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grandes e pequenos Foto: Aldo Barranco/Web Summit Rio via Flickr

O encontro dos grandes com os pequenos

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No Web Summit Rio 2024, startups e grandes empresas unem forças para potencializar a inovação



18/04/2024

Por mais que grandes empresas invistam fortunas em pesquisa e desenvolvimento, muitas vezes a inovação nasce em garagens, fruto da criatividade de jovens empreendedores. As grandes empresas sabem disso e, não à toa, procuram se aproximar do ecossistema de startups por meio de aceleradoras, programas de inovação aberta ou mesmo investimento direto, através de fundos corporativos de venture capital. Em sua segunda edição, o Web Summit Rio consolidou a sua vocação de ser um evento que une esses dois mundos, o das grandes empresas e o das startups, com o objetivo de potencializar a inovação.

Várias das iniciativas anunciadas durante o evento reforçam esse papel. O governo federal, por exemplo, prometeu a criação de um fundo de investimento em startups. O ministro do Empreendedorismo, da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte, Marcio França, afirmou que o fundo será lançado no segundo semestre e o objetivo é investir em pequenas empresas que tenham soluções que resolvam dores em diferentes  órgãos públicos. Ou seja, além de receber um aporte, a startup vai adicionar o governo federal à sua carteira de clientes. O veículo para o investimento ainda não foi definido, mas o BNDES é um dos candidatos naturais.

A Claro e a Embratel, por sua vez, anunciaram a abertura das APIs do Open Gateway de graça para startups. A ideia é descobrir novos casos de uso para as três primeiras APIs lançadas: uma para verificação de troca recente de SIMcard (Sim Swap), outra para verificação de número telefônico, e uma terceira para confirmação de localização do aparelho – todas servem, principalmente, para o combate a fraudes nos processos de onboarding e de transações em apps financeiros e de varejo. As startups terão direito a até 1 mil requisições em cada API por mês de graça durante seis meses.

O Magazine Luiza aproveitou a oportunidade para promover a sua recém-lançada oferta de nuvem pública, que pretende atender, justamente, o mercado de pequenas e médias empresas, que hoje compõem a maior parte dos parceiros em seu marketplace digital.

Maturidade da IA generativa

Um ano atrás, na primeira edição do evento, o mundo inteiro ainda estava sob o impacto da chegada da inteligência artificial generativa e de seu principal expoente, o ChatGPT. Era um dos assuntos mais quentes do Web Summit Rio, que também alimentou muitos medos e incertezas. De lá para cá, houve um amadurecimento significativo na compreensão sobre essa tecnologia e seus impactos. Muitas empresas que um ano atrás estavam tateando a IA generativa, agora já a incorporaram no seu dia a dia.

O Nubank, por exemplo, afirmou que está entrando agora em uma nova etapa da sua história, em que todo o seu desenvolvimento de produtos é pensado com inteligência artificial em primeiro lugar, ou “AI first”. A IA generativa está sendo aplicada como copiloto em praticamente todas as áreas do Nubank, da engenharia ao atendimento ao cliente, disse seu CTO, Vitor Olivier, em palestra no Web Summit Rio.

Uma das tendências em IA generativa que comprova esse amadurecimento é a de construção de modelos fundacionais proprietários por parte das empresas, a partir da sua base de dados. Em geral, são modelos menores que os LLMs mais populares, porém, muito mais assertivos e eficientes para a realidade de cada empresa. Novamente, o Nubank é um dos que aposta nessa estratégia.

Empoderamento feminino

Notável também no Web Summit Rio foi o fortalecimento do empreendedorismo feminino. O Banco do Brasil mostrou um estande enorme, dedicado exclusivamente à participação feminina no mundo da tecnologia. “Essa é a minha missão de vida”, disse a vice-presidente de desenvolvimento de negócios digitais e tecnologia da instituição financeira, Marisa Mattos.

O governo federal, além do fundo de investimento em startups, anunciou o lançamento de um programa de crédito para pequenas e médias empresas, cujo limite de teto é maior para aquelas lideradas por mulheres, chegando a 50% do seu faturamento anual, enquanto para empresas geridas por homens o limite é de 30%. “A razão é que as mulheres são melhores pagadoras”, justificou o ministro França.

Em suma, a julgar pela programação deste ano do Web Summit Rio, o futuro da inovação estará nas mãos de startups comandadas por mulheres e com muitas aplicações de IA generativa.

*Fernando Paiva é editor da Mobile Time



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