rodovias do futuro Da esquerda: Pedro Henrique Caramori Veloso, João Del Nero e Marcus Vinicius Benassi Silva

Análise de dados está no horizonte das concessionárias de rodovias

3 minutos de leitura

Tanto Big Data como BIM (Modelagem de Informação da Construção) estão se tornando temas comuns nas conversas entre concessionárias e seus parceiros de tecnologia, como a Embratel



Por Redação em 15/08/2023

Em um encontro que reuniu especialistas do setor e fez conexão com a inovação e a tecnologia, o Rodovias do Futuro, evento da Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias (ABCR), teve como destaque o painel “Big Data: como transformar dados, programas e sistemas em inteligência para as rodovias?”. Nele, executivos da Embratel, CCR e Seal Telecom, mediados por um dirigente da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), foram unânimes em falar da coleta e análise de dados das rodovias como algo que mudará a face do transporte no país.

“Há 4 anos trabalhamos com uma vasta quantidade de informações relacionadas às rodovias, mostrando uma nova era de aproveitamento dos dados no modal”, aponta João Del Nero, gerente regional de vendas da Embratel, que compartilhou insights durante o painel, mostrando, por exemplo, o impacto que esses dados tratados podem trazer para a eficiência operacional das estradas do país.

O executivo revelou que na Embratel tudo começa com o volume impressionante de dados oriundos de 85 milhões de usuários de telefonia móvel – o que representa um terço das linhas operantes no Brasil. “Podemos gerar e analisar as informações de movimentação das pessoas para moldar estratégias voltadas à mobilidade urbana e ao desenvolvimento das rodovias, como prever fluxos de tráfego, otimizar custos e contribuir para um planejamento de rotas mais eficiente. E não fazemos nada individualizado, apenas consolidamos dados massivos, obedecendo às práticas da LGPD”, garante Del Nero.

Partindo do CDR – Call Detail Record, que registra o billing das chamadas, a empresa pode explorar esses dados de mobilidade, criando um panorama das movimentações dos usuários, o que possibilita análises complexas de fluxos, inclusive com divisões por microrregiões. Com uma vastidão de dados – algo como 5 bilhões diários, que registram em um único dia mais de 500 milhões de viagens – é possível ver com precisão os deslocamentos das pessoas em diferentes modais, até as que estão a pé.

Data on the road

rodovias do futuro

A abordagem da Embratel vai além da teoria, envolvendo projetos práticos que impactam diretamente a infraestrutura rodoviária, como nos estudos e análises em parceria com a CCR. Outro exemplo está na criação do Claro Geodata, que analisa a mobilidade urbana de cidades em questão de segundos, usando os dados móveis para oferecer insights valiosos. Del Nero falou ainda de outro uso possível dos dados levantados: em editais governamentais, beneficiando a construção de projetos de mobilidade urbana de forma mais ágil e econômica. 

“Entre as concessionárias de rodovias, as discussões giram em torno da crescente importância dos dados e da tecnologia na otimização das operações e no planejamento estratégico dessas empresas”, como reafirmou Rafael Vitale, diretor-geral da ANTT. Não por acaso, na CCR, a geração de dados se tornou um pilar fundamental para a tomada de decisões e o desenvolvimento sustentável de suas operações. 

“Temos uma perspectiva de que os dados que capturamos se transformem em informações valiosas, tanto que abraçamos o BIM (Building Information Modeling), que é uma ponte para o Big Data, ampliando a análise e o entendimento dos ativos de infraestrutura e permitindo previsões e decisões mais precisas”, garante Pedro Henrique Caramori Veloso, superintendente de engenharia na CCR Rodovias. Ele ainda falou de como o BIM segue diretamente os chamados “5 Vs” – Volume, Velocidade, Variedade, Veracidade e Valor – dos dados que o conectam ao Big Data. A sigla Building Information Modeling Building, ou Modelagem da Informação da Construção, indica um processo criado para gerenciar informações em um projeto de construção em todo seu ciclo de vida.

A projeção da CCR é de que seu investimento em dados abra caminho para a geração de gêmeos digitais – uma forma de representação virtual/digital que mostra, em tempo real, algum objeto, máquina ou processo, fomentando análises preditivas.

BIM ferramental

“Nosso enfoque está no ciclo de vida dos ativos e na geração de informações relevantes que ultrapassem o escopo de um projeto “apenas bem realizado”, aponta Veloso. E ele acrescenta: “o BIM, para nós, não é apenas uma ferramenta tecnológica, mas uma estratégia que promete revolucionar a maneira como nossos ativos de infraestrutura são gerenciados, otimizando os processos e viabilizando o planejamento assertivo”.

A discussão sobre a integração de dados e a tecnologia na gestão de rodovias ganhou perspectiva convergente na fala de Marcus Vinicius Benassi Silva, diretor da Vertical de Infraestrutura e Transportes da Seal Telecom, integradora que implementa dispositivos. E o executivo apontou a relevância da presença de equipamentos e sensores nas rodovias, bem como a importância de sua integração para uma gestão eficiente. “Temos uma infraestrutura importante, a maior da América Latina, e a convergência de informações em tempo real permitirá uma visão completa da malha rodoviária”, conclui.

Ao final, o painel deixou claro que a crescente digitalização e análise de dados não são apenas tendências, mas um movimento que está moldando a forma como as concessionárias de rodovias enfrentam os desafios do presente e se preparam para um futuro mais inteligente e eficiente. “O importante é que temos que ter uma cultura de análise de dados, de data analytics, mesmo antes do setor chegar ao Big Data, para beneficiar as pessoas”, completa Del Nero, da Embratel.


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