Discussões sobre a qualidade de vida das pessoas nas cidades nunca estiveram tão em alta como agora. De acordo com a ONU (Organização das Nações Unidas), até 2050, mais de 70% da população mundial viverá em complexos urbanos. Somado a esta tendência, o “susto” provocado pela pandemia de Covid-19 acelerou setores e atividades da sociedade, como foi o desenvolvimento de cidades inteligentes. Aliás, o tema esteve presente no Web Summit Rio 2023, um dos maiores eventos de tecnologia e inovação do planeta, que aconteceu de 01 a 04 de maio, no Rio de Janeiro.
- Cidades inteligentes no Web Summit Rio 2023
- Contexto das Smart Cities
- Ranking mundial das smart cities
- Cidades Inteligentes no Brasil
Cidades inteligentes no Web Summit Rio 2023
Nomes como Milton Maluhy Filho, CEO do Itaú Unibanco; Bernardo Ivo Cruz, secretário de Assuntos Internacionais de Portugal; Sarah Wilshaw, comissária-chefe do Comércio para Assuntos Globais do Canadá e outros discutiram o futuro das cidades inteligentes durante o evento.
Rebecca Parsons, CTO da Thoughtworks, tratou como e quais organizações estão adotando as melhores práticas e padrões para melhorar o desempenho de sustentabilidade nas cidades.
Já Kathleen Breitman, Co-fundadora da Tezos, falou sobre a utilização de blockchain nas cidades, e como as empresas podem implementar as tecnologias blockchain de maneiras revolucionárias. Yat Siu, co-fundador e presidente executivo da Animoca Brands, também participa desta discussão.
Jose Ulisses Correia e Silva, primeiro-ministro de Cabo Verde, tratou da responsabilidade dos governantes frente à inovação tecnológica. Ele conduzirá a palestra com o tema “Transformando digitalmente uma nação”.
Daniel Moczydlower, CEO da Embraer-X ( braço de inovação da Embraer), também compartilhou a sua experiência de sucesso via inovação aberta, o que envolve, entre outras coisas, os Vtols, que são veículos tripulados de decolagem e aterrissagem vertical. Em outras palavras, são os tão esperados carros voadores, elencados para ser uma das disrupções deste século na mobilidade urbana e, consequentemente, nas cidades inteligentes.
De acordo com Artur Pereira, country manager do Web Summit Rio, “não tem como falar de bem estar das pessoas, sem falar em tecnologia e cidades inteligentes”. Para ele, não existe smart city sem inovação tecnológica. “Consequentemente, tudo está interligado: inovação, tecnologia de ponta, inteligência artificial, dados qualificados e cloud computing”, explica.
O web Summit Rio 2023 reservou uma trilha exclusiva para cidades inteligentes. Ao todo, houve mais de 20 palestras sobre o tema e o Próximo Nível realizou uma cobertura ampla do evento.
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Contexto das Smart Cities
Embora o conceito de cidades inteligentes não seja tão recente, nos últimos anos o assunto entrou no radar dos governos que passaram a buscar mais informações sobre a temática. Cidades como Tóquio, Copenhague, Amsterdã, Barcelona, e Seul já estão em transformação. Elas estão implementando sistemas de informação e dados, monitoramento, tráfego urbano, sinalização, iluminação pública, transportes e tratamento de resíduos.
De acordo com a FGV, mais da metade das cidades europeias com mais de 100 mil habitantes já possuem ou estão implementando iniciativas para se enquadrarem ao conceito de smart cities.
Ranking mundial das smart cities
O relatório Cities in Motion Index, divulgado em 2022, relacionou as cidades mais inteligentes do mundo.
De acordo com o índice, a Europa abriga seis entre as 10 primeiras cidades inteligentes do ranking. Entre as cidades latino-americanas, a melhor colocação é Santiago do Chile (75ª), seguida de Buenos Aires da Argentina (103ª). A Cidade do México aparece na 115ª colocação. Já as brasileiras, São Paulo ocupa a 130ª colocação, seguida de Rio de Janeiro (136ª) e Curitiba que ocupa o 153º lugar. Diante do desenvolvimento internacional, o governo brasileiro divulgou Carta Brasileira para Cidades Inteligentes, que prevê 160 recomendações apoiadas em 8 objetivos estratégicos para a transformação dos centros urbanos em cidades inteligentes.
Cidades Inteligentes no Brasil
O Brasil tem nas regiões sul e sudeste as cidades mais evoluídas do país. De acordo com o Ranking Conected Smart Cities, que avaliou 676 municípios brasileiros com mais de 50 mil habitantes, Curitiba (PR) está no topo da lista, seguida por Florianópolis (SC), e o trio paulista: São Paulo, São Caetano do Sul e Campinas.
Willian Rigon, diretor da Urban Systems, que publica o Ranking Conected Smart Cities desde 2015, explicou a metodologia da pesquisa ao Valor Econômico. Segundo ele, foram avaliados 11 eixos temáticos, considerando 75 indicadores. A avaliação permitia a nota máxima de 70 pontos. Curitiba, apesar de ser a primeira da lista, alcançou somente 38,6 pontos.
Os pontos considerados pela pesquisa são semelhantes aos do Índice de Desenvolvimento Sustentável das Cidades, que acompanha o progresso no cumprimento dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) das Nações Unidas.
Há anos Curitiba é referência em mobilidade, planejamento urbano e meio ambiente. Recentemente, a cidade lançou o projeto que transformou um aterro sanitário desativado em uma Pirâmide Solar que contempla a instalação de 10,5 mil painéis solares fotovoltaicos. A cidade iniciou também um projeto de transformação da rede de iluminação pública, o que resultará na eficiência energética de pelo menos 33% para a cidade.
Recentemente, a cidade de Pindamonhangaba, no interior de São Paulo, recebeu uma certificação de conceito de cidade inteligente, resiliente e sustentável. Com isso, tornou-se o segundo município do país com o status de smart city nesse tipo de avaliação. A primeira foi São José dos Campos, também em São Paulo.
Em entrevista ao Próximo Nível, Danilo Velloso, secretário de Tecnologia, Inovação e Projeto de Pindamonhangaba, disse que a implantação do sistema de integração de dados fez toda a diferença no projeto. “Podemos ter acesso a todas as demandas urbanas na palma da mão”, declarou. Segundo ele, na administração da cidade, toda decisão é tomada com base nos dados coletados pelo sistema, resultando em ações mais assertivas nas áreas de saúde, segurança, educação, trânsito, etc. (Leia a entrevista completa aqui)