”, disse Raquel.

Segundo ela, as melhores práticas ESG estão presentes desde os data centers verdes até projetos com o mercado financeiro e com todos os setores da economia. “O ESG também está nos projetos com os governos, possibilitando que alunos e professores se mantenham conectados, e nas cidades, desenvolvendo infraestruturas inteligentes que melhoram a vida dos cidadãos e incluem as diferentes parcelas da sociedade, entre outros”, completou.

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Tânia Cosentino, presidente da Microsoft no Brasil, pontuou que o ESG é amplo e tem nas tecnologias os apoios para que cada empresa entregue o seu compromisso. “O setor financeiro está entregando soluções específicas nesse sentido, com base em inteligência artificial para ajudar na jornada de governança, em antifraude, proteção cibernética e outras questões necessárias para manter o mais elevado padrão de ética e de código de conduta”, disse. 

Além de governança, a executiva explicou que players de mercado como a Microsoft têm compromissos ambientais elevados, focados na redução global das emissões de carbono e isso se estende aos seus clientes. A big tech tem o compromisso de ser neutra nas emissões de gases de efeito estufa até 2030. E até 2050, busca reduzir todo o carbono já emitido em sua trajetória como empresa.

Importância do desenvolvimento social

Para os clientes, a empresa fundada por Bill Gates desenvolveu soluções como a calculadora de emissões, que leva os workloads para a sua nuvem para mostrar o quanto eles estão reduzindo a sua pegada de carbono. “Quando falamos de ESG, contudo, vemos muita atenção ao G (governança) e ao E (ambiental). O S (social), por vezes, fica esquecido, e isto não pode acontecer”, advertiu Tânia.

Nesse sentido, a Microsoft conduz ações como uma parceria com a B3 que utiliza inteligência artificial para educação financeira.

Ana Carla Costa, vice-presidente de novos negócios da B3, explicou que a solução se chama Bora Investir e visa educar os investidores que estão começando no mercado de capitais. Em outras palavras, é uma ação inclusiva, à medida que amplia o acesso às soluções de investimentos. “A IA é utilizada para fazer curadoria de todas as informações da B3, orientando os investidores iniciantes a entenderem o mercado”, disse.

A B3, segundo Ana, tem dois chapéus ESG. O primeiro é como empresa listada, de capital aberto e que é uma das principais responsáveis pela infraestrutura do mercado financeiro do Brasil. Nesse aspecto, ela precisa aplicar as suas próprias práticas sustentáveis. “Na posição de corporação, vemos o ESG nas suas três dimensões como uma prioridade corporativa. Inclusive, ele foi atrelado às metas dos executivos, o que inclui aumento da representatividade feminina na liderança e aumento da diversidade racial no quadro de colaboradores, por exemplo”, disse. 

Ana Cláudia detalhou que, atualmente, há quatro mulheres, dentro de um quadro de 11, no conselho de administração da B3. “Há pouco tempo, fui a primeira e única mulher nessa posição, o que mostra que estamos avançando”.

Já o segundo chapéu da B3 envolve a sua representatividade como balizadora/indutora de mercados. Nesse sentido, ela fomenta as práticas ESG nas companhias listadas na bolsa de valores, estimulando tanto aspectos de governança e ambientais, caso do recém lançado Selo de Ações Verdes, quanto os sociais. “Um exemplo, nesse último caso, é o índice de Diversidade da B3 (iDiversa), que evidencia a diversidade como tese de investimentos”, explicou.

Ana informou que a B3 vem desenvolvendo a consciência de que as práticas ESG são parte da metodologia de negócios das empresas, e completou que as tecnologias são ferramentas essenciais nessa jornada.

Tecnologias a favor do ESG

O Banco do Brasil demonstra ter entendido bem o caminho. A instituição governamental foi escolhida por sete vezes consecutivas entre as 100 corporações mais sustentáveis do mundo pela Global 100. Hoje, o banco movimenta uma carteira de créditos sustentáveis que gira em torno de R$ 360 bilhões (o montante representa cerca de um terço da sua carteira total de créditos). “E para operacionalizar e sustentar tudo isso, há muita tecnologia envolvida”, disse Marisa Reghini Mattos, vice-presidente de Negócios Digitais e Tecnologia do BB.

Segundo ela, o banco estruturou uma unidade ESG, que endereça desafios de longo prazo que permeiam as decisões da corporação. Um exemplo é a meta de alcançar 30% de mulheres em nível gerencial. Outro é a missão de avançar na maturidade digital de 17 milhões de usuários até o ano que vem. “Isto é muito importante, pois faremos com que muitos clientes deixem de ir às agências – e consequentemente – reduzam o uso de transportes e emissões”, explicou.

Ainda na esfera social, o BB lançou recentemente o cartão em braile, para facilitar o acesso de pessoas cegas e de visão reduzida. “Outro projeto que tenho muito orgulho é o Hub Financeiro, lançado recentemente no Pará”, disse Marisa. A iniciativa consiste em acordos para fomentar a bioeconomia na Amazônia, prevendo impactar mais de 2 milhões de pessoas na região.

Tânia Consentino, da Microsoft, avaliou que – conforme mostraram a própria Microsoft, a Embratel, o Banco do Brasil e a B3 – as companhias têm e estão avançando em seus planos ESG. Para o futuro próximo, contudo, ela prevê que, além dos planos, as companhias deverão avançar na medição de resultados para melhor avaliar os seus impactos na sociedade e no meio ambiente. “O ESG é uma jornada que requer letramento para todos”, disse.

Na Microsoft, apenas 4% das emissões são diretas, enquadradas nos escopos 1 e 2 do GHG Protocol. Os 96%, por outro lado, vêm da cadeia de suprimentos, o que envolve empresas de todos os tamanhos. “As grandes companhias têm estrutura e direcionamento para seguir as metas de emissões como as nossas. Já os menores, nem sempre conseguem”, disse. Portanto, segundo ela, é preciso pensar que o ESG precisa ser acessível a todos. “O Banco do Brasil, por exemplo, fornece crédito agrícola para o pequeno produtor. Então, precisamos entender cada vez mais como a tecnologia pode ajudar o BB a oferecer créditos que fomentem esse público, para que ele tenha condições de melhorar as suas práticas ESG”, explicou.

Segundo Tânia, dispositivos de internet das coisas, alimentando data lakes e seguidos de analytics para extrair insights, podem dar subsídios importantes, inclusive para municiar inteligência artificial generativa a propor soluções cada vez mais assertivas a questões como as dos créditos a pequenos produtores.

Marisa Mattos, do Banco do Brasil, completou que, hoje, os mercados e o ESG são um ecossistema apoiado pelas tecnologias. “Vejo muito blockchain para o estabelecimento de uma economia tokenizada, inclusive para mapear crédito de carbono. Vejo também a inteligência artificial apoiando no monitoramento de emissões. Enfim, as possibilidades são muitas e teremos de fazer um education para mostrar a importância disso para a sociedade”, disse.

Ana Carla Costa, da B3, lembrou que os bancos e o mercado financeiro – principalmente os brasileiros – sempre foram vanguardistas, desbravadores das novas agendas, e não está sendo diferente com o ESG. Por isso, o setor já começa a se colocar como um dos principais responsáveis em puxar a agenda ESG. “Vejo o setor financeiro muito positivamente porque, além de responsabilidade, tem uma capacidade de execução muito particular, comprovada com sucessos ao longo da história”, concluiu.



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