Na Alemanha, a empresa WindCORES está aplicando o que pode ser considerado um “estado da arte” para a economia digital verde. Trata-se de um data center alocado dentro da turbina de uma torre de energia eólica. Esse data center opera 24×7 e é alimentado pela energia gerada na própria instalação eólica. Em contrapartida, o data center faz o controle digital do funcionamento da turbina e ainda se conecta com outros data centers alocados no próprio campo em nuvem.
O tema foi abordado em artigo escrito por Luis Arís, gerente de Desenvolvimento de Negócios da Paessler América Latina, e publicado em canais de imprensa como o site Infor Channel. O relato é que, em cada turbina eólica da WindCORES, há um data center. E são dezenas deles. “Não ficarei surpreso se, em 2023, encontrarmos aplicações como estas no Brasil”, previu.
A expectativa do executivo se explica pelo avanço do parque de energia eólica do país, que alcançou a marca de 24,13 GW de capacidade de operação comercial em 2022, segundo a Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica). Mais ainda, esse tipo de energia – que é uma das consideradas energias renováveis, junto com hidrelétricas, solares, biomassa e outras presentes na matriz energética brasileira – teria movimentado mais de 321 bilhões de reais entre 2011 e 2022.
Além da sustentabilidade, a economia
Além da redução da pegada de carbono que esse tipo de solução pode proporcionar ao setor de tecnologia – lembrando que os data centers são responsáveis por mais de 2% do consumo de energia global – Aris chama atenção para a economia com custos de energia nos data centers.
Segundo pesquisa da Imex Research, cada rack de servidor consome R$ 150 mil por ano em eletricidade. E a projeção é que esse consumo aumente, junto com o avanço da digitalização das atividades humanas. “Esse novo modo de vida provoca profundas mudanças nos modelos econômicos e ambientais das nações. Na Irlanda, por exemplo, análises do Datacenter Dynamics indicam que a demanda de energia dos data centers aumentou 144% em cinco anos (de 1,2 TWh em 2015 a 3,0 TWh em 2020). A previsão é que os data centers utilizem 27% de toda a demanda de eletricidade da Irlanda em 2029”, disse Aris.
Em seu artigo, além da sugestão de “casamento” entre energia eólica e data centers, o executivo trata da evolução da eficiência energética destes equipamentos, algo que exige desde mudança cultural até aplicação de metodologias de Power Usage Effectiveness (algo como eficácia do uso de energia) e de inclusão de data centers em projetos de smart building (construção inteligente).